O Homem Cego
Há a lenda de um homem cego, que não tinha amigos, e nunca tinha feito nada com a sua vida. O seu pai, o Imperador, olhava-o de baixo e questionava-se como um homem tão imperfeito podia ter sangue real. Um dia, o homem cego decidiu provar que a sua honra e poder não provinham da herança, por isso disse a todos da sua vila que iria escalar a mais alta das montanhas, e tudo sem ver o caminho. 300 Anos depois, os habitantes da vila ainda olham para o cume da montanha para ver se ele lá chegou. Não tinham perdido a esperança que ele conseguia.
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Manel vestia-se no quarto do hospital. Estava pronto para sair, enquanto abria a janela do hospital para fugir dali, o médico entrava no quarto.
- Tentativa esperta, hum? O homem cego a saltar da janela… - Diz o médico.
Manel não respondeu, virou a cara de lado de maneira ao médico perceber que este o estava a fitar. O facto de ninguém lhe ver os olhos dava-lhe liberdade para pensar o que quisesse sem dizer nada.
- O senhor vai precisar de um andarilho, ou de uma bengala. Não pode sair assim á rua. – Diz o médico ao entregar uma bengala de madeira polida.
Manel, sem outra opção á vista, agarra a bengala, e tenta tocar com ela no chão. Tentou dar um passo, levantou a perna e no ar tentou encontrar chão com o pé. Era como descer umas escadas sem olhas para os degraus.
- A minha Hitaite? – Pergunta Manel friamente.
- Huh, está aqui senhor. – Diz o médico ao abrir uma gaveta e retirar um pano longo e azul-escuro com uma placa de metal redonda colocada na parte mais larga do pano. Manel agarrou a hitaite e tentou procurar a placa de metal. Ao alcança-la, sentiu o frio do material, tentou com o dedo sentir o decalque das três nuvens unidas, que era o símbolo de Kumo. Larga a bengala e agarra nas duas pontas da hitaite. Leva a placa de metal há testa e sente um arrepio na espinha.
- O senhor não pode, hum… apresentar-se ao serviço, por agora. – Diz o médico.
- Como assim!?
- O ideal era o senhor não lutar uma ou duas semanas, nem utilizar armas brancas como kunais ou espadas.
- Ele é um Shinobi de Kumogakure no Sato. – Dizia uma voz, pelo volume, perto da porta. – Nós não nos deixamos deter por coisas tão inúteis como essas.
- Raikage-sama. Perdão. – Dizia o médico, curvando-se com as mãos unidas.
- Deixe-nos a sós um bocado, se não se importa. Temos uma visita especial. – Diz Denkou Raikage.
Imediatamente depois de o médico abandonar a sala, o quarto enche-se de vozes e barulhos de cornetas e balões a serem empurrados contra a parede. Manel é “atacado” por abraços de pessoas que ele não sabia quem eram, mas não lhe demorou muito tempo a perceber. O “olá” seguido de um forte barulho de sucção era Usumodi Nashi com a sua bomba asmática. As mãos húmidas que lhe agarravam a mão eram da “Ninfa da água”, Kurosu Maka, cuja especialidade era Suiton. O barulho tilintante de metal a achincalhar era de Shokiumoto Komuro, com as suas 10 Kunais presas há cintura, e finalmente, o cheiro a primavera era de Nuraido Kaimi, cuja mãe era dona da maior cadeia de arranjos floris de Kumo e arredores. Esse momento fez Manel ganhar o dia, porém, não podia ver os seus amigos, não podia ver como eles tinham mudado.
- Manel, sabes quem somos, não sabes? – Pergunta Maka, abraçando-o.
- Eu, huh… sim. Vocês mudaram, as vozes… Estão diferentes. – Dizia Manel.
- Ohhh… -Maka e Kaimi ficaram emocionadas – Hum, então, onde é que queres ir? – Pergunta Kaimi.
- Podemos ir almoçar, cinema… -Komuro é interrompido. – Por acaso, Shokiumoto-san, eu queria falar a sós com o Kaybodru-kun, sobre aquilo… -Diz Denkou.
- Huh? Ah sim, ok! Vamos embora, rapaziada! – Diz Komuro, e estes abandonam a sala, com Nashi a dizer adeus ao sair.
- Agarra a bengala, Manel, vamos dar uma volta. Os hospitais enjoam-me. – Afirma Denkou ao abandonar a sala.
Denkou entrega-lhe a bengala e pôs-lhe a mão no ombro. Os dois caminharam até ao Edifício Principal do Kage em Kumo, no terraço. A brisa era fria, mas reconfortante. Sentaram-se os dois num banco.
- Raikage-sama… Não percebi ainda. O médico disse-me, mas… O que é que aconteceu, de verdade? – Pergunta Manel.
- Hum, Manel… Há várias coisas que desconheces, tens noção disso certo? Há várias coisas acima do teu entender, mas quando cresceres perceberás…
-Isto não é temporário, pois não? – Diz Manel, ao baixar a cabeça.
- Manel, tu nasceste, para ser sincero, num dos mais corrompidos clãs de Kumo. Não estou a dizer que os teus antepassados eram corruptos, na verdade era um dos mais nobres de Kumo, mas… Tanta gente má apoderou-se do teu clã, e infelizmente, nasceste no meio disso tudo.
Na cabeça de Manel vinha a imagem de Haku, a mensagem que ele deixou naquele telefone, onde matava a família de Sora.
- Deixa-me contar-te uma história, uma lenda, do teu clã. Há 300 atrás, na Dinastia dos Imperadores, o Imperador de Noroeste, Lao-Fang, era conhecido pela sua linhagem perfeita. Todos os seus filhos eram perfeitos, os melhores guerreiros, arquitectos, desportistas... Porém, um dos filhos de Lao-Fang, Kayan, nascera cego. Com o passar dos anos era discriminado pela sua deficiência, não o deixavam participar em nada e sempre fora troçado, incluindo pelo seu pai. Um dia, depois de o seu pai troçar dele á frente dos outros Imperadores, Kayan aposta com Lao-Fang que conseguiria escalar a Montanha Azul sem ajuda de ninguém. Lao-Fang riu-se e aceitou. Kayan inicia a escalada com toda a aldeia a ver, demorou uma semana a escalar a montanha, sem nunca desistir, mas quando finalmente chegou ao cume, não contou a ninguém, pois não precisava de provar a ninguém que era um homem de honra. Ao ver isto, Deus recompensou-o, deu-lhe dois olhos azuis, deu-lhe a dádiva da visão. Kayan passou essa dádiva de geração em geração e ainda hoje essa dádiva existe, pelo nome de Kaybudra.
Essa história inspirou Manel, uma história perfeita para a situação, reconfortou-o.
-Os olhos de Kayan, os primeiros olhos Kaybudra eram diferentes dos de hoje em dia. Chamavam-lhes Mantaiko Kaybudra, os Olhos Divinos. Percebes agora? – Pergunta Denkou, com os olhos semi-cerrados. – A razão por teres estado num coma é essa. Tu és o herdeiro do 6º Filho de Lao-Fang. Ao activares o teu Kaybudra no treino com o Komuro, despertas-te o Mantaiko. É por isso que os refugiados do teu clã estão há tua procura. Eles querem o Mantaiko Kaybudra.
-Mas… isso significa que vou conseguir ver? – Pergunta Manel esperançoso.
- Nisso não temos certezas, mas… Há uma chance de te tornares o
homem mais poderoso de Kumo…Continua...
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Info: É um filler pequeno mas que inicia uma cadeia de fillers com uma história mais sólida.