Duas semanas passaram-se, a dor ainda continuava e o medo assolava a sua alma.
- Yo Datte! – O homem disse. – Está pronto? Logo aviso, vai ser difícil... – Ele estava parado solenemente em frente ao garoto. Em seu olhar uma pena profunda era visível.
Datte observava o chão sentindo repulsa pela gentileza do sensei. – Eu sempre estou pronto, não é agora que eu não estaria. – Ele levantou a face com um olhar inquisitivo.
- Pense melhor garoto, é precipitado tomar esta decisão! – Shounan dizia, ele caminhava naquele gramado verde escuro. – É um caminho difícil...
A luminosidade não ajudava muito, era uma planície imensa dentro dos confins de kirigakure, o gramado em seu habitual verde-musgo ressaltava um aspecto morto ao cenário e as nuvens isolavam e impediam que a luz do sol penetrasse-as. Estavam próximos a uma floresta de pinheiros que frente à planície pareciam uma muralha de folhas.
- Eu não quero aquele braço imundo sensei! Eu consigo sem. Eu sei que consigo! - O garoto pareceu levemente frágil. Shounan não quis insistir com medo que o pupilo chorasse.
- Se você consegue então se prepare! Não vou pegar leve só por que você perdeu seu braço garoto. – Ele disse e pulou para trás. Seu pulo foi gracioso e quando ele pousou a alguns metros o gramado em volta se agitou com uma leve brisa. – Eu vou fazê-lo melhor que todos Datte, é uma promessa.
O gennin com o braço direito tirou das costas a foice de três lâminas e descontraiu os músculos do pescoço. O garoto não queria que parecesse, mas ele estava destruído por dentro, o medo assombrava-o.
Shounan fez selos e murmurando palavras estranhas bateu as duas mãos no chão, logo vários outros senseis apareceram formando-se a partir da terra.
- Eles são clones bem limitados, não tem tanta habilidade assim. Quero que destrua a todos em um minuto, são dez clones então você tem seis segundos para cada. É um ótimo tempo considerando seu estado, não acha? – Disse o sensei em tom desafiador.
O pupilo olhou para ele e com determinação tirou a jaqueta que usava contra o frio da manhã.
Rapidamente o garoto começou uma investida, corria de um lado para o outro para confundir os inimigos e tornar seu ataque imprevisível, o primeiro golpe fora dado em um mais próximo que se armava e com kunai em mão defendeu dando dois passos para trás.
Outro inimigo à direita investia contra o garoto, este em um movimento ágil girava a foice e postava-a em suas costas defendendo a investida, outro aparecia por cima para atacar e o garoto surpreso então se abaixava puxando a arma e afastava o atacante de trás ao mesmo tempo em que posicionava a foice para receber o golpe de cima, sem o seu braço era mais difícil se equilibrar e o local do ferimento doía loucamente. O garoto defendeu o golpe da katana do clone que pulara e empurrando-o investia novamente e desta vez enfiando a lâmina em seu peito, ele desfez-se em lama e a foice ficou lá presa.
Dois vinham atrás e não dava tempo de tirar a arma de lá, ele soltou-a e girou na ponta dos pés desviando dos ataques laterais, e já a algo como dois metros de distancia puxou a corda presa ao seu corpo que o ligava à foice, e a força foi tamanha que fez a arma desprender-se e voltar ao dono, no caminho acertou um dos dois que haviam acabado de atacar.
- Já foram dois! – ele disse em sua face completamente endurecida pela tensão.
Ele levantou a foice e por um momento nenhum clone atacou, o garoto ia abaixar a arma quando o peso do braço fez falta e causou um rápido desequilíbrio. Isto foi o bastante para que dois dos clones conseguissem adentrar a defesa do garoto, o primeiro chegou em um soco que acertou em cheio o maxilar do garoto, sua cara virou e seu corpo foi forçado a acompanhá-la, o segundo já desferiu um chute no tórax que finalizou a seqüência, o garoto caiu rolando alguns metros.
- Droga... Eu não consigo. – Ele levantava-se aos poucos, mas não conseguiu, pôs a mão no estômago e tossiu secamente. – Eu não consigo mestre, não consigo. – Lentamente as lágrimas surgiam e para sua surpresa elas eram bem mais numerosas do que imaginara.
O sensei verdadeiro se aproximou, e logo os clones se afastaram alguns passos para dar espaço. O homem se ajoelhou ao lado do pupilo caído e acabado.
- Voce consegue Datte, nós vamos vingar sua mãe e seu braço, não é a perda disto que vai lhe derrubar. Levante-se garoto, você consegue!!! – ele encorajava o ninja ao mesmo tempo em que olhava nos seus olhos cheios de água.
- s-sim... Eu vou conseguir sensei. – a criança estava com os ânimos restaurados e novamente ativos.
De pé no meio daquele circulo e cercado pelos clones do sensei, ele tinha os olhos fechados, em sua mente várias coisas passavam.
“Meu braço pesava pouco, mas era essencial para o meu equilíbrio e o manejo da senjuu gai... Talvez se eu jogar meu peso para o lado dele enquanto mantenho o equilíbrio com a arma na mão eu consiga não cair...” Seus olhos se abriram e desta vez ele saiu a correr jogando parte do peso para o lado sem braço, o resultado foi um equilíbrio automático, o peso da arma compensava a falta do braço jogando-o para o lado oposto ao do braço.
Era hora de agir, girando com a ponta dos pés o garoto golpeava a os inimigos, os golpes verticais foram defendidos por todos os quatro que eram alvejados, o golpe de sorte foi quando o garoto abaixou-se e ainda abaixado girou o corpo pondo a ponta da foice exposta ao seu lado, todos os quatro foram golpeados no tórax e logo transformaram-se em lama.
- Vamos Datte, seu tempo ainda está contando! Ainda faltam onze! – O sensei dizia em um galho de arvore ali próximo.
- Argh... Droga! – O garoto estava já irritado de receber tantos ataques em simultâneo, sempre que algum um atacava tinha outro por trás ou ao lado fazendo o mesmo, ele tinha que se esforçar ao Maximo para comparecer com a foice em todos os locais para se defender.
E... Em um segundo tudo mudou, ele por um segundo esqueceu da morte da mãe e dos problemas. Focou-se em seus movimentos. Por um segundo foi leve, ele desviou de um corte que seria dado em sua cabeça, baixou-se e revidou com a foice, outro tentou o golpear, mas o pequenino ninja girou ainda abaixado usou a foice para cortar as pernas do atacante, este caiu e no chão Datte finalizou golpeando com a lâmina o seu peito. Ele pulou para a sua direita e caindo no chão usou o pé para golpear o clone mais próximo. Uma kunai voou em meio à multidão de inimigos e acertou bem o peito de Datte, mas logo em seguida um pedaço de arvore apareceu no lugar e o gennin surgiu de trás cortando o atacante.
- E-Eu consegui! Haha olhe sensei! Consegui! – O garoto dizia ajoelhando-se e arfando.
- Err... Você conseguiu garoto. – O sensei dizia enquanto observava o cronômetro, o garoto havia completado a tarefa em dois minutos, mas não iria dizê-lo nada, era bom que ele se sentisse forte no momento.