Kiutchy – Linhas cruzadas
Um jovem moreno caminhava por entre as ruas sinuosas de Amegakure, como sempre, chovia e não se avistava o Sol devido às densas e negras nuvens. Chegava agora a uma praça de comércio, onde se juntavam várias ruas vindas de todas as direções, no centro estava uma estátua. Estátua essa que representava a 3ª Grande Guerra Ninja, ilustrando a figura de Pain-Sama e um grupo de seus seguidores, entre eles o Anjo. O movimento nas barracas dos comerciantes atraiu a atenção de Kiutchy e este olhou para um comerciante que resmungava com uma senhora de idade avançada por algo. Tentando perceber melhor a confusão, aproximou-se. Parecia que a velha queria levar algo, mas não tinha dinheiro para pagar. Sentindo-se na posição de um ninja responsável, o jovem avançou até ao vendedor, e perguntou-lhe.
- Quanto custa isto? – Perguntou olhando para uma bola de queijo escondida nas mãos rugosas da velha. O vendedor indicou-lhe a quantia e o moreno retira umas quantas moedas do bolso e pousa-as na mão do outro. Dando meia volta foi-se embora, deixando a velha perplexa.
Atravessou a praça e dirigiu-se para uma rua, de repente estancou. A velha agarrou-o com uma força surpreendente para o seu aspeto. Olharam-se nos olhos e esta disse numa voz rouca.
- Vem comigo! – O jovem foi puxado indo parar a uma rua estreita e muito pouco movimentada, onde apenas estavam eles dois. De repente a velha desfez-se numa nuvem branca e de lá surgiu um jovem que estava a tossir fracamente.
- Aí, aí. Custa muito fazer isso. – Disse a voz de uma pessoa que Kiutchy não ouvia desde que se tinha formado Gennin.
- Gomitzu! Que é feito de ti!? – Exclamou contente por ter encontrado um companheiro da Academia Ninja que até simpatizava.
- Mais baixo! – Indicou arrastando o moreno mais para o centro da rua. – Não sou… muito bem visto por estas bandas.
- Então porquê? – Perguntou o outro ainda contente.
- Por causa do meu pai.
- O teu pai? O que tem ele haver com isso? - Pergunta Kiutchy franzindo a testa.
- Ele tem tudo haver. - Responde. - Sabes uma semana depois de nós nos termos formado na Academia a minha mãe… morreu. – Disse simplesmente. – Bem, o meu pai está a reagir muito mal. Anda passado! refugiasse em casa longe de tudo, passa o tempo a gemer e quando falo para ele, grita-me e manda-me para o meu quarto. Assim tenho vivido nas ruas, roubando o que consigo e alimentando-me. De noite volto para casa exclusivamente para dormir, e tranco a porta do meu quarto! É claro que também tenho de roubar para ele comer, porque senão morria á fome.
Kiutchy ouviu aquilo tudo com um grande pesar, e arregalando mais os olhos a cada palavra que era dita. Então isso fez-lhe lembrar os seus pais adoptivos, Hotaru e Kuchima, que lhe haviam escondido o facto de que ele não ser o seu verdadeiro. Voltando ao presente e pensando na situação do seu amigo, perguntou-lhe.
- De que forma te poderei ajudar? – Pergunta Kiutchy um pouco nervoso.
- Não te preocupes comigo! Eu arranjo-me. – Disse com um sorriso na cara. – Agora o que é feito de ti? Ninguém sabe o que te aconteceu depois de sairés da Academia!
- Antes disso vamos sair deste beco, estou farto de estar aqui! – Disse o moreno puxando o outro pelo braço, mas este travou-o.
- Não posso, não ouviste!? Tenho má fama, por esta zona da vila. – Disse largando o braço de Kiutchy com força.
- Eu arranjo uma solução. O que me dizes de te transformares na mesma velha de antes? Assim posso falar contigo abertamente. – Opinou Kiutchy. Gomitzu fitou-o por um instante e depois, por entre uma nuvem branca, surgiu a mesma velhinha de antes.
- Muito prazer! – Disse puxando-o para fora daquele beco e indo parar a uma rua muito movimentada naquele momento. As pessoas que passavam que por ali naquele momento, olharam para o estranho aparecimento daqueles dois sujeitos na rua e ficaram escandalizados. A princípio não percebeu porquê, mas depois tudo se esclareceu. Estava de mão dada a uma velhinha e tinham acabado de sair de um beco escuro e estreito, o que haveriam de pensar as pessoas. “Perversos!” pensou ele, enquanto a velha a seu lado se desmanchava em risos. Correram dali, com Kiutchy a arrastar a velha e embrenharam-se na multidão que por ali passava, nesse momento ele largou a mão a Gomitzu, que continuou a rir durante longos minutos. Depois de recuperar, o moreno explicou-lhe o que se sucedeu na sua vida. Desde o encontro com o seu mestre e apreensão nutrida por ele no começo, a revelação de que era filho adoptivo dos pais que sempre pensarem serem “reais”, ás quais Gomitzu fez muitas perguntas. Falhou-lhe sobre a sua fuga de casa e a vida com Belton, até aos planos que têm para a saída da vila.
- Vais fugir da vila? – Pergunta a outro arregalando os olhos.
- Eu não vou… fugir. É mais, sair por uns tempos, vou procurar a minha verdadeira família e o Belton vem comigo! – Informou.
- O meu maior sonho era abandonar a vila e visitar todo o mundo, passar por todos os oceanos, vilas, países… Gostava de ter experiências com outros povos e as suas culturas…- Falou Gomitzu, mas não era para Kiutchy, parecia que estava a falar para si mesmo, mas em alto som.
- Então até podias vir connosco! – Exclama o moreno. Aí o outro volta à realidade.
- Hã, o quê? Sim, sim gostava muito! – Branda.
- Vamos falar com o Belton! É perto daqui! Andamos dois quarteirões, depois viramos á esquerda e é lá…
Uns metros á frente ouvem alguém a gritar.
- Anda cá seu ladrãozeco! – Os dois seguem o olhar para a origem do som e descobrem um mercador a correr na sua direção e a fixar o olhar em Gomitzu, como que para ele não fugir. Agora que Kiutchy dera conta, ele já havia voltado á forma original, porque também se encontravam já uns quilómetros afastados da praça dos comerciantes. O mercador continuava a correr na sua direção.
- Hã, desculpa Kiutchy, tenho de ir. Vemo-nos por aí! – E com isto saltou muito rapidamente e fugiu dali. Kiutchy ficou a ver o seu rasto no ar, mas depois também se apressou a fugir, porque não queira atrair confusões…
Continua…