O dia nascera nublado naquela manhã. Não havia sol adentrando as pequenas falhas da janela de madeira, por isso acordou um pouco mais tarde do que de costume. Com os lençóis ainda cobrindo seu corpo, levantou de sua cama e foi direto ao banheiro, como sempre fazia. Lá, tomou seu banho e fez todas as limpezas necessárias para o dia a dia. Seus cabelos negros cobriam-lhe toda a testa, e era impossível ver suas orelhas. A sua camisa velha, branca, já era considerada sua segunda pele. Nunca vestia outra coisa. Até mesmo quando precisava lavá-la, ficava sem vestir nada até que ela se secasse. Sua calça jeans também já estava bastante velha, ficando bem folgada e confortável. Do jeito que L gostava. Esse era o seu visual todos os dias. Nunca colocava sapatos, pois achava que isso diminuía o rendimento de seus pensamentos.
Desceu as escadas lentamente. Sua postura era diferente, sempre andava meio curvado com os joelhos dobrados. Talvez devido ao jeito que sempre sentava.
Sua mãe já estava com o café pronto, e o único amigo que tinha já havia chegado a sua casa. Não possuía muitos amigos, pois todos o achavam esquisito por ser inteligente e andar daquele jeito. Mas isso não o incomodava. Na verdade, ter um amigo não fazia a menor diferença. Ele nunca demonstrava afeto pelos outros, mantinha sempre a mesma feição vazia e misteriosa. Mas, pela primeira vez, um amigo lhe faria diferença. Ele sairia com alguém, algo que nunca fazia. Só ia até a academia e depois voltava, e ao se formar como Gennin, não era mais necessário sair sem um chamado do Lider de Oto. Mas sua mãe lhe convencera que devia comemorar a formatura, já que passou com as melhores notas da academia.
Sentou-se na mesma posição de sempre, com os joelhos dobrados, e pés em cima da cadeira, e começou a tomar seu café da manhã. A sua comida favorita eram os doces, não importa qual deles. Por isso, sempre comia bolo de manhã. Sua mãe nunca lhe impediu, pois ele não engordava. Enquanto comiam, assuntos sem sentido surgiam. Seu amigo, Hyuuga Hideki, era extremamente extrovertido. Conversa com todos sobre tudo que era possível. Não passou com as melhores notas, porém era bastante popular. Era até estranho ele e L serem amigos. Um era o esquisito e o outro o popular. Mas o destino os uniu, talvez por alguma razão.
Ao terminarem a refeição, saíram e foram em direção a um bar que Hideki vivia dizendo ser o melhor.
A cada esquina que passavam, o Hyuuga encontrava alguém conhecido. Era incrível a popularidade do rapaz, mesmo andando ao lado de Ryuuzaki. E, todos que ele cumprimentavam, simplesmente ignoravam a presença do Nara. Alguns olhavam com um ar de nojo, até mesmo desprezo.
- Hideki-kun... por qual motivo você anda ao meu lado? - A pergunta surpreendeu o rapaz, que de imediato respondeu: - Eu gosto do seu jeitão esquisito. E é sempre bom andar com alguém inteligente. - Não era um dos melhores motivos, mas ainda sim era um.
O tal bar em que chegaram não tinha nada de especial, pelo menos para L. As pessoas continuaram a cumprimentar Hideki, e algumas garotas até se insinuavam para ele. Afinal, ele era um rapaz bem bonito. Tinha longos cabelos lisos e negros, e seus olhos brancos davam um ar ainda mais "especial". Ele era simplesmente o único Hyuuga de Oto. Se mudara muito jovem, mas ainda tinha boas lembranças de Konoha.
A comemoração só foi boa para seu amigo, pois Ryuu não gostava de sair, muito menos de bebidas alcoólicas. Ficaram um bom tempo no bar, e só voltaram tarde da noite.
Contudo, algo estava estranho. A sua casa estava no mais absoluto silêncio, algo que era raro. A porta de madeira estava arrombada, e ao entrarem, viram os corpos de seus pais no chão, completamente ensanguentados. Os olhos de Hideki se encheram de lágrimas, porém os de L permaneceram iguais. A sua feição não se alterou. Apenas olhava os corpos no chão.
O cheiro ferruginoso dominava o local, e o deixava até um pouco enjoado. Uma raiva inexplicável dominou o Hyuuga, que, com uma voz raivosa, proferiu: - Quem foi o responsável por isso?! - Estava fora de sua razão, e não conseguia ver os detalhes.
- Se eu soubesse, já teria te avisado. - A voz de Ryuuzaki era fria, e incrivelmente calma. - Mas, se olhar bem, verá que há queimaduras no abdômen de minha mãe e no tórax de meu pai, ao mesmo tempo que kunais estão cravadas. Logo, usaram alguma técnica de Katon com armas. - O olhar de Hideki se voltou aos detalhes, mas quando ia falar que isso não significava nada, o rapaz continuou: - Isso não é algo muito comum aqui em Oto. Os habitantes locais não costumam ter como elemento o Katon, e pelo que você me disse, existe um clã em Konoha que o domina muito bem. - As peças começavam a se encaixar, como um quebra-cabeças. - Além do mais, ninguém daqui teria motivo para matá-los, a não ser que fossem criminosos. Mas, ainda sim, criminosos com esse nível de habilidade não são comuns. Matar um Jounin não é comum. Juntando a habilidade com Katon, e o nível natural ninja, existe uma chance de um Uchiha ter cometido o crime. - Era simplesmente inacreditável a sua habilidade de dedução e lógica. - Por isso, Hideki-kun, arrume suas coisas... Vamos há Konoha. - Ao dizer, virou-se e saiu andando, sem demonstrar um sentimento sequer.
No outro dia, a noticia se espalhou por toda a vila. Todos queriam saber quem tinha feito aquele ataque a família Nara, mas ninguém conseguia chegar a um palpite aceitável. O único que poderia descobrir quem foi, era o próprio filho do casal. E, com uma autorização do Líder da vila, L e Hideki partiram rumo a Konoha. Lá seria o lugar ideal para estudar sobre o famoso clã, e pesquisar sobre criminosos. Embora não demonstrasse, estava extremamente determinado a capturar os responsáveis, nem que para isso tivesse que fazer algo que nunca fez: matar.
((off: Ficou meio ruim, eu sei. Faz tempo que eu não escrevia, esse foi um post para desenferrujar mesmo xp.))