O acampamento era mais a sul, no meio da floresta, e lá não havia neve. Os fogos dos elfos ardiam durante dia e noite e todo o branco derreteu. As tendas de um lado pareciam fazer parte da floresta e parecia que se tinha erguido com as árvores, quando estas nasceram. Do outro, eram diferentes, contrastavam imensamente com a floresta, dando a entender que eram dos homens e anões. Alguns homens encontravam-se a afiar as suas lâminas e os anões contemplavam os seus machados. No entanto, os elfos eram mais pacíficos. Viviam em harmonia com a natureza e ouvia as árvores a falar. Eram elegantes no caminhar e eloquentes no falar. Mas as elfas eram o que mais encantava aquele cenário.
Vestiam sedas delicadas e eram dotadas de uma beleza inconfundível. Embora soubessem manejar os arcos, não lutavam, pois os homens não o permitiam. Faziam pão dos elfos, cozinhavam e ainda faziam vinho e cerveja para os guerreiros.
Naquela noite em especial, todos bebiam e comiam, gritavam alto, já bem embriagados, celebrando a vitória sobre os sacerdotes. Nessa mesma noite, bebi também com eles e competições foram feitas até muitos caírem no chão, derrotados pelo álcool.
Na manhã seguinte, atormentados pelo álcool da noite anterior, acordamos, dolorosamente, ao raiar do sol, mal-humorados. Comemos pão e bebemos cerveja e depois fui convocado por Legolas e guiado à sua tenda por dois elfos.
- Aaye, Shinobi – cumprimentou-me.
- Vedui – retribuí.
- Vejo que dominas a nossa língua – disse.
- Nem sei como, as palavras simplesmente saem, ou entram, porque percebo tudo o que vocês dizem também – respondi.
- Isso será bênção de Gaia, deusa da Vida e da Floresta – disse-me.
- Gaia? Eu, supostamente, seria o escolhido de Etro, a deusa da morte – respondi-lhe – O que terá a Vida a ver comigo?
- Tudo, mellon. Não somos escolhidos por um deus ou deusa. Fomos escolhidos pelo lado bom – respondeu-me – Etro e Gaia são as melhores amigas e vivem num ciclo vicioso. Uma dá, a outra tira…Mas de qualquer das maneiras, Gaia, deu-te a língua dos seus imortais e os ouvidos da floresta. E tal bênção, faz de ti um de nós, irmão da floresta – calou-se e depois prosseguiu – Mas devo perguntar-te, o que fazias tão a norte? E qual a tua relação com aqueles que encontramos em batalha?
- Receio ter sido enganado e manipulado pelo nosso inimigo comum – respondi-lhe – De qualquer das maneiras, estava em treino, na Kitetsu Ryoken e de repente acordei aqui, no Norte. Foram dias frios. Não vejo a minha família à, praticamente, um ano.
- Não deverás vê-los de novo, nos próximos tempos – disse ele – Agora é altura de enfrentar o inimigo.
- Eu tenho de os ver – respondi-lhe, rapidamente – Eu levei o meu sensei a acreditar neles também e ele é um Shinobi poderoso. Não seria nada bom se ele estivesse do lado do inimigo quando o defrontarmos.
- Então marchemos para Sul. Entretanto, treinarás comigo e com Basch. Eu ensinar-te-ei os segredos das armas dos elfos – e tirou duas espadas da bainha, que estavam presas à cintura pelo cinto – Aprenderás a manobrar isto e o arco e a ouvir com as árvores. E Basch ensinar-te-á a seguir rastos, escutar os inimigos e a arte da camuflagem.
- Ok – acenei com a cabeça e depois uma duvida surgiu-me – Espera… quais são os objectivos do inimigo? O que é que eles vão fazer?
- Pelo que sabemos, eles estão a tentar dominar o mundo, tornando-o um só. Um único país onde não existiria guerra, apenas medo. São parecidos à Akatsuki, que deves lembrar-te, sendo tu um Shinobi. Eles planeiam trazer criaturas para este mundo, criaturas vis que, muito antes da Idade do Homem, caminharam sobre este planeta. Os nossos piores pesadelos. Mas se reunirmos homens a tempo, conseguiremos impedir que isso aconteça – Depois silenciou-se por um pouco e depois continuou – E mais uma coisa, se eles não conseguirem concretizar os seus planos, pretendem trazer Bernubenzei de volta.
Engoli em seco. Ele não podia regressar, seria o fim do mundo.
- O problema é que se eles tentarem isso, não sabemos como o farão – disse Legolas – E como para-los a tempo…
- Eu sei – interrompi – Interroguei um deles à cerca de um ano atrás. Eles estão a construir uma arma, uma bomba tão devastadora que poderia destruir um país com apenas uma unidade – O elfo olhava-me, incrédulo e com uma expressão um tanto assustada – Não há maneira de parar a bomba depois de ser lançada… Mas, ainda estão a desenvolvê-la, o que nos dá tempo para nos movermos.
- E onde ficam os seus esconderijos? – perguntou-me, preocupado.
- Não sei.
- Como assim, não sabes?
- Não sei onde se encontram, mas poderei descobrir mais sobre a localização deles em Konoha.
- Então marchemos para o País do Fogo, o mais rápido possível! – gritou. Saiu da tenda e continuou a berrar – Basch! Kasil! Reúnam os vossos homens e guardem os vossos haveres. Hoje marchamos para Sul! Explicar-vos-ei pelo caminho!
A calma do acampamento desfez-se e homens e pequenos homens correram em todas direcções, agarrando espadas e machados, deitando tendas ao chão e apagando fogueiras, guardando comida para a viagem e depressa estava tudo pronto. Trouxeram-me um cavalo e eu montei-o, e juntamente com Legolas, Basch e Kasil cavalguei, na frente do pequeno exército que nos seguia. E de repente tudo tinha mudado, o destino do mundo estava nas nossas mãos e toda a restante população estava alheia ao que se passava. O que encontraríamos no Sul? Estaria Konoha como de antes? Teria havido algum progresso na criação da bomba? O que quer que fosse, não o podíamos evitar…
Este agora foi pa encher chouriços, para preparar para o proximo, enjoy