Após ser puxado para fora do reino das sombras conhecido como Limbo, Brian percebe que um novo dia está por raiar. Assim, o Borges pôde voltar a sentir uma vez mais os primeiros raios solares tocarem sua pele frígida com leveza, assim como ouvir o singelo som do vento, ao ecoar pelos destroços da mansão Yumi, sensações que muitas pessoas não sabem dar o devido valor, até o momento que as perdem. Porém, até mesmo esses doces milagres da natureza perderam o seu brilho perante a aparição que está de frente para o ceifero, a qual faz o jovem ficar totalmente sem reação. Pois bem ali, na sua frente, se encontra o motivo de sua incansável e implacável busca pelo desconhecido, seu pai, o poderoso Zetsu Borges, dado como morto há vários anos.
-Meu filho, como eu temi não estar vivo para vê-lo de novo! Eu estou muito satisfeito com o poderoso shinobi que você se tornou, forte, hábil e honrado. Um verdadeiro Borges, sem dúvida alguma. _ diz Zetsu Borges, um homem de pele clara, detentor de um longo cabelo grisalho, trajando uma grande roupa de couro com ombreiras de aço e portando uma enorme katana nas costas.
É difícil explicar os sentimentos de um filho quando ele se encontra com o pai julgado como morto a mais de cinco anos. Contudo, é possível dizer que o jovem Borges está sentindo um misto de alegria e alívio, afinal, agora sua família estava completa novamente, o que lhe permite voltar a ter uma vaga esperança na frágil, porém plausível, chance de um dia ser feliz novamente. Uma lágrima solitária escorre por seu olho direito levando com ela várias de suas angústias e infortúnios, porém, ainda existe um fato que não foi devidamente explicado, então, Brian passa seu braço direito sobre os olhos (de forma a enxugar as lágrimas) e rapidamente pega sua foice do chão, investindo na direção de seu pai e lhe desferindo um corte vertical vindo de cima para baixo.
Não demonstrando qualquer sinal de surpresa, Zetsu se limita a estender seu braço direito para o alto e agarrar a lâmina com a mão nua. Surpreendentemente, a lâmina não ocasionou qualquer mácula em sua pele, como se esta fosse feita de ferro.
-Filho, eu sei que você deve estar muito chateado e desapontado comigo pelo que eu fiz, mas precisava me atacar? _ pergunta Zetsu de forma fria, enquanto segura a o ataque do filho com firmeza.
-Seu desgraçado, foi sua culpa... TUDO FOI SUA CULPA! Você deixou a mim e a minha mãe sozinhos achando que você tinha morrido. Nós sofremos de um jeito que você não pode nem imaginar... E o pior, por sua culpa, minha mãe foi morta na minha frente e eu não pude fazer nada. Se você estivesse lá, nada disso teria acontecido... _ desabafa o jovem, que neste momento recolhe sua foice e a joga longe, para em seguida cair de joelhos no chão bastante aturdido e triste.
Vendo o sofrimento que causou ao seu único filho, Zetsu fecha sua mão direita com força sem sinal de pura aflição, demonstrando claramente a grande tristeza que sentiu ao ter que abandonar sua família. Depois ele se aproxima de Brian e, com todo carinho e respeito, coloca sua mão esquerda sobre os ombros do filho e fala:
-Brian, saiba que deixar você e sua mãe foi a decisão mais difícil que já tomei em minha vida. Porém, como você agora deve saber, eu estive no limiar da pura insanidade e não poderia arriscar a vida de vocês. Graças a isto, eu não tive escolha senão deixar você e sua mãe sobre a tutela de Gaara, mas, parece que as conseqüências de meus atos chegaram a você mesmo eu tentando lhe proteger... Perdoe-me meu filho, por sua mãe, pela minha ausência e pelo mau que eu lhe fiz. _ diz o espadachim, mostrando grande dor e arrependimento na sua voz.
-Pai, por muito tempo eu senti ódio de você por ter nos abandonado... Porém, eu estou farto e cansado de viver nas sombras da solidão. Eu lhe perdoou pai, tudo que o senhor fez foi para proteger a nossa família e agora, após tanto anos, eu tenho meu pai comigo mais uma vez. _completa o jovem, que fecha os olhos e esboça um largo sorriso de pura alegria.
Então, pai e filho se abraçam num verdadeiro sinal de afeto e respeito mútuo, mostrando que mesmo no dia mais escuro ou na noite mais densa, é sempre possível encontrar a luz.
Continua...