Shugo, Kimera e Katsu encontravam-se agora frente a frente. Ambas as raparigas continuavam na sua troca de olhares agressivos enquanto o Imagawa olhava constantemente para ambas, procurando não chamar muito à atenção mas também com a ligeira precaução de impedir um ataque de qualquer uma das duas. Conhecia bem a Kimera, a Shugo não tanto mas já pudera um pouco da sua personalidade, e sabia que ambas tinham personalidades fortes e arrogantes. Explosivas, seria uma melhor descrição. A Fukeru, por seu lado, não olhava tanto para a adolescente de cabelos brancos como Katsu pensava. Na realidade, esta desviava os seus olhos para a cara dele notando como este já não usava máscara, deixando um longo cabelo cair até perto da cintura, e como umas estranhas linhas esverdeadas surgiam debaixo das pupilas, descendo até desaparecerem no queixo. Depois olhava para a Kumokira, esta que também possuía as mesmas linhas debaixo dos olhos e que desciam até se perderem na extremidade do queixo.
-Vocês beijaram-se? – Perguntou Kimera, sempre direita, cortando de imediato o ambiente tenso que se instalava entre os três. Katsu atrapalhou-se de imediato tapando a boca com a palma da mão e desviando o olhar para uns pássaros que ali passavam a voar. Sabia que não obteria nada dele então o olhar de Kimera cruzava-se agora com o de Shugo, igualmente intimidador.
-Um beijo… Como é que vocês Fukeru`s definiriam um beijo… - Perguntou-se a adolescente de cabelos brancos trocando agora para um olhar mais de desdém do que pura intimidação. Kimera preparava-se para responder, mas continha-se quando Shugo passava por ela, dirigindo-se para o portão de Kusa – Estamos no meio de uma guerra e a Fukeru vêm me perguntar sobre beijos… Se vocês tivessem mais dignidade esta idiotice fútil era escusada... – Limitou-se a dizer caminhando serenamente para o portão ao mesmo tempo que desembainhava a sua katana de bronze.
-Mas que… Quem é que ela é? – Perguntou a loira para o seu companheiro de equipa que olhava para as costas de Shugo, à medida que se dirigia para o meio da batalha, confuso.
O Imagawa não lhe prestava atenção à primeira sendo necessário uma pequena pancada na cabeça para dar atenção à ciumenta Kimera – Anh… É Shugo, Shugo Kumokira. A minha nova companheira… - Explicou o rapaz sucintamente preferindo poupar os pormenores do templo para explicar à sua amiga mais tarde.
-C-companheira? Então e eu? Mas… A tipa pensa que vem para aqui e já é dona de tudo o que é meu? – Perguntou-se a Fukeru isolando-se num monólogo feminino extremamente complicado e ao qual Katsu preferia afastar-se lentamente, dirigindo-se também ele para Kusa para ajudar os seus companheiros – E onde raios é que pensas que vais?!
O Imagawa estacou e suspirou. Virou-se para fitar a sua amada virando-lhe um olhar desanimado que só a irritava mais. Arrependia-se disso. Sabia como ela estava e mesmo assim não tomava cuidado com as palavras que dizia ou atitudes que tomava.
-Boneca acalma-te. Ela é só uma companheira. Tu és muito diferente! – Explicou o adolescente engasgando-se após aperceber-se do que havia dito fitando de imediato a rapariga que agora o olhava mais calmo, disfarçando a sua vergonha pelo que ele havia dito – Estou fodido, estou fodido, estou fodido, estou fodido…. Oh céus… Oh céus…
A Fukeru mudava a postura para algo mais calmo, descontraindo-se e encostando a sua mão à cintura. Olhava agora com confiança em frente retirando um cigarro do bolso e colocando-o à boca, acendendo-o de imediato com um isqueiro também há mau. Expirava um pouco de fumo e olhava com um sorriso para o Imagawa.
-É bom saber que continuas leal à minha sensualidade! – Gargalhou abusando mais um pouco do seu cigarro para assim alimentar ainda mais aquele vício incontrolável – Mesmo assim tenho de pôr aquela pita no lugar. Com licença!
-KIMERA-SAMA! – Gritou um Escorpião Verde, que correra desde a torre até perto daqueles dois, ajoelhando-se de imediato frente à sua musa – O Esquadrão de Penetração está pronto para cumprir o resto do plano!
