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Puxei as rédeas do cavalo. Instintivamente este levantou as patas dianteiras e parou. Desci do seu negro dorso e amarrei-o a uma árvore. A noite caíra e ainda faltava meio-dia para chegar a Kumo. Encontrei um bom sítio para dormir. No meio de uma densidade de árvores, uma pequeníssima clareira interpunha-se naquele manto verde. O espaço era à justa de eu fazer uma fogueira, deitar o saco de cama e ter o cavalo preso. Foi isso que fiz. Subi à árvore onde o cavalo estava preso e arranquei alguns galhos. Atirei-me cá para baixo. O cavalo assustou-se ligeiramente, mas eu coloquei a minha mão sobre o seu focinho e acalmei-o:
-Sou só eu… - disse-lhe
Juntei alguns ramos e parti-os no joelho. Fui fazendo esse processo mais algumas vezes até ter uma boa quantidade de ramos pequenos e médios. Sentei-me no chão e fiz uma roda completa com alguns ramos e fui sobrepondo-os com outros ramos cada vez mais pequenos. Em alguns minutos tinha uma fogueira cilíndrica, com 10 cm, à minha frente. Tirei um isqueiro e atirei algumas ervas para cima da fogueira. Acendi o isqueiro e aproximei a sua chama da fina madeira. Não tardou até a chama iniciar-se e a fogueira estar funcional. Tirei o saco de cama da mala, presa ao cavalo, e atirei-o para perto da fogueira e estiquei-o:
-Preciso de jantar…
Levantei-me e tentei escutar algum animal. Nada. Ativei o Byakugan. Era a maneira mais rápida de ver se algum animal andava por lá. As veias salientaram-se e o Byakugan ativou-se. A floresta mudara de cor e de aspeto. Podia agora ver o que estava para lá dos troncos. A minha visão permitia-me ver até 75 metros, mais 25 metros que o habitual. De repente vejo dois coelhos a atravessarem, muito rapidamente, a minha visão. Estavam a, mais ou menos, 30 metros de mim. Fiz um selo rápido e fiz um shunshin. Fiquei alguns metros atrás. Fiz o selo do Rato e continuei com ele feito até o momento certo. De repente os meus dedos começam a ganhar uma aura amarelada: Raiton. Os coelhos andavam à procura de comida fresca. Assim que passaram á minha frente, fiz o selo do Pássaro. A energia mantida fora largada e ouve uma explosão de luz que cegou, momentaneamente, os coelhos. Tirei a katana enquanto caminhava para eles. Os coelhos estavam caídos no chão a piscar muitos os olhos e a contorcerem-se por não verem nada. Num movimento rápido e limpo cortei a sua jugular. O Byakugan permitia-me ver a anatomia perfeita do corpo. Desativei o Byakugan e agarrei os dois corpos pelas orelhas. De seguida encaminhei-me para a fogueira.
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Os coelhos giravam, numa estaca, em cima da fogueira:
-Isto já está bom.
O cavalo olhou para mim enquanto eu tirava os coelhos suculentos e colocava-os num pequeno prato de plástico. Agarrei num e trinquei-o. O seu sabor era ótimo e a fome era muita. Meia hora depois tinha comido um coelho inteiro e começava a comer o segundo. O cavalo lambia a boca. Olhei para ele com o coelho na mão:
-Mas tu também queres?
O cavalo relinchou. Ri-me. Levantei-me e aproximei o coelho da sua boca. Por pouco que a minha mão não era comida. Deixei-o apreciar o coelho:
-Agora os cavalos também comem coelhos.
Dei uma pequena gargalhada. Sentei-me no saco de cama e fiquei a ver as chamas laranjas. Era aconchegante aquele calor. O sono começou a atacar e eu não tentei lutar com ele. Entrei para o saco de cama e não tardou a adormecer.

