A mulher de seios fartos gritou atônita; Não tinha para onde fugir. Eis que Tonegawa Daiki, o herói, o exemplo de homem para aqueles em fase de crescimento que sonham em ser uma boa pessoa, surge após um deslumbrante salto e em uma série de céleres movimentos com mãos e pés derruba uma dezena de cafajestes sem tomar um golpe sequer. Ele salvou a garota com estilo. Até que sente algo tão gelado tocar seu rosto que na hora tomou-se por uma tremedeira. Seu mundo balançou e tudo começou a desmanchar enquanto aquele líquido pouco a pouco alcançava a metade de seu tronco. Uma engasgada e tudo fica claro. Daiki por alguns minutos se perdeu em seus sonhos e a prestativa Masaoni Kaede acordou-lhe, sem hesitar.

- Você não vai dormir o dia todo, vai?

- Sendo acordado de uma maneira tão sutil provavelmente não. - Respondeu Daiki com os olhos semi cerrados e olheiras que não escondiam o cansaço de poucas horas de sono. - Bom, vou sair para um ar fresco.

- Onde pensa que tá indo? - Questionou a garota da cabeleira vermelha.
Daiki girou a cabeça e a encarou com um olhar pesado, de alguém que não se importava:

- Vou sair. Algum problema?

- Combinamos de treinar. Você já não treinou ontem.

- Eu tenho algumas coisas pra fazer, depois a gente troca umas porradas, sensei. - Respondeu em um tom baixo enquanto apenas andava em direção à porta esperando que Kaede saísse também, já que, a casa era dele.

- Francamente esse garoto... ele me irrita - Pensou baixo Kaede enquanto demonstrava um semblante de frustração.



A tarde Daiki perambulava por uma infinda floresta. As folhas se deixavam levar junto ao vento só para escapar do frio da grama. Podia-se ver esquilos em seus momentos mais íntimos, em momentos de agarramento, dentro de seus quentes troncos de árvores, com suas deliciosas noses. As árvores todas próximas pareciam querer se abraçar; qualquer chance de ser esquentar ali era lucro. O ar gélido daquele dia frio incomodava, mas nada superior à dor de Daiki. Uma aflição; Uma ferida difícil de curar. Daiki sentia a falta de algo, uma família. Estava cansado de acordar todos os dias e saber que seu melhor amigo é a luz que invade sua janela pela manhã. A Kaede tem lá suas qualidades, mas nada que a considere uma pessoa próxima. - ¹Se não existe um caminho para a felicidade, onde a encontro para torná-la meu verdadeiro caminho?¹ - Daiki queria saber encontrar a felicidade nos outros e dizer ²essa é a verdadeira felicidade e o segredo por trás dela², mas é difícil encontrar isso quando se está sozinho.

Até que algo interrompe sua reflexão. Um ruído de trás de um arbusto o incomoda e, aguçado, Daiki entra em um modo defensivo; o perigo era notório.

- Não se assuste, quero conversar. - Disse um rapaz de visual engraçado e bastante colorido que saiu de trás de uma árvore. Daiki que até o momento estava sonolento abriu os olhos e decidiu ouvir o que o rapaz tinha a dizer.

- Antes me diga seu nome. Não é educado expor qualquer opinião ou informação sem se apresentar. - Requisitou Daiki.

- Tem razão. Mas meu nome é descartável, me chame apenas de Buggy. - Explicou o homem que se denomina como Buggy acompanhado de um sorriso duvidoso. - Agora ouça atentamente. Tonegawa Gorou é um Nukenin.

- O que você disse? - Perguntou Daiki como se não houvesse escutado a pergunta.



- Vou explicar. Há 8 anos ocorreu algo que mudou a vida dele... e a sua. Existia um grupo de trapaceiros, a "Família do Pachinko". Como o nome sugere, eles caminhavam pelo mundo das apostas como jogadores que não se conheciam, e dentro de vários jogos de dados, dentre eles frisa-se o pachinko. Eles entravam como jogadores distintos e todos em uma manobra não muito bem entendida até hoje, faziam de um dos jogadores vencedores, então levavam o dinheiro da jogada. Tonegawa Gorou, praticamente falido, pareceu uma bela vítima. Ajudou-os com o plano e logo após foi traído. Ele tinha sido o escolhido do grupo para ser o vencedor daquela partida, assim distribuiriam o dinheiro como planejado. Mas Gorou foi abandonado, e como foi o vencedor, foi o acusado pelos gerentes do lugar como trapaceiro; estava devendo mais dinheiro. Sem ter como sustentar a família o cara fug... - Fora interrompido; Daiki estava cansado de ouvir baboseiras. Então agarrou-lhe pela gola e esbofeteou o lado direito de sua face; um golpe em cheio.

- Meu informante deve ter se equivocado. Disse que você era mais inteligente que explosivo. Ou será que são apenas sentimentos reprimidos? Você odeia seu pai? Eu odiaria
-. Provocou Buggy com um sorriso sádico enquanto limpava o sangue da ferida que abriu no lábio.

-Você vem até aqui, sem conhecer minha história, plantas ideias na minha cabeça e quer ver meu lado calmo? Não goze com a minha cara, bastardo -. Disse Daiki enquanto agarrava a gola do rapaz pouco menor que ele e o tirava do chão. - Eu vou partir tua cara ao meio.
Mesmo agarrado Buggy contra-ataca. Fez uma série rápida de selos e logo após estava cuspindo um gás inflamável à sua frente.

- Com um movimento e eu acabo com você, seu merda. - Respondeu Buggy irritado. Fez jus ao que disse que mesmo suspendido no ar acertou um belo soco na boca do estômago, Daiki estava com falta de ar. - Eu poderia só explodir essa porra desse gás com uma pitadinha de fogo. Mas sabe, agora que descobriu que seu pai tá vivo, quero ver o que você vai fazer. Tchau Daiki, nos vemos em breve.


Daiki foi ao chão. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo, nem quem era o cara de roupas engraçadas, e muito menos o que queriam com ele. A única coisa que ele sabia era que estar deitado naquela grama, mesmo com falta de ar, não era nada comparado ao frio, o que tornava a ocasião adequada para uma soneca. Na verdade, para Daiki, qualquer ocasião é boa para dormir, afinal, é melhor ir dormir sem jantar do que se levantar com dívidas, e de dívidas, Daiki era um especialista.

- Eu não sei quem é esse cara, mas se eu persegui-lo certamente acharei meu pai. - Murmurou antes de finalmente fechar os olhos para descansar.

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Sim, alguns séculos se passaram desde minha ficha até meu pontapé de saída na história. Tive alguns problemas de saúde então não tive condições de escrever ( Ou digitar no caso ), mas está aí. É curto, mas tudo em seu tempo. Do mesmo jeito que Gorou apostava, vou apostar no desenrolar da minha história. Só espero ter mais sorte que ele, é uma boa aliada.

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Citações:
¹- " Não existe um caminho para felicidade, a felicidade é o caminho ". Mahatma Gandhi.
²- " Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade ". Georges Bernanos.