O PASSADO - FILLER 1
Há dois anos atrás
As duas irmãs encontravam-se na floresta, o dia estava quente, os passarinhos cantavam, o Sol estava forte e ambas estavam deitadas na relva, debaixo de uma árvore. Até que uma das gémeas quebrou o silêncio.
- Mai, tenho pensado muito nisto.. E quando vamos contar aos pais? – Perguntou Cho, olhando para Mai.
- Eu acho que ainda é cedo, eles ficariam chocados. – Disse Mai, ajeitando o seu curto cabelo.
- Pois, mas não achas melhor se lhe contássemos? – Perguntou a rapariga com timidez.
- NÂO! Não podemos! – Gritava Mai – Estás doida? Ele separar-nos-iam e seria pior.
- Mas.. - Disse, sendo interrompida.
- MAS NADA! Sabes bem que eles ainda nos levam a aquelas pessoas… - continuou Mai – Fodasse, aquelas pessoas! Os psicólogos.
- Pronto, sabes que eu gosto muito de ti, e quero continuar contigo! – Explicou Cho beijando-a.
- Sabes bem que eu também. E agora vou-me embora. Vou para casa – disse Mai, levantando-se – ficas ai?
- Sim.. – suspirou Cho.
A rapariga olhou para Mai, enquanto esta andava em direcção à saída da floresta, que dava ao “centro” da povoação, e como não aguentou mais, chamou-a.
- MAI! Não consigo esconder mais isto! – Gritava, enquanto a irmã se dirigia para casa.
Num ápice, a rapariga voltou para trás encostando uma kunai ao pescoço da irmã, dizendo:
- Tens de aguentar! Não podemos ser descobertas. Estás-me a causar problemas a mais, miúda.
- Desculpa! DESCULPA! – Gritou com medo – Não me mates.
- Achas que eu te faria isso? – Disse retirando a kunai do pescoço da irmã.
- És capaz de tudo! – Exclamou arranjando as roupas.
- Agora vou embora, vens comigo? – Perguntou segurando a mão dela.
- Sim – respondeu sorrindo.
Mai agarrou na mão da irmã e cruzou-a, sabendo que toda a população sabia que as gémeas eram bastante unidas e por isso ninguém iria suspeitar de nada. Porque afinal, aos olhos de outros, eram só duas irmãs que tinham criado um laço de “amizade” forte.
Sorriram uma para a outra e começaram a andar até saírem da floresta, entrando no “centro” da vila. As pessoas pareciam contentes, havia algum ruído devido as conversas, e muita movimentação. A vila encontrava-se normal.
- Mai-chan. – Disse Choi, olhando para uma pequenina casa .
- O que foi, Cho? – Perguntou.
- Vamos à casa da Amaya, agora, assim rapidamente? – Perguntou olhando-a nos olhos.
- Não me apetece muito. – Continuou – Queres ir lá tu? Eu aviso os pais quando chegar a casa.
- Está bem, então encontramo-nos em casa, Shimai-san. – Disse, abraçando-a.
Ambas se separaram, Cho em direcção à pequena casa de Amaya e Mai em direcção a casa. Amaya era uma senhora que tinha, mais ou menos, 30 anos. E que era conhecida por ser a maior coscuvilheira da vila, fora isso, era uma senhora bastante simpática, para além da sua fácil irritabilidade.
Cho dirigiu-se à porta da casa, encostou-se nela e bateu duas vezes, ninguém atendeu. Quando ia para voltar a bater, a porta foi aberta e a rapariga caiu no meio do chão.
- Desculpa, Cho. – Continuou – Entra, pequenina.
- Bem, eu vinha só para comer - Disse sentando-se – aquelas coisitas, de que eu não me lembro o nome.
- HAHA! Eu vou buscar, querida! – Disse, rindo-se e avançando para a cozinha.
- Amaya-chan, onde está o seu marido? – Perguntou a pequena garota.
- Ele está cá neste momento, foi ali há loja buscar umas coisas. – Continuou – Porquê?
- Nada, nada.
A senhora trouxe a comida que a menina tanto ansiava. E logo que pousou o prato, a rapariga atacou-o, como se nunca tivesse comido na vida.
- Minha querida, tenho algo para te dizer! – Exclamou Amaya.
- Diga. – Disse Cho, devorando tudo o que havia no prato.
- Tens de ter muito cuidado a partir de agora.. Ouvi dizer que anda ai um homem que odeia o clã a que tu pertences. – Continuou – Possivelmente, odeia a tua família. E pode vir a tentar algo.
- Amaya-chan, a senhora está a assustar-me. – Suspirava a rapariga dos olhos verdes.
- Desculpa! Ai a minha boca rota, não te devia ter dito isto! – Exclamou a mulher, rindo-se sem que Cho percebesse.
- Obrigada por tudo, vou para casa! – Exclamou, saindo a correr pela porta a fora.
“Tenho de ir para casa, tenho de avisar a minha irmã!” pensava Cho enquanto corria até casa.
Quando lá chegou, abriu a porta e estranhou que tudo estivesse derrubado e partido.
As lágrimas começaram a descer pela face da rapariga, ela sentia medo.
Pavor de que fosse o tal homem que Amaya tivera falado. Então foi a correr para o quarto, subiu as escadas, e quando lá chegou, deparou-se com o pior cenário que vira desde que nasceu.
A sua irmã tivera sido estripada, os seus órgãos encontravam-se fora da barriga, e dentro desta habitava uma grande poça de sangue. Que a cada momento aumentava.
Também se podia ver que a rapariga não tinha pés, nem mãos. Estes tiveram sido cortados. O corpo da rapariga estava repleto de buracos, talvez devido a varias kunais. Mai, encontrava-se deitada em cima da cama.
- Cho.. Meu amor.. O homem.. Ele.. Vi- violou-me– Suspirava a sua irmã.
- O que é que te aconteceu!? Quem te fez isto?! Os pais!? – Gritava a rapariga perante o cenário horripilante.
- Eu só quero dizer que … T-Te amo.. – Disse com alguma dificuldade.
- Não! Mai! Mai! Eu preciso de ti aqui! Não morras.. – Gritou, agarrando-se ao corpo da irmã, esta tinha acabado de morrer.
- Mai! Eu prometo VINGANÇA! Por cada parte do teu corpo, irmã – Sussurrava, enquanto chorava, deitada em cima do corpo ensanguentado da irmã.