Hiyama Kyohei
Treino 12
Enrijecer o corpo
Há já alguns dias que estava sobre o plano de aulas do meu "novo" sensei. Aprendi alguns jutsus, tal como tinha melhorado um pouco nas minhas habilidades a Ninjutsu como a Genjutsu, mas nada que me preparasse para o que iria enfrentar algum tempo depois. Talvez a pensar que me faltava ainda estofo para ser alguém melhor, Takaeru-sensei preparara um treino diferente...
- Falta-te genica! Instinto! Experiência! - Com um salto desviei-me de uma kunai que me era apontada à cabeça. - Tens que saber como é ser caçado, não podes apenas conhecer o sabor de ser o caçador. - Eu estava encostado a uma enorme parede de terra. Em frente a mim, a cerca de uns dez metros de distância, o meu sensei estava sentado na sua cadeira de rodas. Nas mãos tinha algumas kunais, senbons e até shurikens. - Não vais sair daí enquanto eu achar que não estás pronto.
Lançou-me mais uma kunai. Desci o meu corpo e desviei-me do projéctil, mas logo a seguir dois senbons atingiam-me na perna esquerda e direita.
- Vês? Tu esperas que o teu oponente seja tão honesto como tu... Larga esse conceito. Cada shinobi luta por si mesmo e em último estado de graça, pela sua vila. Prioriza a tua vida! Só assim consegues ajudar os teus colegas.
Repetiu o gesto. Desta vez, duas shurikens lançadas contra mim, a diferentes velocidades e para pontos diferentes. Fiz uma roda para a esquerda e desviei-me de ambas que pareciam saber onde eu ia passar. Logo a seguir um novo senbon era defendido pela minha armadura de braço. O ataque continuou. Novamente duas shurikens, as quais reflecti com duas das minhas e logo a seguir uma kunai com Kibaku Fuuda! Concentrei chakra e enrijeci os meus braços com o Fuzen Domu, pondo-os à minha frente cruzados e amparando grande parte do golpe da explosão. Mesmo assim eu era lançado para trás e sentia dor a percorrer toda a minha espinha dorsal enquanto embatia e era empurrado contra a parede. Sem o esperar, três fios de electricidade agarraram-me pelos braços e pelo pescoço e atordoaram-me com o que supostamente seria um fraco jutsu Raiton. Senti toda a electricidade no meu corpo e causou-me tanta dor nos braços que libertei o jutsu sem ser minha intenção. Caí de joelhos em consequência da descarga eléctrica, mas, lentamente, voltei a levantar-me.
Sentia-me algo zonzo... Mas iria sobreviver. Olhei para a frente, as mãos de Takaeru tinham duas kunais, dois shurikens e dois senbons. Lançou primeiro os shurikens. Lançou-os com um efeito em curva, dificultando-me a previsão de onde eles iriam acertar. Distraído, não notei que também já tinha lançado as senbons. Tão finos que eu não os iria conseguir notar. Tinha que me defender e depressa... Retirei da minha Kunai Dai e girei-a com o meu braço esquerdo no seu orifício. Ouvi as senbons a acertarem no metal da minha kunai gigante, tal como as duas kunais que foram atiradas sem eu ver. Recolhi a arma e apoiei-me nela. Olhei, confiante, para o meu atacante e só o vi a fazer um selo e a largá-lo de seguida. Um enorme flash de luz inundou o céu nocturno e de repente deixei de ver.
- És parvo? - Conseguia ouvir a voz dele enquanto sentia pequenos e finos senbons a perfurarem os meus braços e pernas. - Largas o contacto visual com o teu oponente assim por nada? Pensa mais à frente rapaz!
