F7 - Nas neves de Frozen

Auron encaminhou-nos para uma sala de reunião, onde eu, Itachi e ele nos sentamos. À nossa volta eram visíveis quadros e estatuetas de seres com um ar divino, decorando a sala.
- Auron. Conta-me sobre essa tal profecia – pedi-lhe, ansioso por ouvir a verdade por detrás de tudo.
- Bem, tudo começou com o Criador, o deus responsável pela criação de todas as coisas…

Meses depois

“DIA 297

Mais um dia… perdido neste branco eterno e gelado, que me congela o próprio ar que respiro e o sangue que me corre nas veias. Não sei onde estou nem de onde vim, pois a neve apagou o meu rasto. Isto, que supostamente seria um treino, é me ainda uma incógnita. Diferente de todos os outros, este treino era especial. Não me disseram qual o objectivo, de facto, nem sei como vim aqui parar. Acordei a muito tempo, na neve… Mas não era tão fria como esta. Caminhei, provavelmente, milhares de quilómetros para norte e a única coisa que se avista é uma montanha no horizonte. Passei por árvores pintadas de branco e por vales da mesma cor. A comida é escassa, muito, e não fosse o meu elemento o Katon e já teria morrido a sede e ao frio. Hoje caminhei mais alguns quilómetros para norte, mas a montanha, parece continuar tão longe como no primeiro dia que a vi. Estou novamente num vale, eternamente branco, onde não há sinal da mais pequena forma de vida. E por aqui fico por hoje, diário.”

