O suor respingava-lhe no rosto e a pulsação de seu sangue acelerava conforma a situação se agravava.
O céu em um dos raros dias aconchegantes de kiri estava infinitamente azul, o chão em reflexo ao sol apresentava um luxuoso gramado molhado que brilhava com as recentes gotas de água.
Datte estava sentado em um vasto pastoril, a paz parecia dominar o coração do jovem, suas feições estavam calmas e livres de dor, ele simplesmente chorava por dentro. Suas mãos estavam unidas ao nível do peito como em uma oração, suas pernas estavam cruzadas e imóveis mesmo com o desconforto da posição.
Os olhos do ninja abriam-se aos poucos e de lá a solitária e impertinente lágrima caia como em todas as vezes que ficava só.
Era tão difícil treinar sem Shounan, era tão difícil viver sem a mãe, era tão desgastante odiar o pai.
Senjuu gai estava ao seu lado repousando sobre o gramado, seu símbolo de vila também estava no chão, era uma placa de ferro que ficava presa à camisa quase como um bottom, o ninja estava apenas vestindo a calça e a T-shirt de rede a qual sempre usava abaixo da camisa.
Meditava profundamente.
Finalmente em uma conclusão lembrou-se daquela noite a uma semana atrás e a criatura que tinha encontrado, tinha também conversado sobre com shounan e este havia lhe ensinado na teoria como fazer uma kuchiyose, ao menos na teoria, hoje seria o dia da prática; Levantou a mão de carne-e-osso até o nível da boca e lá mordeu com força o dedão, uma considerável dor corroeu a mão, mas não se importava com isso, o sangue escorreu e em sua usual velocidade o gennin começou a fazer seus selos.
Macaco, touro, pássaro e novamente Touro.
- Kuchiyose no jutsu! – O gennin gritou batendo com a mão no chão a sua frente, e, diante de seus olhos esverdeados um majestoso leão dourado apareceu cortando a leve bruma causada pelo jutsu.
Ele dizia em uma profunda voz:
- Qual teu problema garoto? – Seus olhos inquisitivos e profundos refletiam a negritude de suas palavras. – O que queres de mim em um lugar como esse? – ele olhava em volta indignado.
- Eu... Peço que me empreste seu poder Leon-sama, preciso treinar e não sei de alguém bom e forte o bastante para me ajudar.Por isso recorri à sua presença... – O garoto dizia com a cabeça abaixada enquanto o leão farejava seu suor e sentia na flor da pele do seu subordinado o medo.
O animal hesitou por alguns segundos, mas em sua frente estava o jovem cujas mãos um dia se molhariam no sangue alheio, deveria fazer de tudo para que isso realmente acontecesse.
- Pois bem, erga sua arma jovem, eu irei lhe ensinar o quão fortes podem ser as garras de rakimera-leon.
O ruivo viu frente a seus olhos as garras do grande leão rapidamente crescerem como facas nas patas do seu senpai. A mão do ninja rapidamente correu para foice que estava perto, mas o leão foi mais rápido e logo jogou seu peso acima da arma através da pata direita, com a esquerda então tentou atacar a cabeça de Datte. Teria arrancado-a se não fossem os reflexos do ninja, ele abaixando-se escapou do ataque mas isto não negava o fato de estar muito perto do oponente, o leão cuja juba mostrava um intenso brilho aos raios de sol logo abriu a boca investindo com os dentes rumo ao ombro do subordinado, por sorte ou até mesmo habilidade o ninja conseguiu dar um rápido salto para trás e com a aterrissagem iniciava um ataque.
- Senboun shoushi no jutsu! – ele dizia com as mãos unidas.
Do chão algumas agulhas de pedra formavam-se e se dirigiam em alta velocidade contra o leão cuja boca aberta expelia uma enorme bola de fogo. As chamas se dirigiram e confrontaram as agulhas de pedra transformando-as nada mais que pó, e ainda, muito trabalho teve o jovem gennin para desviar das chamas que afetaram uma boa área dali, só não se espalhou pelo gramado ainda estar molhado.
O ninja tirou do bolso da calça a kunai e lançou-a contra o leão, este parou a arma com os dentes mesmo e novamente pôs-se a investir contra Datte, mas desta vez correndo em sua direção com os dentes amostra. O salto foi dado e com um rodopio o Uusaki conseguiu ir parar atrás do animal e do chão retirar a foice.
A kuchiyose novamente avançou, levantou sua pata com as suas garras e descarregou sobre o jovem, o golpe vinha em incrível velocidade, mas a foice de Datte pôde em tempo interceder entre sua barriga e as garras do leão parando-as a poucos centímetros, a boca do leão também era uma arma viável, tanto que por pouco o pescoço do jovem gennin não foi dilacerado, novamente movimentando a senjuu gai manobrou-a a ponto de passar no pequeno espaço que havia entre a boca do animal e o pescoço de Datte, o leão obviamente com o perigo da arma recuou e rapidamente deu alguns passos para trás.
- Voce melhorou garoto. – deu uma leve risada. – Se não fosse meu irmão de juramento eu iria te comer aqui mesmo. – ele sorriu novamente e com um rugido gutural voltou a investir.
As garras passaram perto do peito do garoto, um pequeno passo para trás foi o bastante para o salvar de um corte sem duvidas doloroso. Outro golpe também passou perto, o leão usou a pata para tentar esmagar o garoto, ele habilmente manuseou a foice e conseguiu parar o golpe, novamente e consecutivamente vários golpes e Datte apenas defendia com a foice, aos poucos parece que seu corpo pesava e os movimentos do leão tornavam-se mais rápidos.
As garras em forma de faca continuavam a rasgar o ar em direção ao jovem gennin, as três lâminas da foice viajavam e faiscavam ao contato com as garras do animal e parecia que a foice dançava girando constantemente nas hábeis mãos do ceifeiro ruivo, o leão então por um segundo de incrível velocidade abaixou-se e desviando do ataque do ninja furtivamente cravou seus dentes no ombro deste, o sangue jorrou em uma pequena quantidade sujando o tão belo gramado, o garoto em meio ao ferimento logo teve o braço direito (o qual carregava a arma) amortecido e largou a arma, a dor em um segundo de exuberância em poucos segundos o desmaiou e aos olhos do leão o seu pequenino subordinado acabara de subir em sua consideração, uma turbulenta mas leal amizade nascia.