Pouco a pouco fui recuperando a visão. Olhei para mim mesmo. Tinha pelo menos dez senbons em ambas as minhas pernas. Pareciam ter sido perfeitamente colocados para não me apanhar nenhuma artéria, tendão ou músculo. Senti-me um veado a ser alvo de caça desportiva, aquela onde acertam sempre nos tendões para o imobilizarem... Os meus braços estavam repletos de pontinhas vermelhas quando tirei as senbons que neles estavam espetadas. Tirei também as das minhas pernas e segurei-as como se fossem minhas. Se ele queria uma presa que desse luta, eu iria dar-lha. Fui lançando as senbons aos pares. As duas primeiras falharam à esquerda, como previsto. Ele próprio nem se tentou desviar. O outro par passava rente ao cabelo dele e o quarto par era apanhado entre os dedos dele. Mas e o terceiro par? Esses dois senbons prendiam-no no sítio onde estava. Cada um perfurava o pneu da cadeira de rodas, imobilizando-o ainda mais. Bastou-me fazer uma sequência de selos e concentrar chakra na minha mão. Bati com ela na parede de terra e cinco senbons eram lançados a partir dela. Além destes, outros quatro eram lançados de dois calhaus que estavam a poucos metros de mim. Eram um total de nove e vi-as passar por ele com os meus próprios olhos.
- O quê? - Deixei escapar enquanto me apoiava na parede. Estava já algo cansado. Tinha que me manter direito.
Também ele fez alguns selos. Desta vez parecia satisfeito com o que eu tinha já feito e queria testar-me mais além. Da sua mão, pequenas descargas eléctricas eram formadas e lançadas ao ar, onde tomavam a forma de corvos. Contei-os até um total de dez. Com uma precisão de sonho, cada um era atirado contra uma parte diferente do meu corpo. Tentei defender o primeiro com a minha armadura de braço, mas o metal que a constituía não me impediu de sentir a descarga eléctrica e a minha mão começou a dar-me um pequeno formigueiro. Doton era fraco contra Raiton. Metal atraía electricidade... Ele tinha ainda nove criaturas aladas.
Com a minha mão direita atirei três kunais contra ele, apenas por distracção. Entretanto, enfiava fio shinobi ao metro pelas kunais que me restavam. Lancei-as todas para locais diferentes, num último esforço e todas elas ficavam presas no chão ou nas árvores. Provoquei-o depois com um simples gesto... Os nove corvos voaram contra mim de uma só vez! Como tinha pensado, seis deles eram apanhados pelo fio shinobi que era mascarado pela falta de luz daquela noite. A electricidade deles fluía pelo fio até chegar ao solo, onde era descarregada sem perigo. Saltei para o lado para me proteger de um dos corvos que embateu contra a parede. O penúltimo, embatia contra a minha Kunai Dai que usei como escudo ao prendê-la ao chão com força. E o último dos corvos acertava-me mesmo no peito. Ou pelo menos pareceu, pois dois segundos depois quem estava ali era apenas um pedaço de pau queimado pela electricidade do jutsu.
- E como usaste um jutsu para criar as senbons... - Três novos fios de chakra agarravam-me numa velocidade incrível e davam-me choques que percorria todo o meu corpo. A sensação de dor não era tão grande como a do jutsu anterior, talvez pela dormência que o meu corpo já sentia de toda aquela correria.
Fiquei de pé após o jutsu. Pela espera que se seguiu, percebi que era a minha vez de atacar. Ele já me dava esse luxo. Fiz uma sequência de selos e concentrei chakra. Lancei três kunais contra ele, as quais ele desviou com outras das dele. Em seguida concentrei chakra e com alguns selos, criei vários espigões no solo, que o cercaram sem lhe acertarem. Isso impedia-o de se tentar defender com mais armas. Lancei novas kunais, as quais ele apenas deixou passar por si, como se ele próprio fosse um fantasma. Mas eu tinha uma surpresa para ele. Mal ele desfez o jutsu, notou que uma kunai o espetara em cheio na perna. Era um ponto para mim. O suficiente para acabar aquele jogo...
Ele fez-me sinal para sair da parede e que me aproximasse e após destruir os espigões com um forte Raikyuu, tentou retirar a kunai da perna. Só então descobriu que tinha sido enganado por um simples genjutsu. Com o Sushii no Genjutsu criei a ilusão de que enquanto o distraía com as kunais reais, havia acertado com uma kunai num sítio onde sabia que ele não o sentiria. Afinal, ele anda de cadeira de rodas por algum motivo não?
- Óptima ideia. - Elogiou-me. - Parabéns. A partir de amanhã será o treino a sério.
Assunto: Treino 12 - Enrijecer o corpo 
Dom 8 maio 2011 - 12:04
