O sol brilhava alto no País do Rio. Selim acordou de um sonho estranho, sobressaltado. Sonhara com um companheiro da Academia. Muito raramente sonhava com pessoas, a maior parte delas eram vanidade ambulante, afinal de contas. Mas este era diferente. Tal como ele próprio, ele perdera o seu pai. Mas este rapaz, não só era mais velho que ele, como também era mais alegre, ou pelo menos assim se lembrava dele.
Já passara uma semana desde o confronto com Daitsu.
Ouviu um ruído. Um rogaçar, como se de passos se tratasse. Não pensou duas vezes, decidiu pôr-se a andar o mais rápido possível. Afinal, já era esse o seu plano. Pôs a foice às costas e partiu.
Enquanto andava pela floresta, sentia a cada momento a sombra que o seguia. Tirou a foice das costas, como se estivesse cansado de a levar às costas, e pô-la na mão. No seu reflexo brilhante viu Shinzo.
À sua frente estava um shinobi de cabelos negros e olhos acastanhados. A marca no seu hitaite era estranha, e nunca tinha visto nada igual.
- Estás preso por invadir o território de Kuraigakure.
- Não era minha intenção, desculpe – ironizou o Genin – pede desculpa ao responsável quando o vires no Inferno.
E com isto avançou, de foice em punho em direcção ao Shinobi desconhecido. Este puxou rapidamente da ninjaken e avançou. Rapidamente trocaram golpes, e o tinido de aço repercutiu-se na clareira onde estavam. Em circunstâncias normais, o Genin teria perdido rapidamente. Mas ele já não era o rapaz indefeso e assustado de Suna, era um shinobi com objectivos muito claros, embora Suna ainda lhe conviesse. Todo o seu treino e experiência se reflectiram num golpe certeiro no braço do adversário. Ou assim pensou, até este se desfazer em fumo.
Atrás de si surgiu o shinobi, aplicando-lhe um potente pontapé, que o mandou para longe. O Genin agora irritado levantou-se com prontidão, apenas para travar o fio da ninjaken a centímetros do seu pescoço. Afastou o shinobi empregando toda a sua força, para logo contra-atacar com um shunshin, pontapeando violentamente o seu inimigo, sem grande efeito, contudo, pois este apenas foi empurrado cerca de 1 metro, talvez menos. Em poucos segundos já estava de pé e furiosamente as suas mãos se moviam.
- Suiton: Mizurappa!
Violentamente, uma torrente de água foi expelida da boca do shinobi, acertando se Selim, que se desfez em pétalas. Estas flutuaram sem rumo aparente em torno do shinobi, que as fitou espantado. As pétalas rodopiaram cada vez mais rápido, até que com brusquidão e rapidez se juntaram atrás do ninja de cabelos negros, formando a figura do jovem Genin. Embora o esforço tenha sido grande, o seu oponente bloqueou o ataque da terceira lâmina, mantendo as outras duas afastadas de si. Com um movimento violento, Selim puxou a foice para baixo, para que a sua primeira lâmina, a mais comprida acertasse no ombro do shinobi. Este por sua vez afastou-se com um shunshin, por isso o golpe não foi fundo.
Selim ofegava com todo o esforço feito até então, afinal as provas de força eram tudo menos o seu forte.
- Já cansado? – gozou o oponente – sempre pensei que um ninja das orgulhosas “Grandes Nações” não pudesse ser ultrapassado. Isto só prova o quão inútil é o vosso orgulho.
- Idiota, achas que o meu orgulho vem de pertencer a uma vila? Achas que todos partilhamos os ideais idílicos da “Mãe Vila”?! – calou-se bruscamente ao pensar que Shinzo poderia ainda estar à escuta – Não, estás enganado. Se assim fosse, não temerias também parecer mal visto junto do teu querido Kawakage, por perder com um Genin de Suna. Isso não te torna tão vão como eu? – perguntou olhando para o seu próprio Hitaite, amarrado ao cinto, por ter sido rasgado pelo nukenin com quem lutara.
O homem de cabelos negros fitou-o assustado, como poderia aquele miúdo saber do temor que lhe acorrera a meio da batalha?
- Se bem que o medo de cobras é pior não é? Seres desprezáveis, rastejantes – parou um pouco para gozar do efeito que as suas palavras produziam no homem à sua frente - Mas o que temes mesmo é o fogo. Sim, teme-lo certamente.
