I - Vou ser um gennin
Achimi Sakumo
Na cama quente e aconchegada o Estudante da Academia acordava ainda de madrugada, erguendo-se estica os braços para se esperguiçar abrindo a boca, rapidamente colocando a mão na frente desta. Foi tomando a rotina habitual, penetrou com as mãos no meio dos cortinados azuis e arredou-os de seguida num movimente deslizante de ferro estes revelaram a névoa matinal que havia lá fora. Caminhou como um carangueijo se move para trás, virou-se e abriu a porta que dá acesso à casa de banho, entrou e despiu-se acabando por se enfiar na banheira pronto para um duche matinal.
Já seco caminhou para as suas roupas do dia-a-dia, vestiu-se e abriu a porta do quarto. Saí para a sala que ficava a meias com a cozinha, onde tomava o pequeno-almoço todas as manhãs, sozinho. Certas manhãs recordava-se de como eram os pequenos-almoços com os pais, das discussões continuas e dos gritos que quase eram rugidos de duas feras, esta manhã não foi excepção e ao lembrar-se pensava sempre,
Ainda bem que os matei. Não era frio nem rancoroso, mas Sakumo nunca se arrependia do que tinha feito.
Pegou na Katana que até agora estava encostada à cadeira e prendeu-a num cinto, nas costas. Agarrou num pergaminho e num pequeno estojo esfarrapado antes de abrir a porta para sair em direcção à Academia Ninja de Kirigakure. Com as mãos nos bolsos caminhou pela névoa pura ao contrário de si, os habitantes começavam agora a acordar para mais um dia na vila das névoas no país das águas. Algum tempo a caminhar chegou finalmente ao destino, entrou e como sempre era o primeiro a chegar, apenas se encontrava o sensei que Sakumo suspeitava não dormir, ou se dormia era dentro da Sala.
- Ohayou Sakumo-kun.
- Ohayou Kamari-sensei.
- Como sempre bastante sedo não é? Tens de dormir mais rapaz.
- Dormir é uma perda de tempo, e acho que o sensei concorda comigo, certo? – Respondeu-lhe para salientar que o sensei chegava sempre primeiro que ele. Kamari não respondeu.
Virou costas e foi-se sentar no lugar do costume, lá bem no topo da sala, numa bancada adjacente às janelas da rua, mas este sentava-se no lado oposto da janela perto da escadaria que separava a bancada do meio. Ao fim de algum tempo os colegas começaram a chegar , um a um ou em grupos pequenos entravam-se e sentavam-se nos respectivos lugares. Kamari ergueu-se dando sinal que todos os estudantes para ninja tinham chegado. Fez a chamada um por um e voltou-se para o quadro onde pegou num pequeno cilindro branco e começou a falar ao mesmo tempo que escrevia.
- “E-xa-mes Gen-nin”. – Soletrou cada silaba ao escrever. – O ano está quase a acabar e como sempre muitos de vocês vão ser promovidos a Gennins. Para isso têm de mostrar o valor nas próximas duas semanas, vamos começar pelo primeiro teste surpresa. – Soletrou novamente. – “Vou... ser... um... Gen-nin”, quero que escrevam um texto com este título, podem escrever o que quiserem sobre o tema, mas tenho atenção ao que escrevem, vai ser uma prova importantíssima para a decisão de quem se torna ou não Ninja este ano.
Iam passando pela secretária de Kamari e depositando as composições que se amontoavam num dos cantos desta, a folha que se encontrava de baixo de todas era a se Sakumo que rapidamente entregara a composição. Assim que todos abandonaram a sala Kamari virou as folhas ao contrário e começou a ler a primeira. No topo havia um nome, Achimi Sakumo, e depois no canto inferior direito uma seta a que o sensei percebeu que indicava para virar a folha. O Chuunin fez isso e leu:
“No outro lado da página escrevi o que para mim representava ser um Gennin, isto é, um gennin treina e luta pela paz, daí a cor branca e as letras miudinhas com o meu nome, isto para mostrar a a paz naquela página, é para isto que vou lutar quando me tornar Gennin, depois Chuunin, Jounin, Anbu, Kage.”
- Sem dúvida um texto deveras interessante. – Pensava Kamari enquanto colocava um certo na folha, tinha passado no primeiro exame.
A névoa da manhã já havia sido transformada em orvalho e o Sol cobria agora o terreno do recreio da Academia Ninja de Kirigakure. Sakumo jogava jogos físicos com os colegas de anos anteriores, bem mas novos que eles. Os da sua idade pareciam não gostar muito dele.
- Olha lá o Sakumo-kun a jogar com os putos.
- Pois, a minha mãe contou-me histórias terríveis sobre ele.
- O mesmo a mim, os meus pais contaram-me que ele matou os próprios pais a sangue frio com uma faca.
- Que horror, que mente é capaz de uma coisa dessas?
- Não sei, vamos tentar falar com ele?
- Achas mesmo, ainda acabas morto ou assim.
- Ou mesmo sem a cabeça.
- Aaaah, não digas disparates, isso assusta.
- Só espero que ele não se torne Gennin.
- Eu também não quero isso, vai ser um problema para a vila.
- Ele nunca devia ter entrada para a Academia.
Kamari-sensei veio à porta da Academia e chamou os seus alunos que desde logo caminharam para a porta em fila, Sakumo foi o último a entrar com alguma distância dos seus colegas. Voltou a sentar-se no seu lugar da bancada junto à escadaria e esperou que Kamari falasse. Como seria de esperar os testes iam continuando a ser feitos consecutivamente ao que todos os estudantes aguardavam pela próxima tarefa.
- Bem, o próximo exame é a realização de pelo menos um clone aqui em baixo em frente à turma, têm de mostrar uma boa execução de selos e boa concentração de chakra. Vou chamar por ordem alfabética, Achimi Sakumo.
- Fogo, sou logo o primeiro, como sempre. – Queixou-se Sakumo para si próprio. – Bunshin no Jutsu!
Toda a turma abriu a boca.
- Mas que...?!?