Dokizune Kamui
Treino 4 - Tatuagens
Acordei bem cedo, ainda de madrugada acho eu. Estava de noite ainda, mas nem me preocupei com as horas. Fui ao quarto de Tsubame, verificar se ela ainda dormia, estranhamente já tinha saído de casa e desta vez tive curiosidade em ver as horas. Cinco e meia da manhã. Perguntei-me onde andaria Tsubame àquela hora. Nunca cheguei se quer a procurar uma resposta com os meus botões, alguém batia à porta.
─ Ohayou, Kamui –kun. – Disse-me Urki, o tatuador que tinha capturado numa missão há cerca de dois dias. Parecia amistoso, o que era estranho depois de o ter capturado.
─ Bom dia Urki-san.
─ Hoje vou-te fazer as tatuagens, para amanhã de tarde começares a treinar os teus jutsus. – Disse-me Urki retirando o material da sua bolsa que me deixou um pouco assustado. – Segundo Kiba, tens de fazer uma tatuagem de uma bússula no pulso esquerdo do lado da palma da mão e tens de fazer um pássaro na omoplata direita.
─ Gosto da ideia, só não me agrada que seja o Kawakage a decidir onde são as tatuagens. A final o corpo é meu. – Protestei eu contra Kiba, que era pouco mais velho que eu apesar de ser muito mais forte. ─ Mas vá, se tem de ser, tem de ser.
Estava em tronco nu no sofá, senti-me desconfortável com a situação. Para mim, a minha nudez era algo privado para mim. Não gostava nem um bocado de me expor assim, mas como tinha dito antes, se tem de ser, tem de ser. Esta é uma frase que vão ouvir muitas vezes de mim, não é que me orgulhe dela nem das características que esta me define. Continuando, pelo que percebi Urki concentrou chakra na sua pistoleca de metal, esta começou a emitir um ruído que não me agradou, parecia uma mosca a zumbir, avançou com a agulha para a minha pele. Senti uma dor enorme e lacerante, percorriam várias lágrimas invisíveis pela minha cara. As minhas dores no pulso estavam a sufocar de agonia, nunca pensei que fazer uma tatuagem tivesse esta dor toda. Comecei a ver a dor manifestar-se no meu pulso, um líquido vermelho acompanhava os traços negros, era o meu sangue que fervilhava na pele.
Acabou-se a tatuagem no pulso, a bússula estava completa, mas o que não acabava eram mesmo as dores, pensei em mim como um mariquinhas. Urki colocou-me uma espécie de penso na tatuagem e deixou ficar. Logo de seguida não me deixou descansar, preparou-se para me desenhar o pássaro na omoplata. Pedi-lhe educadamente para não fazer o pássaro muito grande, novamente estava a ser mariquinhas e a fugir às dores. Desta vez parece que já estava habituado, senti muita dor na mesma, mas menos do que na bússula, talvez por não conseguir ver a omoplata. O facto de não a ver, não queria dizer que não sentisse o sangue a escorrer-me pelas costas.
Foi uma manhã para esquecer, esperei que no dia seguinte valesse a pena os jutsus que ia aprender.
[Dia Seguinte]
Fui o primeiro a chegar ao local de treino combinado. Os ninjas que iam lá estar era eu, Urki – ao que parece Kiba-sama convidou-o a ver as suas obras-primas ganharem vida – , Kiba e ainda um outro ninja do Rinbu. O seu nome verdadeiro não me fora revelado, mas podia trata-lo como Binla Den-san.
Ao mesmo tempo chegaram os três ninjas que acabei de pronunciar. O Kawakage caminhou logo para mim cumprimentando-me.
─ Bom dia Kiba-sama. Que técnicas vou aprender?
─ Apenas duas. Vamos começar então?
─ ‘Bora.
─ Tanseijutsu – Sumi Tori. – Disse Binla Den-san. – Esta técnica faz com que o teu pássaro tatuado saia do teu corpo e penetre no teu adversário. Vai-te fazer alguma dor, mas com o tempo fica normal. A mesma dor vai ser atribuída ao teu adversário, quando o pássaro se incrustar na pele. Mas se quiseres o pássaro não se chega a integrar, a vantagem é que ele fica no teu inimigo sem este sentir, e podes chama-lo de volta quando quiseres. Basta concentrares chakra na tatuagem e fazeres estes selos. – O Ribun falou tão rapidamente que me confundi, mas decidi tentar.
Comecei por concentrar o meu chakra na omoplata, onde se encontrava a tatuagem do pássaro. Depois, muito rapidamente executei todos os selos que Binla Den-san me tinha mostrado e de seguida esperei que o pássaro saísse do meu corpo. …Mas nada.
Voltei a concentrar chakra na omoplata e fiz a mesma sequência de selos bem rapidamente. Desta vez gritei fortemente, o pássaro estava a sair do meu corpo. Era como se me arrancassem uma boa porção de carne a sangue frio. Gritei, caí de joelhos sem forças, mas tinha completado a técnica. O pássaro de tinta voava em direcção a Kiba, ficando-lhe na pele mas não se incrustara.
