Amanhecia mais uma vez, o sol atrás das montanhas revelava-se preguiçosamente escondido pelas nuvens chuvosas, gotas de fogo caiam no chão.
O céu incendiava-se banhado pela água das nuvens que eram iluminadas pelo sol vemelho, naquele pequeno instante o mundo cobriu-se de laranja para festejar a festa nos céus, um incêndio de beleza, um mar de fogo. As gotas de chuva caiam no chão em um chiado pouco audível, aos olhos de quem via pareciam mais gotas de fogo invadindo a terra a partir do mar que se estendia nos céus, uma imagem bela, triste, mas bela.

Os passos ecoavam naqueles corredores escuros e o vento frio da matina incandescente uivava com augúrios e xingamentos medonhos aos ouvidos, Datte tragava fundo o cigarro e exalava uma fumaça malcheirosa de sua boca. Ao seu lado um homem com uma máscara de ferro caminhava em um silêncio tenso olhando hora ou outra para trás assegurando-se de que ninguém os seguia.
- Ele provavelmente está atrás desta porta. – Ele apontou para o fim do corredor escuro onde havia uma porta de madeira semi-aberta. – Deve estar nos esperando.
- Tem razão, estava tudo aberto, porta e janelas... – Datte tirou o cigarro da boca, jogou ao chão e pisou em cima para apagá-lo. – Come on.
Shounan apressou o passo e lentamente empurrou a porta semi-aberta. Era uma sala-de-estar rodeada por estantes de livros empoeiradas, à esquerda um sofá de cores frias banhava-se com a escuridão e no chão carpetes belos ao ver decoravam o recinto. A penumbra noturna só era mesmo aplacada por uma lareira que ardia em estalos e labaredas ali perto.
Um homem observava o fogo de costas para os dois que entravam no cômodo, ele bebia um copo de whisky alheio aos intrusos, e sem nem mesmo desviar o olhar começou a falar:
- Finalmente estamos aqui. – E deu um gole. – O filho e o amigo que me traiu... – então virou-se apresentando seu semblante casado e um esboçado sorriso educado. – como vai, meu velho amigo, continua sendo aquele garoto inocente? –Ele gargalhou um pouco, o que era raro.
- Você enlouqueceu, Ryo? Será que arrependeu-se de tudo? – Shounan soltou uma risadinha sarcástica. – É esta a desculpa para evitar sua morte?
Datte observou o comentário com a frieza eterna em seus olhos, sabia que aquilo era apenas um artifício para provocá-lo, uma estratégia clássica.
- Talvez... Você esteja certo. – Ryokaru falou e imediatamente Datte sentiu o impacto do inesperado, ergueu as sobrancelhas surpreso e engoliu em seco. – Ontem... Eu descobri algo que fez toda a minha vida perder o sentido... Vocês conseguiram, afinal, eu estou morto agor...
- CALE A BOCA! Não pense que será tão fácil assim livrar-se dos seus crimes! Não é como se pedir perdão ajudasse em alguma coisa... Montros... – Datte foi interrompido em seu devaneio furioso.
- Monstros não têm direito a perdão? – Ryokaru falou rápido, prevendo as palavras do ruivo e deixando-o boquiaberto. – Eu sei muito bem, garoto, fui eu quem o jogou para este lado mesmo, então venha, atravesse meu coração. – E abriu os braços tal como um ator em um filme.
- Deixe de brincadeiras... Não nos faça os vilões desta historia. – O Chuunin balbuciou irritadiço.
- Espere Datte, não o mate ainda, eu tenho alguns planos antes de matá-lo. – Shounan falou com uma calma eterna.
- Você tem razão... Antes de tudo, eu gostaria de saber algo. – Datte sussurrou audívelmente.
- Cale-se, Datte, você não precisa perguntar isto. – Shounan falou com seriedade.
- Porque? Me diga, pai, porque? – O ruivo falou.
- Datte... Chega...
- Porquê diabos você tinha que matar minha mãe!? Porquê?! Diga! – E por fim, o rapaz gritou furiosamente.
Um silêncio constrangedor perpetuou-se durante alguns segundos, Ryokaru olhou ao filho com olhos curiosos, indagativos. Shounan pôs uma mão na face e retirou a máscara mostrando sua face petrificada pela seriedade.
- Então... Você não sabe... – O pai de Datte disse lentamente. – Isto explica muitas coisas, muitas coisas MESMO.
- Como assim? Conte-me, maldito.
- Ok... Isto já foi longe demais, vamos cumprir nosso objetivo logo, Datte, ele não quer mostrar resistência, vai ser rápido para matá-lo. – Shounan insistiu mostrando certa urgência na voz.
- Não não... Agora eu quero saber de tudo... Deixe-o contar, Shounan-sensei. – Datte ergueu a mão e pediu em gestos para Shounan adiar os movimentos.