Kimera coloca de imediato uma mão da boca escondendo uma ténue risada. O Fukeru olhava para ela, confuso enquanto o Imagawa virava costas, com a absoluta certeza que estava dispensado, suspirando ao aperceber-se de como a rapariga estava a fazer dos Imagawa parvos ao chamar à equipa de “Esquadrão de Penetração”.
-Boneca, não os irrites demais, já sabes como é que eles são, fica bem! – Despediu-se Katsu partindo para o centro da batalha.
Por fim a rapariga teve de soltar uma forte gargalhada colocando o braço à frente da barriga. Lembrou-se dos outros nomes que dera às restantes equipas especiais e nem conseguia imaginar as caras parvas que os Imagawa`s fariam quando souberam dos nomes das respetivas equipas. Era um clã de hippies que não ligavam muito ao que ela fazia e é por isso que ela gozava tanto com eles. As gargalhadas pararam e esta olhou com um sorriso para o seu subordinado. Sim, eram um clã de idiotas que vivem com a natureza, mas era esse clã que a estava a ajudar a cumprir o seu sonho e por isso mereciam o seu respeito…

A confusão na Primeira Zona era total. Katsu chegava agora, com um tridente em riste, olhando para Imagawa`s e Fukeru`s a lutar. Alguns metros, perto de um aglomerado de casas encontrava-se Shugo a derrotar alguns Fukeru`s com movimentos precisos e limpos com a sua invulgar katana enquanto à direita, o Imagawa podia ver Takumi a sair-se bem com os seus oponentes, afastando-os com a sua longa lança. O mercenário sentia-se triste por ver que dos poucos Fukeru`s que sobravam, recuavam agora para a Segunda Zona atraindo com eles as grandes massas de Imagawa, gritando com a excitação do calor da batalha e a saírem-se bem ante o oponente.
Os últimos cruzavam a segunda muralha de Kusa e esta imediatamente fechava-se. Sincronizado, alguns Fukeru`s subiam acima dessa mesma parede defensiva, colocando alguns arcos em riste que prontamente disparavam setas, vindo a terminar com a vida de alguns Imagawa`s que não reagiam a tempo.
-Estamos sobre fogo inimigo. IMAGAWA`S CUBRAM-SE! – Gritou Takumi de imediato encostando a ponta da sua lança no solo e elevando-a no ar de imediato arrastando com ela uma instantânea parede de lama que o protegia, e aos seus companheiros, de grande parte das flechas arremessadas dando o tempo suficiente para que o seu clã se escondesse nas casas de Kusa.
Katsu, Shugo e Takumi olhavam agora de soslaio por uma janela, escondendo-se atrás do seu parapeito quando avistados, não retirando os olhos de cima dos arqueiros Fukeru. Os Imagawa não precisavam de forçar a entrada, uma parte do plano era chegaram até aquela exata área, portanto não precisavam de pressionar muito mais.
-Agora é preciso esperar. A Kimera disse para chegarmos até aqui e esperarmos por uma amiga dela – Detalhou Takumi afastando-se da janela e encostando-se a uma parede da casa ali próxima, evitando bater com a cabeça numa moldura ali afixada contendo algumas pessoas desconhecidas mas donas da casa que os três haviam tomado como esconderijo – Só espero que seja tão sensual quanto ela… Mas bem que aquela ali… - Murmurava o Imagawa olhando para o rabo de Shugo que se encontrava apontando para ele sem que a rapariga soubesse – Nham nham…
Alguns Imagawa tentavam, ocasionalmente, atacar os arqueiros com Jutsus elementais, mas estes eram facilmente bloqueados pelas barreiras instaladas à volta da segunda muralha. Os Fukeru então notavam a origem desses ataques e rapidamente usufruíam do seu Fuuton para aniquilar o local com fortes ventanias conseguindo, por vezes, atingir um Imagawa ou outro.
-Os Fukeru não estão para brincadeiras, espero que a boneca não demore muito… - Comentava Katsu levantando-se da sua posição curvada e aproximando-se de Takumi, este que ainda não havia tirado os olhos do rabo da Kumokira – Hey, Takumi?
O capitão acordava do seu transe, piscando assim os olhos, fitando o seu amigo com um sorriso de orelha a orelha preparando-se para falar. Não o fazia pois os três ouviam barulhos vindo da casa, como algum utensilio a cair e a fazer um pequeno alarido, suficiente para que todos eles colocassem as suas armas em riste.
