Membro | Kumo
Sexo : Idade : 29 Localização : blank file Número de Mensagens : 244
Registo Ninja Nome: Sora Kondo Ryo (dinheiro): 150 Total de Habilitações: 43 | Assunto: [O outro lado] Ina Nomura Qui 31 Jan 2013 - 21:22 | |
| O outro lado: Ina Nomura [Parte 1] Eu sempre olhara para a neblina com alguma curiosidade. Já aqui vivia há catorze anos e continuava a gostar de ver tudo a desaparecer dentro dela. E a aparecer mais tarde. E a voltar a desaparecer. Tinha saudades deste sítio. - Ina, querida, anda cá! – Ouvi, ao longe, a voz da minha mãe a chamar-me. Era uma voz que eu já não ouvia há algum tempo e soava um pouco distorcida. Parecia uma memória. Saí do largo parapeito da janela onde estava sentada e procurei-a pela casa. As várias divisões passavam por mim depressa, mas alguma coisa me fez procurar pela sala. Assim que cheguei lá vi alguns sacos perto da porta. Pois era, lembrei-me que os meus pais iam sair para o mar naquele dia. Por isso me recordava de ter que acordar tão cedo. Apercebi-me de algo estranho nesta imagem, mas não dei importância. O cenário alterou-se rapidamente. Agora já estava a caminhar dentro da névoa ao lado do meu pai e da minha mãe. Seguíamos um caminho de terra rodeado de árvores e uma ou outra casa. Eu ajudava-os com alguns sacos e olhava para eles com frequência. Nessa altura reparei nos olhos claros do meu pai a fitarem-me com ternura. Quando dei conta, ele estava a sorrir para mim. Iam ambos a falar de qualquer coisa que eu não conseguia perceber. Não que eu não os ouvisse ou não fosse suficientemente inteligente para entender. Apenas… Me chegava tudo distorcido, como se as suas vozes estivessem a ser abafadas por alguma coisa. Achei estranho, mas ignorei. Olhei para trás e vi as árvores a serem engolidas pela névoa. Quando voltei a olhar para a frente estava sozinha. Olhei em volta, confusa com o súbito desaparecimento dos meus pais. Depois comecei a ouvir vozes ao fundo. Não perdi tempo e segui-as. Algo me veio à memória, mas foi tão rápido que não consegui meter em palavras. Tentava recordar-me do que seria, mas já tinha desaparecido. Contudo, uma sensação de nostalgia invadiu-me. Perguntei-me por que seria. Comecei a ver um porto à minha frente. Lá havia uma pequena embarcação de pesca atracada e muita gente à sua frente. Que estava eu a fazer ali? No meio da multidão vi braços a acenar. Senti que era para mim e que deveria ir. Dei dois passos a correr e o que me parecia estar uns cinquenta metros à frente, ficou subitamente a uns passos de distância. Os meus pais afastaram-se do grupo e eu corri para os seus braços. O meu pai apanhou-me e levantou-me do chão, fazendo-me rodar no ar. Lembrava-me de como gostava que ele me pegasse. Quando o fazia não sentia medo de nada, sabia que ele me ia proteger. A seguir ouvi a minha mãe a dizer qualquer coisa que eu não percebi e voltei para o chão. Ela abaixou-se e deu-me um abraço apertado. Inspirei profundamente a desfrutar do conforto do seu abraço. Sentia falta daquilo, mas não percebi porquê. Ela não estava mesmo à minha frente? Porque haveria de sentir saudades de algo que estava a ter naquele momento? O longo cabelo castanho dela cheirava a amêndoas. Amêndoas… Algo triste veio-me à memória, mas eu não me lembrava o que era. Entretanto esse pensamento afastou-se e eu lembrei-me de como gostava do cabelo da minha mãe. Gostava e invejava-o. Sempre quisera ter um cabelo assim, mas o meu era curto. Passei a mão no meu cabelo e fiquei surpreendida por ele me dar até às costas como o dela. Ainda estava a mexer no meu estranho cabelo comprido quando o cheiro a amêndoa voltou a passar por mim, numa brisa. Percebi que vinha de mim. Estranho… Tirei os olhos dele para perguntar à minha mãe como é que ele tinha crescido tão depressa, mas ela já não estava ali. O porto estava deserto. O barco tinha desaparecido. As pessoas tinham-se ido embora. E eu… estava sozinha. Comecei a entrar em pânico. Estava sozinha, completamente sozinha. Não tinha ninguém. Sentei-me no chão, sem se quer olhar, e