“Eu estava na minha casa. Era Natal e estava tudo decorado de acordo com a festividade. O calor agradável da lareira aquecia cada divisão. Lá fora nevava. Há muito tempo que eu não via nevar em Konoha. O meu pai atravessa a sala com uma travessa de peru. Eu estava de frente para ele. Sorri para ele, mas ele não respondeu. Ele caminhava cada vez mais depressa para mim:
-Pai! PAI! – gritei
Ele não respondeu. De repente ele chega perto de mim. Como medo que ele embatesse em mim ponho os braços a tapar a cabeça e contorço o corpo, mas ele atravessou e eu não senti nada:
-Pai?
Ninguém me ouvia e se ouvia fingia que eu não estava lá. O meu irmão passa a correr, vindo do nosso quarto:
-Papá! Papá!
Ele agarrou-o ao colo e deu-lhe um beijo na testa:
-Olá pequenote.
-Olá papá. Papá a Mamã?
O pai sorriu. Como podia ele estar a sorrir? A sua mulher estava morta e ele sorria:
-Está na cozinha a acabar de fazer o almoço.
O coração caiu-me aos pés. Na cozinha? E-ela estava viva? Começo a correr para a cozinha. Durante esse percurso descobri que apenas podia atravessar pessoas e objetos, pois tentei passar pela parede sem sucesso. Entro com medo na cozinha. Tinha medo que ao entrar ela não estava lá. Dei um passo e entrei totalmente na divisão. Uma mulher retirava algo do forno. Ela levantou-se e eu fiquei sem ar. Era ela. Ela estava ali, viva e bem de saúde. A minha mãe estava viva, ou seja, a guerra ou não tinha acontecido ainda ou já tinha passado. Olhei para trás e vi o meu irmão. Ele devia ter uns quatro ou cinco anos, ou seja, a guerra já passara. Depois apercebi-me que ele não podia estar a li. Ele pertencia à Família Secundária, não podia estar ali. O meu pai estava na janela, triste, e a fazer um rápido aceno. Aproximei-me dele. Olhei lá para fora e vi-me. Eu estava lá fora, pequeno, sendo banhado com a gélida neve. Eu estava triste e fiquei chocado quando vi na minha testa “A maldição” a brilhar na minha testa. Tudo estava diferente e eu não podia participar naquilo.”

Acordei de repente completamente suado. Já era de dia e a fogueira estava apagada. Arfei algumas vezes e limpei o suor. Fiquei um pouco perturbado com aquele pesadelo. Levantei-me e arrumei as coisas rapidamente. Montei o cavalo e continuei a minha viagem para Kumo. Não tinha apetite para comer o pequeno-almoço e a minha família estava cada vez mais no meu pensamento. Seria este o sinal para voltar? Será que algo se passa? Eu ainda não podia voltar. Este não era o momento certo para acabar a minha viagem. Olhei para o céu e disse:
-Ajuda-me Mãe…
Um vento soprou e agitou os meus cabelos que não se escondiam no gorro. Duas nuvens afastaram-se e deixaram o Sol brilhar. A sua luz incidia para o trajeto que ia para Kumo. Sorri:
-Obrigado.
Bati com os pés na barriga do cavalo e saí disparado. Eu tinha de chegar a Kumo antes de anoitecer.

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Mais uma vez gostei muito deste bocadinho que li, Rich.

Consigo ver outra vez a forma como escreveste o outro filler. Provavelmente é o que tu chamas do teu estilo. Consiste nas descrições curtas, eficiente e diretas que dão lugar ao diálogo rico, realista que aparece sempre cunhado de sentimentos explícitos ou subjacentes ou até os dois.

Gostei bastante do conteúdo. Da maneira como se transmite o sonho do Shin. Acaba por se parecer muito à visão que ele teve da mãe. A maneira como escreveste e o itálico transportam o leitor de imediato para um flashback acinzentado ou pouco colorido. E acho que começo a aperceber-me que estes sonhos e visões são mais do que aparentam ser. A aparição da mãe e a importância dela, do irmão e da "troca" de lugar entre o Shin e o mais pequeno, assim como da marca na testa, têm ar de ser estranhamente e intensamente simbólicos.

Ou seja, o que eu acho é que os sonhos são algo além de sonhos. Shin, provavelmente, consegue ver até além do Byakugan, se me faço entender por estas palavras. Acho que ele é mais do que aparenta ser à vista desarmada. E esta "caraterística" vai ter peso na história e na pessoa que ele é.

Bom filler, Rich!

Obrigado Pink (Ainda não tive tempo para ler o vosso novo filler, sorry). Sim este é o meu estilo. Acho que vocês se costumam basear no mangá e em como as imagens transmitem algo, mas eu não. Eu baseio-me no anime. Para mim o diálogo é mais importante que o próprio ambiente que os rodeia. Obrigado pela leitura.

Excelente filler.
Eu ri quando li algumas coisas. Então o cavalo te respondeu O.o

Mais um excelente filler. Confesso que me senti mal ao ler o flashback/pesadelo. Foi curto, mas novamente carregado de emoções e sensações, principalmente esse toque do teu char, de por fora ser calmo e até comum, mas totalmente inseguro de si mesmo por dentro. Continua