Agora em Kusagakure, a minha vida podia ser gerida de forma mais calma. Antes de partir para as campanhas de conquista, optei por treinar e melhorar as minhas habilidades. Queria treinar mais a Sekima, apesar das minhas habilidades como professor serem deprimentes, mas esta foi-me confiscada por Kimera... O que estariam elas agora a fazer...
Fui para um campo de treino específico dos Imagawa, perto da taberna e que nos era exclusivo. Para o treino, arrastei comigo Takumi, contra a vontade dele obviamente, e decidimos que lutaríamos entre nós. Ele jurou, intensamente, que ainda era capaz de me derrotar como nas outras vezes. Sabia lá ele as diferenças...
Afastámo-nos um do outro alguns passos, os habituais para dar distância de um Ninjutsu razoavelmente longo não terminar de imediato com a luta. Descontrai-me e afastei as pernas. Takumi, como sempre, transformou o solo em lama e dela moldou uma foice. Com acréscimo de chakra esta ganhou cores até assemelhar-se a uma verdadeira arma de ferro.
- Estás pronto? – Perguntei mantendo um tom de voz calmo.
Simplesmente anuíu com a cabeça e rodopiou a foice nos sues braços até o gume se encontrar afiado ante a minha garganta. Não gostava muito de falar nos momentos de maior ação.
O seu estilo Doton era muito diversificado, o que me impedia de pensar em estratégias rápidas para o derrotar. Se algo corresse mal, ele ganhava vantagem de imediato e conseguia equilibrar facilmente as coisas. Arami Zukou ou Takumi Imagawa, os Doton deles eram diferentes, mas Arami ainda era mais forte...
Retirei a Fuuma Shuriken das minhas costas e arremessei habilmente. Esta percorreu um arco no ar e virou-se para a cabeça de Takumi. Não precisou de mover-se, limitando-se a varrer o ar com a sua foice até ouvir o tilintar de metais. O meu projétil foi facilmente afastado, mas já contava com isso para o meu plano. Enquanto se encontrava no ar, apareci na sua exata localização com um Sunshin no Jutsu. Agarrei-a por uma das pontas e voltei a atirá-la, desta vez com ainda maior impulso. Takumi só se apercebeu pela minha mudança de posição, atirando-se para a frente em rolamento e deixando que o meu projétil se enterrasse no solo lamacento que ele criara. Pousei no chão enquanto ele se erguia, ambos estávamos em equilíbrio ainda.
- Doton: Dorotama!
Cuspiu algumas bolas de lama na minha direção, ocultando habilmente a sua posição. Apesar de eu querer ver os seus movimentos, cada um deles, não podia atentar nele devido à sua irritante lama. Esquivei-me facilmente dos projéteis, sendo relativamente lentos, e, quando já havia terminado os meus assuntos com todos eles, Takumi apareceu atrás de mim, a deslizar velozmente num rio de lama. Típico dele...
Virei-me rapidamente e abaixei-me, a tempo de esquivar o corte horizontal que me decapitaria. Contudo, abaixar-me foi o erro pois o rio de lama já havia afetado a minha zona de conforto, levando-me a escorregar e a bater dolorosamente com as costas no solo. Takumi só precisou de dar meia-volta e levar a foice abaixo, visando, desta vez, o meu peito desprotegido. Invoquei de imediato a minha segunda Fuuma Shuriken na mão direita e com ela, ainda fechada pois não tive espaço para a abrir, bloqueei o ataque da foice. As nossas forças mediram-se intensamente e, para minha desgraça, a de Takumi estava a ganhar terreno. Só precisava de algum espaço... Para pensar!
Não pude ganha-lo em força, mas a minha habilidade com armas era naturalmente superior. Apartei a Fuuma Shuriken para mim e vi-o a desequilibrar-se por ainda a ter focado como ponto de força. Nesse escasso momento de equilíbrio, abri o projétil e arremessei-o com toda a força que tinha ante a foice. Em vez de se colidirem, o arremesso atingiu a foice nos intervalos da lâmina (tudo calculado, obviamente) e arrastou-a consigo até cravar-se na árvore. Takumi olhava, atónito enquanto o meu chakra já estava focado e pronto a ser usado.
- Raigen Raikochu! – Gritei, ainda a fazer os selos e despertando a atenção do meu oponente.
Apesar de despertada, pouco ou nada podia fazer contra o clarão de luz que invadiu a sua sensibilidade. Atónito e, agora, temporariamente cego, Takumi cambaleou para trás enquanto apertava futilmente os seus olhos. Tive as aberturas suficientes para erguer-me, aproximar-me agilmente e aplicar-lhe um gancho no pescoço.
- Rariatto! – Voltei a gritar, com o corpo inerte do Imagawa ainda com o pescoço colado ao meu braço.
