- Anteriormente:
Sentiu algo macio sob a mão direita, algo facilmente quebrável. Uma sensação de poder tão gigantesca que percebeu ter o mundo inteiro a seus pés, mas ainda assim aquilo não foi o suficiente para sanar seu torpor.
- Ugh… Azura!
O ruivo desfez o aperto da mão e olhou na direção do braço erguido. Seu membro estava cinzento, deformado, grande e tão poderoso que poderia quebrar aquele pescoço em um assopro.
E no fim, sendo erguido pelo pescoço por uma mão demoníaca, estava Zef.
Filler 28
- Hiato -
Depois da Escuridão...
O ruivo foi transportado para uma maca móvel e rapidamente levado para fora daquele quarto. Zef e Angelus assistiam o serviço médico ágil atuar, porém algo estava errado e ambos sabiam disso… O sorriso malicioso de Amagi deixava-os temerosos em relação ao futuro.
- Você, rapaz. - Angelus se referiu a Zef. - Preciso que fique de olho na situação aqui. Eu vou voltar a konoha para informar a situação… Naruto tem de saber o que está acontecendo aqui! - Ele falou, e quando o kirinin assentiu com a cabeça, desapareceu num flash.
O gennin estava só, e apesar de nunca ter gostado de fato do sensei, tinha de saber o que estava acontecendo ali… Ele ainda tinha de usá-lo mais e Azura era necessário... O rapaz seguiu a maca acelerada pelos corredores do hospital, porém ele foi impedido de entrar quando o tokubetsu foi levado a um quarto, pois as portas foram trancadas e um aviso de “somente médicos e enfermeiros” foi posto na porta.
- Merda! - O rapaz exclamou no corredor vazio.
Começou como um som baixo, uma espécie de agudo crescente que no começo passou despercebido, mas ao longo do tempo se tornou algo incômodo, desagradável.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAGH! - Um grito masculino rasgou o silêncio do corredor.
Uma explosão de chakra pareceu vir do quarto a sua frente, um chakra assustador e monstruoso emanou daquela porta fechada como se fossem chamas frias.
- Mas que diabos… - Zef sussurrou, e outro grito surgiu. - Se pensam que vou ficar parado, estão errados!
Um chute na porta foi o suficiente para abrir passagem para o quarto, mas quando aconteceu, o inesperado deu de encontro ao high gennin. Uma lufada de chakra o jogou para trás, contra a parede oposta a porta, como um boneco.
- UAAAAAAAAAAAAGH! - Os médicos estavam encolhidos em um canto da sala, todos temerosos por suas vidas. Azura debatia-se na cama, porém sem êxito, pois seu corpo estava preso por alças reforçadas. De seu braço direito (o único) um tubo vermelho subia até ligar-se a uma bolsa rubra. O sangue viajava pelo cano e entrava nas veias de Azura fazendo-as tufar, como se uma raiz crescesse sob sua pele e espalhasse pelo seu corpo.
O ruivo gritou e se debateu novamente, mas foi impedido pelas correias da cama.
- Vocês são loucos?! Tirem isto dele! Estão matando-o! - Ele gritou, mas os médicos ignoraram, afinal, eles só seguiam ordens…
- Matando? Hohoho! Não! Ele está renascendo! Se tornando perfeito! - Zef não tinha visto antes, mas lá estava Amagi, ao lado da cama e olhando a tudo com seu sorriso de pretensão.
O sangue na bolsa secou e seu conteúdo foi transportado para as veias do ruivo em sua plenitude, e ao mesmo tempo tatuagens de raios na cor de chamas moviam-se em seu corpo, dançavam e consumiam sua pele lentamente. A dor parecia dilacerante, pois os gritos eram constantes e as suas pupilas sumiam. A órbitas normalmente negras tornavam-se brancas e seu corpo, outrora pálido como papel, era consumido pela marca flamejante que mais pareciam braços elétricos.
O cabelo do rapaz tornou-se negro a medida que sua pele era consumida. Seus gritos foram substituídos por risadas histéricas ou urros de fúria.
- O que ele está virando? - Zef estava atônito, porém outro fato chamava sua atenção. O sorriso no rosto de Amagi desaparecera, o velho deu um passo para trás, seus olhos cerraram-se em suspresa e seu cenho enrugara-se em decepção e confusão.
- Não… Não era para ser assim… Eu fiz todos os cálculos, ele não deveria ficar as- o único braço de Azura soltou-se das correias e sem aviso prévio golpeou o velho com tanta força que lançou-o contra a parede e causou rachaduras na mesma.
Seu corpo estava completamente preenchido por aquele furor de chamas, e aos poucos o brilho apagou-se e revelou a nova aparência do ruivo. Ou do moreno, depende do humor. Azura libertou-se e levantou da cama em uma espécie de transe violento.
- A… Azura? - Zef era apeanas um gennin, mas sua coragem transcendia seu status e apesar de sentir uma quantidade esmagadora de chakra vindo do companheiro de vila, não deixou de dar um passo e aproximar-se. - É você?
- Hahaha… hahahahaHAHAHAH! - Sua gargalhada ecoou por todo o hospital, seu chakra explodiu como uma onda de impacto. Zef foi jogado para trás, mas não colidiu com a parede como outrora, pois o rapaz foi ágil o suficiente para virar seu corpo e ficar de pé na parede antes do impacto.