-Gomen, gomen! – Desculpava-se uma voz feminina surgindo das sombras da suposta cozinha da casa com os braços atrás da cabeça e com uma cara arrependida virada a Takumi – Estou aqui porque a onee-chan me mandou. Onde está o Takumi? Chamo-me Ishida Fukeru…
-AQUI! – Vociferou o Imagawa colocando-se de imediato à frente de Ishida a fazer peito à sua frente e mostrando-lhe, de ligeiro, os músculos ao longo do corpo. Claramente que a beleza da Fukeru lhe despertara a atenção o que só levava à Shugo, que finalmente olhara para ele, a suspirar algumas palavras reprovadoras – O que posso fazer por ti princesa?
Ishida calara-se perante tanto avanço e cheiro masculino em cima de si, afastando-se para trás seriamente incomodada. Takumi olhava-a, confuso, pois a maior parte das mulheres não resistiam quando este mostrava os seus abdominais tão bem trabalhados. Katsu decidiu intervir.
-Como não sabemos que és um Fukeru deles? – Questionou o Imagawa retirando as palavras da mente da Kumokira que fora a única que ainda não baixara a sua espada.
-A minha irmã tem uma queimadura no braço direito! – Exclamou Ishida de imediato com um doce sorriso virado para o rapaz de cabelos longos que de imediato associara a Katsu, o seu rival no amor – Para além disso é linda, inteligente, quente, oh se não é quente…
-Como é que isso é uma prova? – Perguntou Shugo afastando-se agora ela da janela para se reunir com os outros e abrindo a boca numa das poucas vezes ignorando, tal como todos os outros, a contínua descrição das qualidades de Kimera feita pela Ishida.
-Porque essa queimadura era supostamente um segredo! – Exclamou o Nightmare com alguma repreensão na voz que fazia Ishida calar-se, recuar um passo e colocar as mãos à frente da boca com um sorriso de arrependimento – Mas é mais que suficiente para provar quem és. Qual é o plano da tua irmã?

Kimera e mais dois Escorpiões Verdes chegavam agora a uma pequena colina que permitia ver todo o interior de Kusa e como os Imagawa se encontravam presos à frente da segunda muralha, escondido da chuva de flechas dos Fukeru.
-Esquadrão de… - A loira hesitava, controlando a risada que se seguia à ordem – Penetração… - Respirava fundo para que não se risse - … coloquem-se nas posições!
Cinco Imagawa colocavam-se numa fila horizontal todos virados para a Vila da Erva. Kimera dava alguns passos atrás, cruzando os braços para poder ver melhor a cena mantendo-se sempre acompanhada por dois Escorpiões que nunca a deixavam sozinha devido ao seu valor. Descendo mais um pouco a colina encontravam-se outros quatro Imagawa`s, de costas para Kusa e virado para a fila horizontal mais acima, à espera de ordens.
-Está tudo pronto Kimera-sama! – Exclamou um Escorpião olhando para a sua chefe, esperando por alguma reação pacientemente.
-É esta noite que vamos libertar Kusagakure daquele cérebro de diarreia. Imagawa´s, preparem o vosso Doton, vamos abrir caminho! – Berrou a Fukeru conseguindo manter a fila horizontal à sua frente animada desviando então o olhar para a sua vila – Ao meu sinal…
-K-kimera-sama! – Gritou um Escorpião Verde que subia colina acima atrapalhado, quase caindo num molho de relva ali perto – Os Imagawa… - Parava para respirar voltando a olhar para a zona mais abaixo da colina confirmando a sua informação – Os Imagawa lá em baixo desapareceram!
-Nani? – Perguntaram-se alguns dos Imagawa na fila trocando olhares confusos entre si.
Os Escorpiões Verdes mantiveram-se calados enquanto a sua chefe olhava séria para a Torre de Rádio à frente do portão de Kusa – Não…
A fila de Imagawa`s tombou para o solo de repente quando uma forte ventania passava pelo local. De imediato, Escorpiões Azuis surgiam entre algumas árvores ou cogumelos gigantes, criando uma perfeita emboscada às tropas de Kimera que, para além de estarem em menor número, foram apanhadas de surpresa pela emboscada.
-Arata! Onde estás?! – Berrou Kimera aos ventos vendo um homem a caminhar, no meio de todos os Escorpiões Azuis que facilmente aniquilavam os poucos Verdes e Imagawa, de olhos vendados por uma fita branca mas que pelo menos virava a sua cabeça para Kimera – P-porque…O Tadao… Não…