Sophia jamais teve uma causa em sua vida. Tampouco, até onde ela sabia, jamais acreditou em nada. Isso era embaraçoso, porque ela realmente queria acreditar em alguma coisa, já que reconhecia que crença era a tábua de salvação que fazia a maioria das pessoas passar pelas águas turbulentas da vida. Teria gostado de acreditar num Deus (com D maiúsculo, mesmo), embora preferisse meia hora de bate-papo com Ele antes de se comprometer, para esclarecer uma ou duas coisas. Ela frequentara todos os tipos de igrejas, esperando aquele lampejo único de luz divina, que não havia aparecido. E então tentou e se tornou uma ateia oficial, não tinha a força inabalável e confiante para crer sequer nisso.

Todos os partidos políticos lhe pareciam igualmente desonestos e ela desistira da ecologia quando a revista ecológica que assinava mostrou aos seus leitores um plano de uma horta auto-suficiente, haviam desenhado a cabra ecológica a um metro da colméia ecológica. Passara muito tempo na casa de sua avó, no campo, e achava que entendia alguma coisa dos hábitos de cabras e abelhas, e concluiu, portanto que a revista era editada por um bando de maníacos vestidos com jardineiras. Além do mais, ela usava a palavra "comunidade" com freqüência demais; sempre suspeitara de que as pessoas que usavam regularmente a palavra "comunidade" a estavam utilizando num sentido muito específico que a excluía e a todos que ela conhecia.

Então tentara crer no Universo, o que lhe pareceu sadio o suficiente até começar inocentemente a ler novos livros com palavras como Caos, Tempo e Quântico nos títulos. Descobrira que até mesmo as pessoas cujo trabalho era, por assim dizer, o Universo, no fundo não acreditavam nele e estavam até muito orgulhosos de não saber o que ele realmente era ou mesmo se ele poderia existir teoricamente: para a mente certinha daquela garota, era intolerável.

Os vizinhos não gostavam dela porque ela sempre acabava aumentando o volume depois das dez da noite, criava muito caso e era racista de um modo tão indireto que era bem inofensivo; era simplesmente que a tal Sophia odiava todos no mundo, independente de casta, cor ou credo, e não ia fazer exceções para ninguém. Logo, tivera de se mudar para o extremo leste do País do Arroz, isolada da maioria daqueles vizinhos sem cultura musical, como costumava se referir a tais.

O Chalé dos Carvalhos é uma casinha robusta no extremo leste de lugar nenhum, longe da maior parte das pessoas. Por vezes, se tiver sorte e acordar bem cedo, você poderá ver uma pequena garota caminhando por entre as árvores, se aquecendo para outro dia exaustivo de treinos. É difícil levantar da cama sem nenhum ideal, se você quer saber.

Gostei, continua

interessante, muito interessante, gostei da escrita reflexiva, coisa que eu não consigo fazer XD Só uma coisa que achei meio equivocado no texto, a tecnologia, não apenas no sentido robotico, mas esse negocio de "assinou revista" é meio estranho no mundo naruto E também acho dificil que lá saibam algo sobre "universo", "mundo" e "tempo". XD

drow elf escreveu:

interessante, muito interessante, gostei da escrita reflexiva, coisa que eu não consigo fazer XD Só uma coisa que achei meio equivocado no texto, a tecnologia, não apenas no sentido robotico, mas esse negocio de "assinou revista" é meio estranho no mundo naruto E também acho difícil que lá saibam algo sobre "universo", "mundo" e "tempo". XD

Eles não são assim tão ignorantes! Já apareceu um barco a vapor (a minha memoria está um bocado apagada, mas acho que era a vapor) num dos fillers da primeira temporada! Embora se distancie "um bocado" (grande) de alguns conceitos apresentados neste filler. Também no Naruto, já foi apresentado a comunicação via rádio! (este sim, tenho uma boa memória)

Sophia tens uma boa escrita, gostei do teu filler e acredita eu também tenho problemas em não usar as várias tecnologias do dia a dia. Embora já vi alguns users a usar telemóveis nos seus fillers (apenas um vá).