- Hahahahahah! - Azura virou-se, deu um murro na cama atrás de si e, sem seguida, destruiu a parede com qualquer coisa brilhante que saiu de sua única mão. O ar lá fora era frio e chovia, ainda era noite e sem lua nos céus… A completa escuridão só era rasgada pelos trovões e relâmpagos daquela tempestade, e neste cenário complexo de escuridão e luz, o monstruoso Azura se foi.
E mesmo depois que ele se foi, a imagem ficou na mente de Zef; Espinhos de ossos nas costas, uma espécie de olheira negra abaixo dos olhos resultando em linhas que desenhavam a trajetória pelos maxilares, buracos negros pelo corpo e, por fim, seus cabelos tornaram-se negros e ergueram-se em rebeldia.
- O que você fez com ele? - O kirinin falou para o velho de que erguia-se do chão e limpava as vestes. - o que… Porra você fez?
- Você… - Amagi passou as mãos pelos cabelos desarrumados e alinhou-os para trás. - Você já ouviu falar da transformação do sábio, senninka? Haha. Provavelmente não.
- Continue…
- Acabei de implantar o sangue do único adepto ao senninka em Azura, eu imaginei… Pensei que sua condição o permitiria controlar este estado, mas… Nós precisamos pará-lo. - O conselheiro deu alguns passos rumo ao buraco na parede. Lançou seu olhar intimidador aos médicos e enfermeiras da sala, eles sabiam agora que nenhuma palavra seria reportada ao kage. - Você precisa enfraquecê-lo!
- Eu? - Zef pareceu surpreso. - E como faço isso?!
- Apenas… Lute! - O velho não olhou nos olhos de Zef, do contrário, cruzou o espaço da sala até a porta sem perder a compostura.
-x-
As paredes ruíram e aquela casa desabou tão poderosa quanto o golpe que a atingiu. Gritos e lamúrios ouviram-se dos moradores, mas foram todos sufocados rapidamente pelos escombros e pedregulhos. No centro deste turbilhão de pó e destruição, estava Azura.
- Sim. Sim sim… Mais… Os números, números, sim sim! Ódio! Destruir… Matar… - Ele delirava em maior aos planos de brutalidade.
- Eu tenho certeza que irei gostar mais disso que você! - Uma voz familiar soou atrás do tokubetsu.
Um momento de silêncio apenas quebrado pelos relampagos e gotas de chuva. Azura sentiu uma presença atrás de si e dois projéteis de água atingiram seu ombro esquerdo com a força de murros, que foram respondidos com uma cotovelada potencializada por um buraco expelindo chakra na mão do inugami e, antes que pudesse perceber, estava golpeando o ar.
A katana atravessou sua coxa como papel. Zef tinha abaixado no momento exato, timming perfeito para desviar do golpe fatal.
- Desmaia, droga! - Zef retirou a katana para recuar e ver a reação, mas antes disso já estava sendo golpeado com um soco do único braço de Azura. Um murro poderoso o suficiente para jogá-lo longe, em um pedaço de parede que teimou em cair. O gennin cuspiu sangue e sentiu dores, talvez tivesse quebrado algo, mas permanesceu de pé. - Você… não sente dor?!
- M-Matar… Matar! Sim! MATAR! - Os espinhos da costa de Azura começaram a expelir chakra como turbinas, como se fossem pequenos tubos afiados, e em segundos ele ganhava uma velocidade inimaginável. Se não fosse a predição exímia em desviar do golpe, a cabeça de Zef teria sido explodida.
Ele girou o corpo para o lado, mas antes que pudesse afastar-se, uma mão demoníaca cerrava-se em torno do seu pescoço. Ele olhou Azura nos olhos, aqueles olhos transformados e agressivos, mas ao fim deu um sorrisinho de deboche.
- E no fim, você só tem um braço. Como vai me matar agora, senhor badass? - O rapaz estava desarmado e sentia que não duraria muito, então porque não provocar?
Naquele momento Azura pareceu perceber-se que não tinha um outro braço, e como se fosse movido pela sua vontade, uma forma negra-acinzentada criou-se em seu ombro nu onde outrora não havia braço ou nada, e cresceu até que um outro braço, idêntico ao direito, surgisse.
- Admito, isso foi inesperado. - O gennin sentia o aperto aumentar. A outra mão de Azura tinha buracos no fim dos dedos, buracos estes que acendiam ameaçadoramente com a cor do chakra, e julgando por como ele expeliu chakra pelos espinhos da costa, não estava muito animado por ver o que aconteceria a seguir.
- Azura! Acorda! Seu maldito! Acorde!
De início a expressão do ex-ruivo era uma incógnita, a sombra da noite cobria-lhe a face e a chuva inundava os olhos do gennin… E foi quando amanheceu.
O sol surgiu nas montanhas ao longe, e apesar das nuvens de chuva impedirem seu contato direto com kirigakure, sua luz ajudava muito para discenir o que era o quê.
Ambos estavam sob ruínas, como se estivessem saído de uma guerra, e quando a luz tocou a face de ambos, o tokubetsu o reconheceu.
Sua pele pareceu queimar novamente e, tal como aqueles raios negros consumiram seu corpo em uma velocidade absurda, eles regrediram. A medida que isto acontecia, sua “monstruosidade” também desaparecia. Seu cabelo voltou ao vermelho escuro que sempre fora, a pele cinzenta tornou-se tão pálida quanto antes e os espinhos desapareceram completamente, tal como o braço monstruoso que erguia Zef.
- Ugh… Azura! - O cativo falou quando percebeu que o rapaz voltava de seu modo berserk temporário. - Poderia fazer o favor de me soltar?