Kaoru acordou-me com um abanão.
- Vamos, já nos chamaram para treinar há algum tempo, eu já tomei banho, despacha-te, que espero por ti.
- Hai hai – confirmei enquanto me preparava.
Tomei um duche rápido e dirigi-me com Kaoru para os campos de treinos. Estava já um chuunin à espera.
- Hoje vamo-nos dedicar a conhecer os vossos parceiros e não há melhor forma do que um combate inicial. Dirijam-se a campos diferentes e comecem.
Fomos até um campo, onde não pudéssemos ver os outros.
- Ikkuso, Selim- kun.
- Hai, Kaoru-kun.
Saltei agilmente sobre ele, lançando algumas kunais. Com alguns selos e chakra multipliquei-as no ar. O meu inimigo levantou uma mão, e todas as facas de água se desfizeram nisso mesmo, água. Depois desembainhou velozmente uma espada branca e bloqueou as outras.
Projectei a minha vontade de assassinar para ele. Kaoru parou no lugar, desta vez, paralisado. Caí atrás dele e desembainhei Asura. Tentei cortá-lo, ao desferir um golpe horizontal. Mas o rapaz acordou da ilusão e colou-me a mão à cara, como se fosse acariciá-la, enquanto a espada lhe roçava já a roupa. Ao sentir o perigo, cessei o ataque e concentrei chakra, desfazendo-me em pétalas, enquanto uma chama azul incinerava o sítio onde a minha cara tinha estado momentos antes. Que raio?
Surgi alguns metros à frente, enquanto as pétalas se reuniam num pequeno turbilhão. Do turbilhão saíram disparadas imensas serpentes. Kaoru ergueu a espada branca alto, que entoou uma melodia horrível. As cobras pararam no ar, enquanto os meus próprios braços pareciam derretar, ao som da melodia infernal. Tentei em vão regular o fluxo de chakra, mas ao terceiro “Kai” lá consegui. O rapaz de cabelos cinzentos já estava sobre mim, então. Juntei as mãos nalguns apressados selos, enquanto moldava uma esfera de chakra, envolvendo-nos a ambos, ou melhor, atravessando Kaoru.
A espada esbranquiçada caiu, enquanto o que a empunhava se contorcia com dores. Aproveitei a oportunidade e enrolei-o numa enorme cobra branca, comprimindo-o depois. Num golpe certeiro, decepou a cobra , que desapareceu em fumo, mas não sem me manchar o kimono de sangue.
- Estás tão feito.
- Quero ver isso – riu ele.
Concentrei chakra e fiz selos, correndo velozmente para ele, mostrando-lhe as palmas das mãos enquanto saltava. Sem aquelas mãos não podia absorver chakra, certo? Preparei-me para o socar, mas quando o fiz o rapaz abriu a boca estupidamente, cuspindo um endan flamejante que não me cozeu por pouco. Afastei-me de um shunshin do homem à minha frente. Levantei a venda e deixei-o olhar para o meu olho esquerdo, embora tal me causasse dores acutilantes. Projectei então para ele a ilusão com os seus piores medos, os seus pesadelos. Em seguida, concentrei chakra no punho e abri-o, libertando um sabre de trovão. Kaoru ergueu a mão no último momento e engoliu-o.
- Que raio é isso? – protestei enfurecido.
- Meiton - riu ele agradavelmente.
O meu adversário ergueu a espada mais uma vez, num grito horripilante que me imobilizou. Depois socou-me com força no estômago, pontapeando-me em seguida contra uma parede rija.
Gaita! Estava a perder, por muito! Mas ainda não era altura para desistir, que vergonha para Seiji se me visse assim. Corri para ele, concentrando chakra e fazendo selos, desaparecendo a alguns metros do rapaz. Do chão ergueram-se troncos e ramos, que o prenderam e do topo da árvore saí eu próprio.
- Apanhei-te – afirmei com segurança enquanto lhe apertava firmemente uma faca no pescoço.
E nisto o meu alvo desfez-se em fumo. Como se sentisse uma vez mais as chamas azuis, substituí-me por um calhau próximo, mas ainda assim fui atingido e mandado ao chão. Quem raio era este rapaz? Não era um Genin normal.
Ouvi uma vez mais aquele berro horrível e quedei-me, esperando o fim. Mas o destino tinha outros planos. Kaoru surgiu à minha frente, enquanto eu regulava o fluxo de chakra, ao fazer com que uma cobra me mordesse a perna. Desviei-me da espada no último momento, concentrando chakra e projectando para ele a ilusão.
Uma enorme esfera de fogo pareceu descer dos céus, ameaçando toda a aldeia. Como incrédulo, Kaoru começou a fugir, apenas para se aperceber segundos depois do ridículo da situação, quebrando-a. E foi então que tudo se me afigurou extremamente simples.O estilo de luta dele baseava-se em defender com Meiton e contra-atacar com ilusões da malvada espada. Nesse caso se conseguisse neutralizar uma delas.
Todas as ilusões me projectavam visões horríveis para a mente, então se deixasse de ver e pudesse atacar de outro modo, ganhava. Então. Puxei a venda para cobrir ambos os olhos e espalhei chakra pelo corpo, contorcendo os braços numa posição inverosímil, imitando o estilo de Seiji.
- Shishin Taijutsu.
Corri para ele, juntando as pernas numa cauda e aproximando-me de onde sabia ele estar. Mal a sua massa de água entrou no meu campo de sentidos, foi decididos. Tentei socá-lo velozmente, mas com chakra espalhado pelo braço, foi como uma chicotada. Kaoru defendeu-se rapidamente, tentando afastar-se. Rapidamente, levantei Asura e fiz o meu chakra correr por ela, projectando a ilusão para ele. Com a orientação invertida, em vez de se afastar de mim, chocou comigo. Prendi-o então com serpentes e ergui-o no ar, paralisando-o com um shikumi em seguida, para que não fugisse.
- Acabou, Kaoru-kun.
- Assim parece, Selim. És genial, como me disseram – afirmou sorrindo.