Eu não sei a minha idade: as pessoas dão-me anos diferentes, mas acredito naquela que costumava dividir a casa comigo. Não que eu acredite por inteiro, mas que escolha eu tenho? Segundo Miku-san, devo ter por perto dos 15 anos hoje. Eu não lembro de nada antes do dia que cheguei ao orfanato de Kiri: não sei se havia alguém comigo, se estava sozinha, o que havia acontecido para ter parado naquele portão de ferro. Só lembro de lágrimas secas e meu fiel urso Toddy em me colo dando-me consolo. Lembro de crianças irritantes que me empurravam e rasgavam meus desenhos, depois de se assustarem com o que lá havia... Como podiam ter aquela reação? Eram todos inconvenientes, e raramente gastava saliva com eles. Ah, lembro-me também do meu nome: Harima. Não sei se eu pertenci a algum clã ou alguma família, mas recordo uma voz feminina sempre a chamar este nome e eu sorrir por ouví-lo. Estas eram apenas as únicas certezas que eu tinha: um nome, um brinquedo, um passado vazio e um presente tenebroso.
 
Até que finalmente aquela kunoichi começou a visitar o orfanato, e dizia gostar de mim e dos meus desenhos. Ela parecia perceber o quanto eu sentia-me incomodada naquele lugar, e convidou-me para ir morar com ela. É claro que nem pestanejei em aceitar, e para ser sincera, foi muito mais agradável morar com apenas uma kunoichi que com dezenas de crianças que só faziam importunar-me. Além do mais foi bem interessante tudo o que aprendi, embora tudo aquilo tenha durado pouco tempo; mas foi o pouco tempo mais feliz que eu poderia imaginar. Devem estar perguntando-se quem é a Miku-san, certo? Ela não era muito mais velha que eu, e eu a tinha como uma irmã. Vivemos juntas por cerca de dois anos; ela era uma chuunin de ótima reputação – tanto que não devia demorar para ser promovida a jounin. Apesar de dividirmos a casa, não víamo-nos muito bem por conta de suas missões; e por causa delas, fiquei sozinha por anos, tentando desenvolver sozinha o pouco que aprendi do Baburu-kei.
 
Estão curiosos pelos meus desenhos? Não orgulho-me muito, são flash’s  rápidos que vêm-me à mente quando estou absorta. Meus lápis vermelhos são os mais gastos, mas por algum motivo quando olho as obras prontas, nada concreto consigo visualizar. Parecem-se uns rabiscos, mas quando as pessoas comuns olham, o terror invade seus olhos. Várias vezes perguntava à Miku-san o porquê daquilo tudo, mas ela sempre permanecia em silêncio e com um sorriso no rosto para acalmar-me. Era irritante, mas hoje sinto falta... Bem, é isso. Chamo-me Harima, vivo sozinha em Kirigakure. Dizem que sou fria desde que nasci, mas não lembro sequer como parei à frente do orfanato; fui feliz por dois anos, e daí em diante decidi viver para meus desenhos, os quais dedico carinhosamente a uma lápide pequenina e quase invisível nos fundos do cemitério da vila. Será que Miku-san teria orgulho se eu seguisse os passos dela? Pensando nisso decidi entrar na Academia, e por já ter alguma noção, não devo demorar muito tempo a tornar-me gennin. Não é divertido aprender com um bando de crianças, mas ao contrário do orfanato, estas deixam-me em paz.

 

Citação :

- Harima-chan, convocação do Mizukage-sama! – uma voz ecoava de fora da casa. Era um ninja que trabalhava no gabinete do líder da Névoa.


A garotinha dirigiu-se ao gabinete do kage. Ele calmamente tomava um chá, e convidou a criança a sentar-se e compartilhar de sua bebida. Com alguma rispidez nata, ela negou e permanecia de pé, a espera de ordens. Okashii suspirou, e após um gole, pousava a xícara na sua escrivaninha e sentava-se em sua confortável poltrona:


- Bem, Harima-chan, já deves estar sabendo do que aconteceu à Miku-chan na missão. Eu realmente sinto muito – dizia ele, sem grandes cerimônias.
- Hai, mas Miku-san irá voltar. Ela deve ter sido pega pelo inimigo, mas ela é esperta e irá esca...
- O corpo dela foi encontrado destroçado à margem de um lago. Não falaram-te a respeito? – o mizukage estranhava, ao perceber que a garota ainda mantinha esperanças.

 
- Harima-chan? Harima-chan, estás a prestar atenção no que eu digo? – perguntava o sensei, já um pouco estressado.

- Gomen, não ouvi – respondi, voltando à realidade. Não era comum, mas aquela conversa com Okashii-sama sempre habitava meus pensamentos.

- Harima-chan fala, sensei! Devíamos dar uma festa! – uma garota de cerca de onze anos dizia, sentada mais à frente.

- Aquietem-se, aquietem-se! Vamos voltar à aula, e Harima-chan, por favor não disperse-se assim! – dizia, respirando fundo para retomar a calma.


Assenti com a cabeça, e voltei a concentrar-me no que aquele homem esforçava-se para ensinar. É claro que os olhares voltaram-se todos para mim, a mais velha e estranha da turma, mas eu não importava-me com nada. Viver não é exatamente uma dádiva, mas jurei a mim mesma que um dia daria orgulho a Miku-san; de algum lugar ela está a observar-me, e ela sorrirá quando eu for a melhor e mais forte kunoichi que o mundo ninja já vira alguma vez!

Bem, admito que é estranho para mim (e talvez para muitos) ver você Eve com uma nova personagem, que não é de konoha e não possui cabelos azuis

Contudo, deixando esta minha estranheza de lado, achei seu filler inicial muito bom, ao usar a primeira pessoa você conseguiu explicitar bem as emoções de sua nova personagem. Você também conseguiu deixar muitos mistérios por trás dessa jovem, como várias perguntas a serem respondidas, tais como quem é harima, se ela tem um clã etc.

Continua Eve, quero ver como vai se desenrolar a história dessa nova jovem de cabelos brancos

Gente :0 Adorei a Harima :0 Esses mistérios me fazem querer descobrir mais sobre :0
Essa Miku morreu mesmo? Acho que não hein

A primeira coisa que reparei foi o jogo de porcelana e o bebericar do chá do Okashii, duas características comuns que lhe dei . Ai, como sinto falta do Mizukage e de Kirigakure .

De resto, ótimo Filler! Vê-se que estás inspirada com a tua nova personagem Éve e, devo dizer, surpreendeste-me com a escrita na primeira pessoa! Não sei se é a tua primeira vez com este tipo de escrita, mas estiveste mesmo muito bem, escrita límpida, poucos ou nenhuns erros, parabéns mesmo!

Agora é só continuar, Harima parece-me ser alguém muito, muito interessante hmm.

Obrigada pelos comentários. Sim, mudei bastante, meu modo de escrever, tipo de narrativa, personalidade... Espero que Harima seja tão amada quanto Tora (vai ser difícil, mas tenho esperanças)
E Tsu, sim, Okashii adora um chá hahahaha. Tinha que inspirar-me em alguém que usou tão bem o boss de Kiri, né?
Espero que gostem dos próximos >.< E thanks again

Ah! Adorei Eve, este teu primeiro Filler. Não é só a Harima que é uma pessoa fria como tu descreveste. Senti durante a minha leitura uma frieza nas palavras escritas. Presume que seja isso que querias transmitir ao leitor. Estás de parabéns! ^^

Edit: Tive pena daquilo que aconteceu à Miku-san. =S