abracei os joelhos, escondendo a cabeça entre o peito e as pernas. A névoa que me despertava curiosidade começou a fazer-me sentir ainda mais sozinha. Senti-me perdida. De repente, ouvi o som calmo da água. Água? Eu ainda agora estava rodeada de árvores… Pousei uma mão no chão. Assustei-me quando toquei em algo macio e frio. Olhei para lá e vi que estava sentada na areia. Por momentos imaginei que fosse uma praia, mas afinal era só uma pequena porção de areia rodeada de água pela frente e umas rochas atrás. Levantei-me e perguntei a mim mesma onde estava. Não conseguia ver quase nada à minha frente. Lá estava mais uma vez o nevoeiro. Era o problema da minha vila: havia sempre nevoeiro. Enfim, não era chamada Vila Oculta da Névoa sem motivo. Lentamente, comecei a distinguir uma figura na água. Ao início nem a minha imaginação me estava a ajudar, mas depois senti o meu coração a saltar um batimento. Um ou talvez dois. Ou mais. Foi como se o tempo tivesse parado. Eu reconhecia a figura, era a embarcação de pesca na qual os meus pais estavam. Soube imediatamente o que era tudo aquilo. Só queria fugir. Não sei como, mas os meus pés obedeceram-me logo e comecei a recuar. Conforme a embarcação flutuava no mar calmo envolta pelo nevoeiro, eu apressava-me a andar cada vez mais rápido para trás. E eu andava, andava e andava, mas não chegava às rochas. Ainda há pouco olhara e elas estavam a uns passos de mim, porque é que eu não chegava lá? Dei por sentir água fria a escorrer-me da cara. Olhei para o céu, mas não estava a chover. Era eu que estava a chorar. E sabia porquê. Por muito que tentasse afastar esse pensamento, eu sabia porque é que estava ali e o que estava a acontecer. Não havia forma de fugir, mas eu não queria encarar aquilo. O pânico começou a invadir-me outra vez e, enquanto passava o braço na cara, a paisagem voltou a alterar-se. Onde estava agora? E que se tinha acabado de passar? Tinha uma memória vaga de estar cheia de medo… Voltei a ouvir o mar e senti algo a passar-me nos tornozelos. Era água. A névoa continuava a envolver-me e a provocar-me uma sensação de solidão. A uns metros de mim vi qualquer coisa no chão. Aproximei-me devagar e arrependi-me logo de o ter feito. Como era possível? Eu ainda agora me tinha lembrado do que aquilo significava. Porque é que a minha mente me estava a pregar partidas? Vi a minha mãe e o meu pai deitados na areia. Eram banhados por algumas ondas fracas que conseguiam chegar até onde eles estavam. A uns metros deles havia outras pessoas e mais uma ou duas no mar. Eu estava aterrorizada. Ajoelhei-me ao lado deles e comecei a chorar. Uma dor profunda insistia em não me largar o peito. Depois comecei a ouvir um murmurar. Levantei a cabeça e várias pessoas estavam ali, naquela pequena porção de areia. Muitas delas tapavam a boca com as mãos, chocadas com o que estavam a ver, outras choravam pelos familiares e as restantes não sabiam o que fazer. Senti alguém a meter a mão no meu ombro. Quando olhei para cima vi que era uma amiga da minha mãe. Não sabia o que fazer. Só queria fugir. Levantei-me e corri. Eu corria, mas não me sentia cansada. E eu queria ficar cansada, porque assim podia dormir. Ou acordar. Tinha a certeza que isto era um pesadelo. Também não sentia o vento a passar por mim, nem a névoa a arrepiar-me como antes. Quando percebi estava de novo em casa, sentada no chão e encostada à porta da rua. Não se ouvia nada, o silêncio ocupava todo o espaço. Voltei a sentir-me sozinha. Não tinha ninguém para cuidar de mim. A solidão e a tristeza do que aconteceu, os meus pais a morrerem injustamente por mero desejo do destino, provocaram uma mudança em mim, na minha forma de ver as coisas... Mas eu não me apercebi do que foi.
- AGHH - Ina levantou-se de repente, a expressão de agonia combinava com o suor frio a escorrer-lhe pela cara. Inspirou fundo. – Foi só um sonho… - A rapariga tentava convencer-se a si mesma a acalmar-se. Por fim, suspirou e, deixando-se cair para trás, aceitou a realidade. – Porque é que não foi só um sonho?
