Três dias antes do incidente na aldeia…
Chego ao acampamento onde atiro o corpo da jovem Miyuki para o chão misturando-o com um pouco de poeira, deixando-a completamente suja. Eiji, o controlador de marionetas, tinha observado toda a luta e ficado impressionado comigo.
-Vocês esteve bem, Kouta-sama! – Elogia-me após fazer uma vénia mesmo à minha frente.
Olho incrédulo para aquele ser, a fazer-me uma vénia e a acrescentar o
“-sama” ao meu nome como se eu lhe fosse superior de alguma forma. Viro-lhe as costas e preparo-me para entrar na tenda.
-Não me chames isso… Não sou superior a nenhum de vocês! – Peço metendo a cabeça dentro da tenda e dormir um pouquito para logo, logo empreender viagem.
-Mas… Você derrotou-me… Goshujin-sama! – Insiste a rapariga, agora acordada, e a levantar-se enquanto limpa a poeira que se tinha incrustado nas roupas e na pele – Ao derrotar-me, provou ser merecedor de nos ensinar tudo o que sabe!
Hesito o movimento e volto a tirar a cabeça enquanto olho para os dois, isto só podia ser a brincar. Aquela luta toda só para provar quem era o mais forte entre nós, e o mais forte iria ser o mestre deles – Desculpem, mas não concordo com isto… - Comento entrando na tenda por fim e deitar-me no
futon.
O rapaz de cabelos castanhos dá um chuto numa pedra ali perto irritado pela minha atitude e depois coloca as mãos no bolso. A rapariga dá um suspiro e debruça-se sobre uma árvore enquanto massaja o cabelo, pensativa.
-Miyuki-chan, tem a certeza que ele serve para nosso Mestre? – Pergunta o rapaz debruçando-se à beira da rapariga.
-Hai! Só temos que continuar a insistir! – Motiva a Kaguya radiante enquanto Eiji suspira por ter que apanhar um “mestre” complicado.
Quatro horas depois…
Bocejo e abro os olhos lentamente. À minha frente podia ver o tecto da tenda iluminado por uma única lamparina que já estava quase a extinguir-se. Afasto o coberto do
futon enquanto procuro a saída da tenda naquela tarde escura. Quando finalmente a encontro, abro o fecho e conduzo-me até à luz do sol, quente e acolhedora, sento-me à volta da lareira apagada enquanto penso no meu passado, o qual eu não me conseguia lembrar.
-Goshujin-sama… Quer alguma coisa? – Serve-se a rapariga enquanto se senta ao lado dele respeitosamente.
-Hmmm… Para de me chamar assim… - Peço gentilmente, mesmo que isto me esteja a irritar bastante.
Eiji, que estava em cima de uma árvore, observava-nos calmamente enquanto brincava com uns bonecos de madeira e praticava a sua arte invulgar.
-Quer água? Comer? Uma massagem? Eu faço qualquer coisa… Qualquer coisa para o fazer feliz! – Insiste a rapariga levando o termo “Mestre - Pupilo” para muito longe.
Suspiro e levanto-me afastando-me da rapariga, aquela conversa já me metia nervos e ao mesmo tempo sono – Vou passear, e quero ir sozinho! – Aviso ordenando-a para não me seguir.
-Hai! – Obedece a pupila preparando-se para me fazer o jantar, Eiji desce da árvore e faz companhia a rapariga – Oh, és tu Eiji-kun. Queres me ajudar?
O rapaz acena positivamente e ajudam-se mutuamente para preparem o jantar para todos. Enquanto isso, eu dava voltas pelo bosque. Acalmo-me enquanto oiço o piar dos pássaros acompanhado pelo bater de asas para viajarem para os seus respectivos ninhos. Como aquele som era calmo e me fazia esquecer daquela história toda do “Goshujin-sama” que tanto me estava a irritar. Depois de dar um passeio pelo bosque, retorno à tenda onde, Eiji e Miyuki, me esperam com o jantar feito.
-Bem-vindo Goshujin-sama! – Anuncia a Kaguya enquanto se apressa a servir a comida para todos começarmos a comer.
-Parem de me chamar isso! – Manifesto sentando-me à frente deles, podia-se ver a minha expressão totalmente irritada com algumas veias a exibirem-se na minha testa.
A rapariga ignora-me enquanto serve-me o jantar, toda feliz, depois serve ao controlador de marionetas, e finalmente serve-se a ela. Enquanto esta servia os jantares, Eiji não parava de olhar para mim. Desvio o olhar cruzando com o dele, ficamos muito tempo a trocar olhares, nada amigáveis.
-Queres alguma coisa? – Pergunto frustradamente enquanto seguro no prato com comida.
-Nada, nada… - Acobarda-se, ou não, desviando o olhar para o prato que a Miyuki despachara-se a servir-lhe.
-Itadakimasu! – Gritamos em uníssono enquanto começamos a devorar a comida que nos era servida no prato.
O jantar passava a correr, comíamos insaciavelmente enquanto contávamos as nossas histórias, sonhos, e essas coisas… Apesar de eu não ter contado muito pois não me lembro de metade da minha vida, o que desperta uma pequena curiosidade sobre os Nukkenin de Kiri. Estes explicam que eram Nukkenin de Kiri, Miyuki ficara sem um sensei, que tinha morrido, e então passava o resto da sua vida a procurar um que igualara o anterior, encontrando assim Tsutao. Eiji era igual a mim, tinha uma
hitaiate de Kiri, igual à da Miyuki, mas nunca soube que era dessa vila até conhecer a rapariga. Defende que foi a avó dele que lha deu, mas também não se lembra da sua avó. As poucas coisas que se lembra é de ter encontrando a Miyuki e passar a viajar com ela, por onde ela for, ele vai, a quem ela obedecer, ele obedece. Fiquei bastante impressionado com a história de cada um.
Finalmente o jantar acaba, os Nukkenin de Kiri despedem-se de mim e vão para as tendas dormir para acordarem bem cedo de manhã. Não tinha sonho, portanto decido ir dar uma volta pela floresta. Fiquei viciado nestas voltas, mas o que importava era que este ambiente que pairava no ar me era muito familiar. Quando chego a um clarão, sinto um vento pesado a dançar com os meus cabelos, algo de estranho pairava sobre nós.
-Eiji, podes aparecer – Peço ficando de costas para o rapaz que pousa atrás de mim levemente.
-Vais te arrepender de recusar a Miyuki desta forma, não quero vê-la a sofrer! – Adverte o rapaz enquanto pega num pergaminho e invoca uma marioneta, a qual eu denominava de “Barbie”.
-Muito bem… - Participo desembainhando a minha katana e preparando-me para a luta – Pelo menos dá tudo o que tens, defende o que te é importante. Se ganhares eu prometo reconsiderar essa história de ser vosso mestre!
-Então prepara-te para perder! – Avisa o rapaz convencido da sua vitória.
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A luta dos rapazes é postada ainda hoje
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