O homem aterrorizado pelas palavras do rapaz avançou a toda a velocidade para o Genin. Este achou que já concentrar chakra suficiente, e projectou a sua vontade de matar para o adversário. Este parou subitamente, paralisado pelo medo. Tomado pelo sentimento grotesco que emanava do rapaz à sua frente. Era absolutamente inconcebível que uma criatura tão minúscula pudesse reprimir tanto ódio dentro de si. A resposta era simples, não podia. Concluindo isto agarrou numa kunai e espetou-a na coxa. O medo cessou instantaneamente, mas tardara demasiado. Agora à sua frente estava não um, mas três Selims. Os clones atiraram-lhe kunais, que se multiplicaram em pleno ar. Sendo ele também um utilizador de água, a técnica não lhe era estranha, e desviou-a sem dificuldade.
Desapareceu eu pleno ar, apenas para aparecer atrás dos clones.
- Warida! – exclamou enquanto os cortava.
À sua frente, sentado numa árvore, estava Selim, batendo palmas com uma expressão de plena indiferença. O shinobi não tolerou isso, e rapidamente fez selos enquanto concentrava chakra. Depois a água emergiu da sua boca, rodando velozmente sobre a palma da sua mão. Com um grito de fúria, atirou-a a Selim, que apanhado desprevenido caiu da árvore. Enquanto se levantava, apoiado no tronco, o seu inimigo espetou-lhe a ninjaken no ombro esquerdo. Selim fitou-o com ferocidade, enquanto segurando a foice com uma só mão tentava atingir o ninja, que se desviou sem dificuldade
- Pronto! Agora esse braço é inútil!
- Achas? – riu Selim – penso que estás enganado.
E com isto rasgou toda a manga que lhe cobria o braço esquerdo, e rapidamente fazia selos. O seu adversário, dando já a vitória por garantida não observou atentamente o suficiente. O fio de sangue da ferida que causara em Selim escorria-lhe agora pelo braço, passando pelo meio de uma tatuagem preta.
- Merda. NÃO!
- Kuchyiose no Jutsu!
O corpo cilíndrico surgiu na clareira. O tom da sua pele era de um verde doentio e os eram amarelos e venenoso.
- Schneizel, temos um pequeno problema
- Estou a ver – sibilou Schneizel – vou ver o que posso fazer.
- Mas cuidado – rogou olhando para a serpente – um dos maiores medos dele são as cobras – enquanto dizia isto, ria maliciosamente em direcção à cobra, com o símbolo vermelho no olho em destaque.
- Compreendo – disse a cobra olhando para o ninja.
Nesse mesmo instante, projectou a sua vontade de assassínio para o humano à sua frente, que se viu a ser devorado pela serpente à sua frente. Enquanto isso, Schneizel avançou, pronto para fincar os dentes na carne do homem à sua frente. Mas a vontade sobrepôs-se ao medo, e este mordendo o lábio com força, quebrou a ilusão, e afastou-se da cobra com um shunshin. Enquanto se afastava atirava shurikens desenfreadamente ao animal. Selim interpôs-se, e com a sua foice desviou a maior parte das armas arremessadas. Mas uma delas atingiu de facto Schneizel, que ciciou de fúria.
A serpente fitou o shinobi, com fúria no olhar. Mas Selim foi mais rápido, com alguns selos, aproveitou a humidade deixada pelo jutsu do adversário, e conjurou um nevoeiro.
O shinobi de Kuraigakure pôs-se em posição, com a espada em punho, atento ao mínimo som dos seus inimigos. Foi então que viu uma vez mais a visão da morte, e sentiu frio. Viu uma cobra a ser invocada à sua frente, e tentou atacá-la, sem sucesso. Lembrou-se da invasão da sua aldeia, e do medo que tivera daqueles cinco indivíduos.
- Chega! – bradou – KAI!
As imagens desvaneceram-se, mas o nevoeiro ficou, espesso.
“Estranho “ , pensou , “ o nevoeiro devia desaparecer com o Kai.
Viu o Genin de Suna a avançar para si. Travou o fio da sua foice com a ninjaken, o ataque não tinha força empregue, talvez o Genin já estivesse cansado. E foi então que o fitou nos olhos, e no esquerdo viu um desenho avermelhado.
De repente, já não estava em qualquer clareira, mas em frente ao Kawakage, e este condenava-o à morte por lhe ter falhado. Gritou. Gritou a plenos pulmões, em desespero absoluto. De repente apercebeu-se da impossibilidade da situação, mas com o temor foi incapaz de neutralizar a alteração no fluxo de chakra. Agarrou uma kunai, e ainda dentro da ilusão agarrou uma faca, preparando-a para se cortar. O Kawakage agarrou-lhe o braço, impedindo-o de se cortar. Mas não foi o Kawakage quem lhe agarrou a mão, mas Selim. Com um movimento rápido, aplicou uma pancada na nuca do homem com o bastão da foice, que o fez cair inconsciente no chão.
Assunto: Treino 3 - Kaeshõ 
Dom 20 Jun 2010 - 16:04
