O jovem fitava a chuva com um ávido interesse. Gostava de ver a água a cair do alto, fazia-lhe lembrar algo a rasgar o céu com uma velocidade estrema e explodir no chão, molhando tudo à sua volta. Apesar de estar a chover, o jovem estava no telhado de sua casa, sem qualquer protecção contra a chuva, apenas umas camisolas, mas já estava habituado com ela.
A casa de Kiutchy situava-se no extremo Sul da vila e do telhado da sua casa tinha uma vista fenomenal para toda a sua vila, destacando-se claramente o edifício onde o líder de Amegakure vive. O jovem adorava passar o seu tempo livre no telhado da sua casa a contemplar a vila e os seus cidadãos durante o dia, mas à noite olhava para as estrelas e constelações, mesmo com a chuva. De tantas vezes subir para o telhado da sua casa que se habituou a levar alguns colchões e binóculos para se sentir mais confortável e para poder observar melhor tudo em seu redor.
Passados minutos sua mãe chamava-o, então trouxe os cobertores e os binóculos, desceu do telhando entrando pela janela do seu quarto. Pousou os objectos na sua cama e desceu as escadas da casa, até à cozinha, o local onde sua mãe passava maior parte do dia. Sua mãe chama-se Kuchina e tinha olhos escuros e o cabelo da qual partilhavam da igual tonalidade de cor, mas a sua pele era muito clara, uma das mais claras que Kiutchy vira. Os seus lábios eram de um rosa claro e o seu pequeno nariz escondia-se entre seus cabelos, mas infalível aos cheiros. O jovem encarou-a e perguntou-lhe o propósito de o ter chamado.
- Passas os dias todos lá em cima, nem vens cá baixo conviver com as pessoas. – Disse olhando amavelmente para seu filho.
- Mãe, sabes muito bem porquê. O pai está sempre de volta da forja e tu estás sempre a cozinhar, a fazer compras ou a fazer camisolas de lã. – Disse o jovem.
Seu pai chama-se Hoturu e era ferreiro. Trabalha maioritariamente na criação de peças para a vida quotidiana, mas algumas vezes recebe encomendas para armas ninjas. Ele era um homem grande e musculado, a sua pele era muito morena, o seu escuro cabelo estava sempre caído e desalinhado, tapando os olhos azuis-escuros. Era uma pessoa que passava muito tempo a falar, contrastando com sua mulher. Nos fins de semanas seu pai costumava ir ao bar com uns amigos de infância e jogavam às cartas. Não era pessoa que gostasse muito, mas era seu pai.
- Mas isso não significa que não falas com o teu pai ou comigo. Apesar de achar que gostarias mais de falar com o teu pai. Pois os meus assuntos não te interessam… – Kiutchy anuiu. Sua mãe falava sobre comida, roupas e lojas. – …por isso penso que deverias falar com teu pai.
O jovem sabia que se não aceitasse passaria um mau bocado, portanto aceitou a oferta e desceu as escadas em direcção à garagem que estava ocupada com os utensílios de seu pai.
A casa tinha 3 andares. O primeiro andar estava destinado, à garagem o local de seu pai. A garagem estava sempre aberta para a rua, quando seu pai lá estava, pois os seus clientes passavam pela rua. O segundo andar estava destinado à sala, à cozinha e ao Hall de Entrada. Devem achar estranho mas a entrada oficial da casa era na rua das traseiras. Como a casa era ladeada por duas ruas, uma muito movimentada que era para onde estava aberta a garagem, mas a outra rua era apenas para a entrada das casas, sendo muito estreita. Por último, o segundo andar da casa era onde se encontravam os quartos.
Kiutchy achava a casa muito estranha, mas até gostava dela.
Chegando à garagem encontrou seu pai a falar com uns clientes e a discutir o preço de algo. Só depois de os clientes se irem embora é que o jovem se aproximou do pai, pois normalmente seu pai ficava muito enraivecido quando os clientes não concordavam com ele, mas ele rapidamente voltava ao normal.
Hoturu notou na sua presença e cumprimentou seu filho como se fosse um dos seus clientes com um aperto de mão. Kiutchy queimou-se quando tocou na luva de seu pai, pois estava muito quente. Seu pai começou a rir-se como nunca, que apenas se calou passado alguns minutos, que para o jovem pareceram horas. Ele detestava seu pai por isso, não era uma pessoa que dizia “Cuidado com isto… cuidado com aquilo…” mas sim uma pessoa que desligava na educação de seu filho e que o fazia aprender apenas pela própria experiência da vida. Hoturu perguntou qual o motivo que o trouxera lá e o jovem respondeu falando sobre a sua conversa com a mãe.
Hoturu não gostava muito de falar com seu filho pois achava-o demasiado calado e muito aborrecido, portanto disse:
- Tenho uma ideia, eu sei que preferes ficar lá em cima, e eu também estou com muito trabalho não posso falar. – O jovem sabia claramente que seu pai poderia falar à hora que quisesse, mas não o interrompeu. - Portanto vai dar um passeio pela vila que eu digo à mãe que tivemos uma conversa e que depois foste buscar-me uns objectos para a bigorna. Aceitas?
Kiutchy não achava o plano mau de todo, portanto aceitou. Apenas não confiava muito no seu pai, pois ele tanto poderia estar do seu lado e cumprir com o planeado, como poderia ir informar a mãe logo que seu filho estivesse fora de vista.
Seu pai deu-lhe algum dinheiro no caso de encontrar algo interessante. Então o jovem saiu da garagem e passeou pela vila, pensando nos seus objectivos de vida.