Num movimento trémulo o pequeno rapaz levantou-se, desorientado, com uma dor de cabeça incessante, apoiando-se primeiro nas suas mãos e mudando o seu ponto de equilíbrio pouco esclarecido para se colocar numa posição mais vertical. A palma da sua mão esquerda tentou encontrar alguma parede onde se apoiar mas apenas encontrou uma ausência de tudo, fazendo com que o rapaz caísse para o chão. Levantou-se mais rapidamente agora, levando a mão à cara assim que chegou a uma posição mais vertical, pois uma flecha de dor o penetrava novamente.
Um mês antes– Biblioteca do clã Já passava alguns dias sem ver aquele brilho. Brilho situado na palma da sua mão, símbolo do Poder entre os seus – o Iseeshon. Alguém que possuísse aquele rasgo de luz delineado na pele seria de certeza alguém de um estrato superior. Não fisicamente superior, em vez disso, um “ver o que mais ninguém consegue ver” tipo de poder. Liro retirava das imponentes estantes um livro, cuja capa preta com pormenores em azul, detalhadas com safiras era aberta com a junção do polegar e do indicador na mesma, mostrando uma folha completamente branca. Percorreu mais algumas páginas, todas elas em branco. Parou no meio do livro e colocou lá a sua mão que brilhava.
- Eshaku Nushi – que por palavras comuns se traduziam por “Estou aqui.” Mas que de certa forma só poderiam ser ditas para saudar alguém de um estrato superior. O patamar de um Deus. – Temos de falar sobre Seyur. – mencionava seu filho
Poseidon emergia no olhar de Liro. – Eshaku Daisei – retribuiu ele – Suponho que podemos.
- Eu sei que sabes o que Denkou quer. De que lado estás afinal? – Parecia se ter esquecido de todas as formalidades anteriores e fora directo ao assunto como falando com alguém com o mesmo poder.
- Não te dirijas a mim dessa maneira. Já não crees em mim, no que sou capaz? Sou o teu Deus. Posso te retirar tudo, basta querer. – disse calmamente
- Sobre a minha alma extinta, apenas. – atacou ele através de algumas palavras – Seyur viverá, sejam quais forem os teus interesses.
- Os interesses que não são só meus. Os de Denkou precedem a própria Guerra. Eu sou apenas uma ligação entre o meio e as consequências, tirando partido de alguns benefícios. E as consequências podem ser mais graves do que imaginas se te impores no meu caminho. Eu tracei uma evolução irrepreensível para o teu filho e Denkou é um mero obstáculo que ele irá ultrapassar para concluir a sua aprendizagem. – pausou durante um momento e voltou a projectar a sua voz épica - Vai retirar uma lição muito importante, depois disso, poderá escolher dois caminhos. Denkou é só um peão meu para atingir um fim.
- Quais caminhos? – inquiriu o pai de Seyur –
- A morte ao meu lado…Ou a morte ao teu lado. – proferiu
Liro descobrira que Denkou conspirava junto com o Deus do Mar em prol da sua morte e do seu filho, sem saber os motivos lança-lhe uma ameaça – Denkou irá cair e ele será o próximo.Passado recente – Na dimensão dos Oceanos
Seyur olhou para a sua mão, sentiu o seu pulso coordenado com o palpitar do selo que brilhava e se apagava num ritmo demarcado pelo seu coração, esse ritmo ia ficando mais rápido chegando ao ponto em que era impossível perceber-se o intervalo de tempo entre essas palpitações. À medida que as mesmas iam crescendo sentia a vida a abandonar o corpo do seu pai enquanto ele proferia, aquelas que iriam ser provavelmente as suas últimas palavras enquanto espírito presente no corpo.
- Futatsuu Soshoou (Primeira absorção) – sussurrou com as últimas forças. Uma onda energética azul passou por todo o corpo e acabou num fio de luz apagando-se no selo, como de uma força magnética se tratasse. Seyur juntou a palma da sua mão com a do seu pai, pressionou com força e num misto de lágrimas e raiva gritou. A onda de energia azul volto a sair do selo, dispersando-se do mesmo empurrando a vegetação baixa à volta dos dois corpos e enquanto um desses ficava inanimado o outro ganhava uma nova força. Provavelmente a força que faria com que Seyur continuasse a caminhar em busca de uma explicação.