O Taijutsu deveria causar-lhe sérios danos na zona frontal, ou até pior se eu misturasse um Ninjutsu, mas esse não foi o caso. Muito similar ao meu Suika, o corpo dele desfez-se em lama mal entrou em contacto com o ataque. Afastei-me, esquecido desta habilidade, e vi-o a reformar-se.
- Já te tinhas esquecido, não? – Perguntou jocosamente, moldando a lama debaixo de si e voltando a criar a sua foice. Olhei para detrás dele, para a árvore onde a minha Fuuma Shuriken havia preso a sua arma, mas não vi lá nada... – Anda...
- Gen no Kirigakure! – Murmurei, soltando todo o chakra até então carregado e realizando os acertados selos.
A névoa era densa, mas era um Genjutsu. Só impedia Takumi de me ver e ainda, se ele se mantivesse muito tempo sobre ela, afetaria-o. Contudo, e inesperadamente pois fora com esta ilusão que ele cometera um erro no passado, afastou-se a deslizar em pequenos rios de lama.
- Doton: Doro Hōshi! – A sua voz ecoou no local, mas não pude confirmar a sua posição exata.
Só a consegui confirmar quando, da minha esquerda, emergiu um mar de lama (daí o nome da técnica) que embateu contra mim sem me permitir prévia esquiva. O embate foi doloroso nas pernas, pois a lama parecia especialmente espessa para a ocasião. A lama dava-me até aos joelhos e, portanto, não me permiti qualquer movimento com os membros inferiores. Usando muita força, muita mesmo, e aguentando as dores de tais esforços, ainda tentei erguer os pés ou movimentar-me, mas era impossível naquelas condições.
Takumi apareceu, no exato ponto onde toda esta lama havia sido criada...
- Foi assim que perdeste na última vez, lembras-te? – Interrogou-me, movimentando a sua foice como uma criança movimenta os seus brinquedos.
- Agora é diferente – Disse seriamente, mantendo, porém, um sorriso para o certificar que nada estava perdido. Limitou-se a rir.
Pensei para a minha pessoa se era possível moldar-me em água e escapar desta prisão. A minha pessoa respondeu, dizendo que a lama era demasiado espessa para movimentos em forma de poça de água. Acrescentou até que se me transformasse em água, seria um alvo fácil para os Doton que afetam áreas de Takumi. E, quanto mais pequeno for o alvo, mais fácil Takumi o mata...
- Não gosto de lutar com esta lama toda... – Confessei, consciente que Takumi não gostava de falar a meio das lutas. Não era necessário, só precisava de uma distração para a minha concentração de chakra – Se estás em vantagem, que ta mudarmos a coisa?
Apesar de não gostar de falar, notei uma expressão confusa no seu semblante. Hora de brincar!
- Suiton: Bakusui Shōha! – Gritei, já com os selos terminados. Antes de sentir os impulsos da água, pude ver como o Imagawa me fitava confuso, nunca antes viu o meu Suiton.
A água emergiu debaixo de mim como uma fonte, libertando-me da prisão de lama e começando a espalhar-se pelo cenário lamacento. No exato momento, naquele que já me encontrava suficientemente erguido até poder ver o resto da vila, é que deixei todo o fluxo aquático inundar o nosso clarão de treino. A partir deste momento, não soube o que aconteceu a Takumi ou como escapou das ondas de água que o perseguiam, mas uma coisa era certa! As minhas roupas já não estavam tão sujas...
Deixei-me descansar por alguns momentos, ouvindo as minhas ondas a derrubar algumas árvores e ainda a perseguirem o pobre Takumi. Assim se estendeu por alguns momentos, até o silêncio reinar outra vez.
- Ukojizai no Jutsu! – Murmurei após os selos, libertando a focalização de chakra. Queria ter a certeza se estava vivo...
Começou a chover em Kusagakure. De imediato apercebi-me que não foi muito sensato o uso deste Ninjutsu, pois havia demasiados Shinobis cá fora, devido as construções. No entanto, bastava uma pequena concentração para conseguir focar-me, unicamente, em Takumi. Com essa concentração veio a minha distração e só descobri a sua posição quando as gotas da chuva detetaram uma massa de chakra aos meus pés. Olhei para baixo, espantado, para ver um corpo de lama, Takumi no seu estado mais feio possível, a emergir do solo e a cravar a sua foice exatamente na barriga da minha perna.
Gritei em agonia, só para deixa-lo erguer-se mais e esmurrar as minhas costas. Cambaleei e ajoelhei-me no solo. Continuou a erguer-se até formar o seu corpo, retirando a foice para perto de si e rodopiando para o ataque final...
Assunto: Décimo primeiro treino - Em casa 
Dom 24 Fev 2013 - 10:49