─ A desvantagem de não o incrustares na pele, é que pode ser facilmente retirado. – Disse Kiba. De novo gritei em agonia com as goelas bem acesas.
─ Não te preocupes, vais acabar por te habituar. – Disse-me Binla Den-san. – Agora que o Kawakage-sama, tem a tatuagem dentro de si, consegues saber a sua localização usando a bússula tatuada. Basta concentrares um pouco de chakra, e fazer estes selos. De seguida, é só olhares para o ponteiro que ele indica-te a localização da pessoa que tem a tua tatuagem. Atenção esta técnica só funciona a um quilómetro entre os dois.
─ Hai!. – Disse eu, comecei logo a concentrar o chakra novamente. Foquei mais o chakra no pulso do que da ultima vez na omoplata. Ao ficar preparado, fiz uma sequência de selos rápida. Foi então que abri a boca de espanto. O ponteiro da minha bússula tatuada rodou infinitas vezes em poucos milésimos de segundo, até que parou apontando exactamente na direcção de Kiba-sama. – Tanseijutsu, Rashinban Fainda completo! – Gritei contente por o meu treino estar a fazer progressos.
[Um pouco mais tarde, depois de treinar as técnicas várias vezes]
─ Ainda te doi bastante quando o pássaro te sai da pele. Precisas de treinar a resistência. – Disse Urki que até agora não tinha falado, estava fascinado com as suas tatuagens a ganharem vida. – Se Kiba me permitir, peço-te que faças trinta flexões.
─ Permito sim, faz trinta em séries de dez Kamui.
─ Hai! – Tinha os braços cansados, de fazer tanto selo, mas mesmo assim não desisti da minha tarefa. Deitei as mãos ao chão e comecei a levantar-me a descer. - …Nove… Dez! – Disse ao acabar as primeiras dez com muito esforço. Voltei logo ao chão para fazer mais dez. Caí na décima nona flexão, mas não desisti, mesmo cansado continuei e fiz as duas últimas. Estava já sem forças, mas se tem de ser, tem de ser. Esta frase simples podia ser simples, mas ajudou-me muitas vezes, e esta não foi excepção. Demorei trinta minutos a completar as últimas dez, cheio de suor, dores nos braços e já sem força alguma. Mas acabei.
─ Desculpa Kamui, mas tens mesmo de treinar ainda mais. Usa aquela árvore como alvo e faz lançamentos de shuriken.
─ Hai! – Nas últimas horas, só sabia dizer “Hai”. Retirei um grupo de Kunais do bolso e atirei uma rajada ao alvo. Das cinco que projectei, duas falharam redondamente, passando ao lado da árvore. Talvez pela falta de força com que estava. Voltei a pegar em cinco shurikens, levei-as atrás da cabeça e com uma empurrão para a frente atirei-as contra o tronco. Desta vez, só uma falhara a árvore. Estava com esperanças de acertar na terceira tentativa. Voltei a pegar em cinco Shurikens e sem fazendo a mira de raiva atirei-as, acertei com todas na árvore.
─ Está bem, está bem. – Disse-me Binla Den-san. O Kawakage Kiba já se tinha ido embora, certamente tinha algo mais que fazer do que aturar um ninja de meia tigela. – Não conheço as tuas técnicas Kamui, executa-me um Ninjutsu, um Taijutsu e um Genjutsu se não te importares.
─ Claro que não me importo. – Importava-me pois, estava cansado e quase sem chakra.
Não interessa, se tem de ser, tem de ser. Comecei a concentrar o chakra pelo corpor, e fazendo uma série de selos com as mãos executei o ninjutsu que mais facilmente executava, para não gastar muito chakra. Duas cobras de terra erguiam-se e prendiam as pernas de Binla Den-san, sem força. Este facilmente as quebrou.
Desta vez concentrei chakra na cabeça, para executar o Sushii no Genjutsu. Rapidamente criei uma Kunai ilusória que passou perto da cabeça do ninja, este olhou para as minhas mãos e percebeu que eu não a tinha atirado.
─ Era este o Genjutsu? – Perguntou-me.
─ Sim. – Com cansaço corri para ele a fim de lhe mostrar o meu taijutsu, a técnica chamava-se Rankaken e estava prestes a mostrar-lhe o Gangeki, um soco altamente poderoso, que precisava de ser treinado para ser mais eficaz. Puxei o braço atrás e tentei acertar-me, mas caí para a frente no chão ao falhar. Urki e Binla Den-san tinha usado um shunshin e foram-se embora dando o treino por concluído. – Ao menos avisava que se ia embora em vez de me estatelar no chão. – Protestei aborrecido. – Meti-me de pé e concentrei a última gota de chakra, executei um shunshin bastante rápido para recolher as Shurikens e fui para casa tomar banho e relaxar.