- Você está sendo usado, garoto, eu descobri isto ontem através do próprio kage... Você não sabe, mas s...
As palavras de Ryokaru foram extinguindo-se à medida que a lâmina ia sendo penetrada em seu peito, Shounan surgia em um rapidíssimo movimento tendo uma katana semi-afindada no peito do pai de Datte.
- Eu disse, Chega! – Ele retirou a lâmina e observou o homem que outrora falava cair no chão cuspindo sangue.
- Mas o que?! Seu... Maldito! Porque?! Deixe-o falar! – Datte gritou frustrado vendo o homem cair no chão, correu e ajoelhou-se ao seu lado afim de ouvir mais algo.
- S... S... S-sua... M-mae...Está viva... C-cira e-está... – Ele sussurrou entre crises de tosse repletas de sangue.
- Mas que droga, Datte... Eu disse que era para você parar... Agora terei de lhe matar também! Você sabe o quanto isto é chato? – Shounan disse alguns metros dali, com a katana que usou para perfurar Ryokaru em mãos.
- O que diabos você esta dizendo agora, Sensei? – Datte virou-se para encarar o mestre, mas seus reflexos o mandaram abaixar-se instantaneamente, pois uma coluna de fogo vinha em sua direção e só não o atingiu por ter saído do caminho a tempo.
- Mas o que?! Explique-se! – O ruivo gritou.
- v... Você foi traído... – Ryokaru sorriu entre o sangue que saia de sua boca. – Shou e Cira Es... Estavam juntos desde o começo... Você n-não sabe... nem da metade... Isto é algo muito maior...
- Mas o quê!? Com... – Datte foi interrompido por duas lâminas que atravessavam respectivamente sua garganta e seu coração. As lâminas foram retiradas com brutalidade e Datte caiu no chão entre tremedeiras e espasmos onde seu sangue o engasgava, seus lábios mexiam tentando desesperadamente dizer “Porque?” e lágrimas saiam de seus olhos enquanto ele observava o seu mestre, aquele que tanto tinha feito por ele, cometer esta traição tão inesperada.
- Bom, eu tentei, Datte... o plano era trazer você para o nosso lado da força, nós somos a Rize, e iremos dominar todo o mar do leste do mundo. – Ele olhou a ambos, pai e filho, com olhos inexpressivos. – Agora que matei um grande Jounnin e um chuunin da vila, terei que fugir daqui, mas não se preocupe, eu cuidarei da sua mãe, claro, se ela não me matar antes, adiós Datte, foi divertido brincar de sensei e pupilo com você. – E com um aceno desapareceu em uma nuvem de fumo.
Datte olhou para o teto daquele cômodo, o fogo começava a pegar nas paredes e queimar as cortinas, muito provavelmente estaria carbonizado no fim do dia, aliás, nem se preocupava mais com o fogo, pois não conseguia respirar, e sentia o sangue escapar de seu coração literalmente partido.
Seus olhos fecharam-se lentamente enquanto uma calorosa e confortável escuridão descia sobre seu corpo, a dor sumira e os pensamentos tristes também, apenas a sensação de que poderia finalmente livrar-se daquele círculo de ódio permeava em sua mente, adeus mãe, pai, shounan, Kariya, Kei... Estava tudo acabado, afinal.


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fim da saga inicial, bom, quem leu vai com certeza dizer que foi um fim meio "meh", e eu concordo, eu já não tinha paciência para escrever em um enredo tão clichê como esse, então é isso, hora de renovar tudo, nova saga, nova aparência, nova vida \o/

Datte morreu... What a shame, mas foi uma reviravolta interessante que merecia uma história a explicar. Contudo eu ainda acho que não é o fim de Datte, é esperar para ver ^^

Please continue ^^

como assim? achaste as explicações insuficientes? ficou confuso?

Também não acredito no fim do Datte, hoho.
Gostei do filler, meio Wtf, mas acredito que venha mais
continua

Drow elf escreveu:

como assim? achaste as explicações insuficientes? ficou confuso?

Só fiquei confuso pelo facto de não dares a certeza se é mesmo o fim de Datte .

Embora eu não tenha lido os fillers anteriores e por isso tenha passado um pouco ao lado daquilo que os personagens disseram, gostei do filler e acho que foi uma boa maneira de terminares a saga. Só acho que talvez tenhas feito as coisas um bocado à pressa mas lá está, como não sei o que aconteceu para trás também não posso avaliar muito bem.

Amanhã leio os outros dois fillers que já tens postados ^^