Ora bem, espero que não tenham achado este filler demasiado confuso Eu queria que ele se assemelhase àquelas memórias esbatidas que geralmente temos depois de um sonho, por isso é que ficou assim (frases curtas, pensamentos perdidos, and so on). "O outro lado" é um conjunto de fillers que vou postando aqui e ali sobre algumas personagens e que contam partes da história de cada uma (literalmente o outro lado). Vão ter 2 ou 3 partes, mas não são seguidas, apenas as vou postar conforme se vai desenvolvendo a história. Se quiserem realmente saber o que se passou com cada personagem, é só lerem isto! I hope you like |
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Administrador | Iwa
Sexo : Idade : 36 Localização : Em algum lugar de lugar nenhum Número de Mensagens : 3387
Registo Ninja Nome: Kyo Kusanagi Ryo (dinheiro): 14350 Total de Habilitações: 733,75 | Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura Sex 1 Fev 2013 - 0:41 | |
| Mudaste de personagem, gostei da ideia. Para mim escrever sentimentos em primeira pessoa fica bem melhor. Agora quero entender como é que os pais de Ina morreram e porque ela saiu de Kiri. Um pouco do mistério dessa kunoichi está a ser revelado. Agora é esperar os próximos para saber como irá continuar essa historia. Será que Ina vai contar tudo para a Sora? Continua Linda.... |
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Administrador | Kumo
Sexo : Idade : 28 Localização : Nárnia, where unicorns tend to live! Número de Mensagens : 5771
Registo Ninja Nome: Shikaku Kinkotsu Ryo (dinheiro): 0 Total de Habilitações: 24 | Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura Sex 1 Fev 2013 - 18:20 | |
| Ahaha, acho que a minha primeira pessoa anda a contagiar muita gente . Gostei do Filler, ótimo e relevando o passado da amiga misteriosa da Sora. Tens de ter cuidado, quando na primeira pessoa, para evitar o suo repetido do "Eu". Podes simplesmente omíti-lo (certas conjugações de verbos já o fazem estar subentedido) ou evitá-lo com verbos. Continua ^^ |
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Membro | Kumo
Sexo : Idade : 29 Localização : blank file Número de Mensagens : 244
Registo Ninja Nome: Sora Kondo Ryo (dinheiro): 150 Total de Habilitações: 43 | Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura Dom 3 Fev 2013 - 21:37 | |
| Bruno: Eu concordo, foi também por isso que resolvi escrever assim, desta vez ^^ Agora as coisas vão sendo reveladas aos poucos, tanto pelo "outro lado" como pelos fillers "normais". Ui! Boa pergunta, vamos ver o que ela resolve fazer ahahah Obrigada! Tsu: É, eu sempre disse que tinhas uma escrita que cativava ahahah Mas na verdade já tinha pensado nisto, quando comecei a perceber que estava a meter muitos mistérios em cada personagem. Pensei que cada uma podia contar parte da sua própria história. Só os sonhos/flashbacks é que vão ser na 1ª pessoa, o resto (como quando a Ina acorda) vai ser na 3ª ^^ Eu concordo, mas, bem, essa parte foi mesmo de propósito Obrigada! |
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Conselheiro | Kumo
Sexo : Idade : 27 Localização : Nas nuvens Número de Mensagens : 236
Registo Ninja Nome: Kou Mitsukubane Ryo (dinheiro): 7360 Total de Habilitações: 158,25 | Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura Ter 5 Fev 2013 - 16:14 | |
| Pois bem, li todos os teus filler num tiro só. Passou absurdamente rápido. Sério. Gostei da ideia de "O Outro Lado", isso dá uma maior proximidade entre quem lê e os personagens da tua história. Parabéns! Tem sido incrível! Agora vamos, continua, não me deixe aflito! |
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Membro | Kumo
Sexo : Idade : 29 Localização : blank file Número de Mensagens : 244
Registo Ninja Nome: Sora Kondo Ryo (dinheiro): 150 Total de Habilitações: 43 | Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura Ter 5 Fev 2013 - 21:20 | |
| Ahahah, que dose que deve ter sido! Muito obrigada, essa era um dos meus objetivos Daqui a pouco tempo haverão mais fillers, obrigada por acompanhares! ^^ |
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Administrador | Kiri
Sexo : Idade : 31 Localização : Hellcife Número de Mensagens : 3283
Registo Ninja Nome: Harima Ryo (dinheiro): 3350 Total de Habilitações: 106,25 | Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura Dom 24 Fev 2013 - 17:33 | |
| Daqui a pouco eu começo a escrever em primeira pessoa também Adorei as descrições, pude imaginar na perfeição tudo o que acontecia, senti até mesmo um nó na garganta ao imaginar a Ina ver seus pais mortos :/ Ótima escrita, Ritta, excelente filler |
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| Assunto: Re: [O outro lado] Ina Nomura | |
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