A esperança de ter um amanhã melhor ou apenas mais quente, já à muito tinha deixado para trás, quando ao olhar para o topo da gigantesca montanha reparei num pequeno pormenor, que nunca tivera visto antes. Um castelo, de grandes proporções também, elevava-se no cume.
- Um castelo!? – pensei, cheio de esperança ao ver sinais de vida humana – É agora ou nunca.
Movimentei-me usando o Shunshin, rapidamente, em linha recta. Ia feliz e despreocupado para a salvação e nem me apercebia que o chão debaixo dos meus pés não era um vale, mas sim um enorme lago congelado.
Crack, crack, CRACK! O gelo rachou e abriu-se uma enorme fenda. Por sorte, consegui usar o Mizu Kinobiri a tempo, para andar sobre a água. Mas essa seria a menor das minhas preocupações. Mal sabia eu o que tinha feito. O gelo debaixo de mim começava a abanar violentamente e mais fendas se abriram, por todo o lado. E então, das águas ascendeu a maior criatura aquática de todos os tempos. A cabeça de um Tilossauro elevou-se, quase tão alto como a própria montanha.
- Ai, fodasse!
O seu olho que seria apenas um pouco mais pequeno que eu, moveu-se e focou-se unicamente em mim, abriu a sua enorme boca e mostrou os dentes, virando a cabeça rapidamente na minha direcção.
- Ai, fodasse! CORRE!
Comecei a correr, o mais depressa possível tentando contornar a besta, que começou a seguir-me, velozmente, abrindo caminho através do gelo, como se ele não lá estivesse. O gelo vibrava furiosamente e dificultava a corrida. Criei vários clones para o confundir e afastei-me o mais rápido que pude. O tilossauro devorou os clones e voltou à perseguição. Corri sem parar, durante algum tempo até me aperceber que estava a ficar muito próximo da longínqua montanha. Há quanto tempo estaria a correr?
- Merda, merda, merda, ele vai me apanhar se eu tentar subir a montanha. Tenho de fazer alguma coisa.
Tirei as minhas correntes e atirei-as para trás, criando rapidamente dois clones, que as agarraram pelas pontas, fazendo-a passa entre a boca do enorme animal. Criei mais dois clones para ajudarem a puxar as correntes e amarraram as correntes à cauda do bicho, impossibilitando-o de fechar a boca, ou seja, de me devorar. Aproximei-me, calmamente, caminhando sobre as águas geladas.
- Deste me algum trabalho, seu malandreco. O que achas de eu te tornar no meu jantar agora?
De repente, a criatura furiosa que se tentava soltar ficou calma e submissa.
- Faz o que quiseres – disse o animal, baixando a cabeça.
- Mas…tu falas? – perguntei, atónito.
- Claro que sim, nunca viste um animal a falar?
- Não é muito habitual, principalmente depois de me tentarem devorar – respondi-lhe.
Seguiu-se um silêncio estranho que foi interrompido pelo tilossauro.
- Então vais matar-me ou deixar-me aqui até que as minhas entranhas congelem?
- Vou deixar-te viver, mas – puxei a minha Zanbatou e com um golpe rápido, fiz-lhe um corte superficial, na zona de um dos olhos, que por pouco não o cegou – mas, agora vais viver com essa marca e se por acaso nos encontrarmos outra vez, reconhecer-me-ás como teu superior e…
Não consegui acabar a frase, pois alguém que assistia à cena ali perto, decidiu intervir.
- NÃO O MATES! – gritou um homem, que surgiu da neve, vestido com um robe branco e com um capuz que lhe escondia a cara.
- Nem tinha intenções de o fazer – respondi-lhe, friamente – E quem és tu?
- Tudo a seu tempo… – disse o homem – Deixa o Frozen voltar ao seu mundo e vem comigo.
- Porque haveria de ir contigo a onde quer que seja? – questionei.
- Porque vieste aqui ter comigo, para completares o teu treino, Kride – respondeu o homem – Vamos até ao templo e pelo caminho, poderás contar-me como raio conseguiste controlar o Frozen sem ajuda do cristal.
- Então finalmente cheguei ao destino? E que merda é essa do cristal?
- Quando chegarmos lá acima, vou-te explicar tudo.
- Okay, vou contigo, mas nada de brincadeiras ou corto-te a cabeça – concordei então, em acompanha-lo ao “templo”.
Comecei a caminhar na sua direcção, mas Frozen chamou-me.
- Kride, venceste-me…Embora já não esteja novo e não te sirva de nada, outras criaturas do meu mundo poderão ajudar-te e em breve quando morrer, o meu filho, que apenas nascerá no dia da minha morte, poderá servir-te. Eu estarei também dentro dele e por isso, ele estará sempre em divida contigo por me teres poupado a vida – e de seguida, cuspiu algo na minha direcção. Agarrei o objecto com a mão esquerda e observei-o. Era um pergaminho. – Peço-te que apenas o uses quando necessitares realmente de ajuda e que não o abras em lado algum perto deste tempo, estas pessoas não são de confiança.
- Isto tudo porque eu te venci? – perguntei.
- Não, porque, tu tens os olhos do meu mestre – respondeu-me.
- Os olhos do teu mestre? Quem?
- O meu antigo mestre, viveu à milhares de anos atrás e tal como tu, tinha os olhos da deusa Etro e por mais estranho que pareça, também ele se chamava Kride.
- Então essa treta da deusa Etro é verdade?
- Parcialmente, mas não acredites em tudo o que te dizem, principalmente esses aí. Toma cuidado. De qualquer das maneiras, como és o meu novo mestre agora, poderás comunicar comigo através de telepatia.
Retirei-lhe as correntes e despedi-me dele. Segui com o homem de branco, com a estranha sensação, pois as palavras do Frozen não me saíam da cabeça. Depressa chegamos ao topo da montanha e demos de caras com a fortaleza de pedra.
- Este é o templo de Gelo – disse o homem – e eu sou Kashino, um dos sacerdotes. Aqui dentro, irás finalizar o teu treino como escolhido dos deuses. Vamos entrar, o teu destino espera-te.

Uma fortaleza no meio do nada, algures no norte, rodeada por milhares e milhares de quilómetros de neve, que não aparecia em nenhum mapa do mundo que alguma vez tivera visto, esperava-me. O que será que me espera? Que raio de treino é este no meio do nada?