Treino 1: Cair em água fria
Riri nunca pensara que o seu primeiro treino como gennin fosse tão gratificante.
O sol tinha nascido à pouco tempo em Kirigakure, sendo ainda possível vislumbrar a Lua lá bem no alto a despedir-se da noite, para o Sol poder dar lugar ao dia. A manhã estava solarenga e apresentava uma linda paisagem brilhante, onde os raios de sol incidiam sobre o gelo que tinha coberto tudo o que tinha ficado na rua, durante a noite.
Masaki e Daiki entraram no quarto de Riri de rompante, mas não foi o suficientemente para a acordar. Ela dormia num sono profundo e não fazia intenções de acordar tão cedo.
- Ei! Está na hora de acordar! – disse Masaki o mais alto que conseguiu.
- Hum… Acordar… Já?! – A voz de Riri não passava de um leve murmúrio.
- Sim, é para acordar e é já! É dia de treino. Não queres ficar para trás … ou queres? – Daiki usou as palavras certas no momento certo.
- É claro que não! Para onde é que vamos treinar? – Levantou-se de repente e colocou-se à frente dos irmãos.
- Ao pé do lago. Ficamos lá à tua espera, despacha-te!
- Já estou a ir!
Para sua grande surpresa, quando chegou ao lago viu que este estava congelado. Riri tentou lembrar-se do dia anterior e deduziu que a camada de gelo não seria muito grossa. Aproximou-se dele e tocou-lhe com os nós dos dedos. “25 centímetros no máximo… Tenho a sensação que o lago vai servir para alguma coisa…”, pensava ela enquanto olhava para os irmãos.
- Bem, para começar, sabes que o aquecimento é essencial, não sabes? – Era Daiki que falava, pois mais ninguém gostava tanto de treinar como ele.
- Sim!
- Óptimo. Então, vamos começar por 15 voltas ao lago.
- Mesmo 15 voltas? *Uffff* - Agora que ela olhava para o lago e se imaginava a dar 10 voltas a este, ele já não lhe parecia assim tão pequeno… tentou fazer uma estimativa e chegou á conclusão que uma volta devia ter aproximadamente 15 ou 16 metros.
- Sim. E aconselho-te a correr com cautela, pois é em cima e não ao lado, o gelo é escorregadio e a água deve estar bem fresquinha. – O irmão riu-se de forma traquina, sabia que a irmã pensava que era um treino comum.
- Bem… se vai ter que ser assim…
Quando Riri se estava a dirigir determinada para o lago viu o irmão a ultrapassa-la rapidamente e a ir na mesma direcção que ela. Depressa percebeu o que se passava. Daiki estava a saltar com força sobre o gelo quebradiço que começou a parecer um puzzle. Agora, o gelo que se encontrava à superfície estava quebrado em vários bocados, todos irregulares e nenhum dele com mais de 1 metro de largura.
A jovem rapariga ganhou balanço e saltou para cima de um bloco de gelo, por pouco que não caiu na água gelada. Tentou equilibrar-se e respirou fundo. De seguida estudou cada pedaço de gelo para tentar ver a melhor maneira de dar as 15 voltas naquele piso escorregadio.
Num movimento rápido saltou para o segundo bloco que se encontrava à sua frente, mas não foi nem suficientemente rápida nem conseguiu contra-balançar o peso do seu corpo. Como resultado o pé direito escorregou sobre o gelo e foi parar dentro de água. Tentou cravar a kunai no meio do bloco de gelo mais próximo de si, mas o gelo estava demasiado frágil e quebrou-se quase instantaneamente. Com o corpo quase todo dentro de água, Riri, tinha que pensar em algo e depressa. A única ideia que teve foi mergulhar na água gelada e ir para ao pé da margem que estava à sua direita a cerca de um metro e meio, depois, enquando estava de baixo de água, concentrou chakra no seu punho e desfez o bloco de gelo que estava mais próximo da margem. Assim, conseguiu sair da água e subir para a margem onde ficou a olhar para o desafio que tinha à frente enquanto tremia constantemente.
Riri fechou os olhos e num folgo de coragem correu rapidamente para ganhar balanço e saltar para o bloco de gelo que estava perto do que tinha quebrado com a sua kunai. Desta vez o bloco mal mexeu, quando ela lhe meteu os pés em cima. Já sabia como tinha que fazer: saltos cautelosos com uma queda precisa, transportando o peso do corpo para os braços que estavam esticados em sentidos opostos! “É isso! Agora já posso fazer as 15 voltas sem estar sempre a cair dentro de água!”, Riri tinha ganho a coragem novamente e tinha começado a executar o plano que tinha pensado.
As primeiras voltas tiveram mais alguns percalços mas nenhum deles como o que tinha acontecido no inicio, apenas pé posto dentro de água 5 vezes e 13 blocos rachados. Ao fim da décima primeira volta já se sentia cansada, doíam-lhe os músculos das pernas por causa do esforço de tentar ter uma “queda ligeira” e já tinha algumas feridas causadas pelo gelo. Na décima volta as pernas de Riri fraquejaram e ela voltou a ir para dentro de água. Fez o mesmo que no inicio e foi força a partir mais um bloco de gelo para conseguir sair da água. Quando completou as 15 voltas só lhe apetecia ir para casa e não sair mais da cama, mas isso ainda se encontrava bem longe.
- Bem, podia estar melhor, mas não está mau de todo. Agora tens que caminhar por cima da água, concentrando sempre a mesma quantidade de chakra nos pés, para não caíres dentro de água. – O ar de brincadeira de Masaki já tinha desaparecido, agora era a sério, por isso Riri seguiu o irmão que lhe ia mostrar como fazer.
Depois da explicação do irmão, tentou seguir os passos que ele deu: “primeiro concentrar uma certa quantidade de chakra nos pés, segundo tentar manter sempre essa mesma quantidade, terceiro experimentar na água”, estava tudo a correr bem, até Riri ter chegado ao terceiro passo. Mal colocou o segundo pé na superfície da água, onde não havia blocos de gelo, afundou-se. A água estava gelada e corria uma leve aragem de inverno, o que só fazia com que ela ficasse com mais frio e ela não gostava nada disso.
Tentou outra vez, procurou concentrar sempre a mesma quantidade de chakra nos pés, mas não foi fácil. Sempre que colocava o segundo pé na água algo falhava e ela voltava a sentir o frio pelo corpo todo.
À décima terceira vez já conseguia ficar de pé durante alguns segundos, apesar de não ser à superfície mas sim perto dela. Ao fim de repetir o processo mais sete vezes já tinha a noção da quantidade aproximada de chakra que tinha que manter para ter os pés na superfície da água gelada, agora só faltava saber como controlar essa quantidade de modo a ela ser constante. E isso foi o mais difícil. Não podia aumentar muito nem diminuir muito, sempre que isso acontecesse estaria de novo dentro de água. Apesar disso continuou a tentar e mesmo estando sempre a cair para dentro de água foi conseguindo, aos poucos, ir ficando cada vez mais tempo á superfície. Ao fim de cinco tentativas já se conseguia aguentar à superfície durante cerca de quatro minutos.
- Bem, acho que por agora já chega. Está na hora do merecido almoço. – Daiki achou que era altura para uma pausa. Entregou uma manta a Riri e ambos os irmãos a acompanharam de volta a casa.