Seyur utiliza o seu selo para absorver alguém, indistinguível para quem via devido às feridas mas bem familiar para o Chibi, quem seria? O que lhe tinha acontecido?[/i]
- Então parece que devemos colocar um ponto final nisto – assim que estas palavras foram ditas pelo Deus, quatro pilares surgiram à sua volta, Seyur empunhou o seu tridente, Liro deu alguns passos para trás fazendo alguns fios de água se levantarem à sua volta, Suiho surgiu à frente do seu mestre preparado para a batalha de uma vida.
- Morrerão juntos, pateticamente. Da mesma maneira patética que nasceram para me fazer viver. – dita a última frase, o Deus do Mar lançou um tornado de água sobre os três varrendo completamente a área, destruindo os vidros que ostentavam o glorioso palácio debaixo de água levando os heróis até à superfície.
Daí, só escuridão.
E nenhuma luz deverá ser vista.PresenteNon videbit lúmen“Eu sou a própria luz.” pensou. O selo na palma da sua mão começou a brilhar, um forte azul atingiu a parede iluminando-a. Na mesma, algumas palavras escritas numa caligrafia antiga ficaram visíveis ao Chibi que as leu num sussurro
“Captivus in aqua”Nesse momento ouviu alguns passos, fechou uma mão contra a outra para que a luz se detivesse, para que ficasse escondido. Algumas figuras passaram calmamente por Seyur sem repararem na sua presença. Mesmo antes de sair do seu canto obscuro onde se ocultava uma porta abre-se, deixando entrar um rasto de luz no quarto. O Chibi empurrou ainda mais o seu corpo contra a parede de maneira a permanecer na escuridão que ia diminuindo à medida que a porta ia abrindo. Parou, esperou e ninguém passou pela porta, agora esta começava-se a fechar. No entanto lá havia luz, luz era bom certo? Foi o que pensou pelo menos. Num movimento rápido, mas de alguma forma desequilibrado, o rapaz lançou-se com num salto ágil terminando com uma cambalhota para ultrapassar a porta que se tinha começado a fechar.
E os seus olhos não podiam acreditar no que via, uma pessoa mutilada cujo sexo era impossível de distinguir pois o corpo estava sem nada da cintura para baixo, cheio de marcas de dentes no rosto, com gigantes falhas ao longo do tronco de mordidelas, deitada em posição fetal, sem vida. E em cima dessa pessoa outra com um ar selvagem, apoderando-se freneticamente da carne que restava do corpo. Seyur lançou-se para a esquerda escondendo-se atrás de um dos pilares de um gigante edifício, ostentado por colunas de pedra cinzenta cobertas de sangue, vários corpos estavam espalhados ao longo do extenso chão, uns com Hitayate ninja outros não, mas de certeza cheio das mesmas bestas idênticas à que Seyur estava observando.
Escondeu-se, mas tarde de mais – já tinha sido visto.
- Isto é o que eu guardo para ti Seyur – ouviu uma voz dentro da sua cabeça – uma busca pela sobrevivência incessante que irá levar-te a demonstrar que és idêntico ao que acabaste de ver – uma besta. Todos eles, manipulados pelo Iseeshon. Tu serás o próximo, levará o seu tempo. Perecerás tal como o teu pai.
- Spoiler:
Decidi dar um pequeno heads-up no inicio do filler, visto não escrever aqui já há meses. Tentei dar algumas indicações sobre o que aconteceu. Quem quiser saber mais sobre o Seyur -> http://www.narutoportugalrpg.com/t8050-seyur#93701 <--- here you have. O filler inicia-se no mesmo tempo em que acaba - no Presente. O meio do filler é marcado por episódios anteriores na saga.
Bem, hope you've liked