O sol regurgitava seus primeiros raios cintilantes na famosa Konohagakure. Entre os telhados das casas, era possível notar-se a figura de um jovem rapaz saltitando euforicamente. Ele corria contra as agradáveis brisas oriundas da manhã, sua velocidade ganhava acréscimos parciais através de uma camada violeta luzidia no couro de suas sandálias, que lhe dava mais impulso e o auxiliava até mesmo nos impactos que aconteciam quando seus pés tocavam as telhas. Pôr-se de pé fora para ele o maior desafio de seu dia até aquele momento, e desejara secreta e profundamente que houvesse de ser também o último, ainda que algo nas nuvens esparsas insistisse em prever o contrário. Sim, estava definitivamente louco. Lendo nuvens, humpf, há de ser o sol consumindo os resquícios de uma mentalidade degenerada. Seu físico pouco avantajado em nada se assemelharia á personalidade forte escondida sobre mantos intermináveis de seriedade

De longe, viu os rabiscos que delimitavam a figura do grande gabinete do atual Hokage. Uzumaki Naruto. Seu sangue ebuliu quando imaginou-se ao lado de uma lenda. Sim, para ele, era totalmente inspirador ter o exemplo de uma pessoa convicta de seus feitos históricos tão perto de si. Se aproximou numa velocidade considerável, parando abruptamente após um salto mortal, a frente dos dois chunins que resguardavam a porta principal. Entrou sem delongas, e subindo uma escadaria marrom-madeira, adentrou após bater a sala do Hokage. Além dele, outro rapaz de cabelos escuros permanecia de pé lá dentro. Quem é esse?

- Muito bem... - Bradou Naruto, enquanto Izumi juntou-se ao outro. - Vocês foram convocados para fazer uma missão extremamente simples, mas relevante. Um violinista prestigiado mundialmente arrebentou duas de suas cordas, e estará chegando na vila à pouco para realizar um recital que atrairá a atenção de muitos. O problema é que eles estão no meio da viagem e não há qualquer lugar para comprar este tipo de material. Logo, vocês tem que ser rápidos e comprarem ambas as cordas. - Ele estendeu uma de suas mãos e entregou um papel para um deles. - Essas são as informações adicionais, agora vão. - Conclamara, conforme os dois Genins saíssem rapidamente do recinto.

- Meu nome é Young Inuzuka, qual o seu? - Inquiriu o jovem Inuzuka, enquanto ambos realizavam uma corrida apressurada entre as ruas da vila.
- Uchiha Izumi, prazer. - Respondeu o outro, com a típica feição austera, enquanto lia a folha dada por seu superior.

Mantendo a aproximação rápida, chegaram numa espécie de loja de instrumentos na área comercial da vila. Eis que em meio a uma pequena multidão, algumas dezenas de homens destacam-se numa fração de segundo.

- HEY SÃO AQUELES DOIS ALI! - Proclamou qualquer um deles, enquanto partiram em vossa direção.

Dois deles avançaram de uma vez só contra o Inuzuka, que sibilara gestos rápidos e distanciara-se alguns passos afim de executar um hábil movimento de esquiva. Já o Uchiha, teve-se cercado por três homens encapuzados que partiram em conjunto, seu semblante mostrou-se desorientado pela nova revelação, e logo de cara um dos homens o acertou com um soco na face, revelando o Kawarimi propriamente feito por Izumi. Sua presença foi evidenciada ante a multidão, e se esgueirando através da guarda baixa de seus contendores, ele os nocauteara com três ataques recíprocos. Esses caras são burros, poderiam usar as pessoas como meio de ocultação. Revelaram-se de cara, o que me levou a usar o Kawarimi. Agora, basta saber o que esses miseráveis querem...

Uma hora... isso é realmente um problema. São duas horas de ida e volta. Calculava o Uchiha, conforme ele e o outro rapaz fossem passando entre os galhos das árvores daquela floresta, floresta que era considerada uma defesa natural da própria Konohagakure. O Inuzuka então fez com que a sua energia fluísse sobre suas narinas, intangivelmente, sua preocupação até agora remota, deu os primeiros sinais. Esse cheiro! Estamos sendo seguidos? Ele olhara para Izumi de esguelha, sem levantar quaisquer suspeitas, apesar de que a mensagem fora captada pelo olhar do rapaz. - Eu sei. - Sussurrara. O Uchiha parou abruptamente, convergindo seu chakra para as pernas, forçando-se contra o caule de umas das árvores com os pés. - Vá! Irei segurá-los aqui, mas seja rápido, não sei o que esses caras são capazes de fazer. - Young concitara a cabeça, num gesto afirmativo. - Boa sorte. - Finalizara, enquanto prosseguiu pulando entre os galhos com toda velocidade.

Izumi já tinha algo em mente, mas seria perigoso caso falhasse, estava apreensivo, mas seu olhar continuava frio. Após alguns segundos eles o perceberam, forçando a parada do grupo de sete homens. Estão em menor número. Esses caras são mais fortes que os outros?

- Yare, parece que um dos garotinhos percebeu a nossa presença e resolveu se sacrificar para salvar o seu parceiro. - Um sorriso brotou no rosto do homem, o mesmo valia para o escárnio em seus olhos negros. - Uma pena, afinal, isso não adiantará em nada. Vocês morrerão por se entrometer no assunto dos outros. - Ele avançou apressuradamente na direção do Uchiha, afim de socá-lo, mas viu que não passava de uma ilusão ao atravessá-lo. - Bunshin? - Concluíra o óbvio. Selos então eram executados, no mesmo momento em que uma quantidade exímia de energia era concentrada pelo jovem garoto, que se revelando por trás dos sete homens, esbaforiu uma bola de fogo que abrangeu quase toda a área ocupada por eles, salvando-se ambas extremidades.

Sucessivamente recuara, num pulo mortal, e parara num espesso apêndice que surgia através de outra árvore.

- Maldito! - Trovejou o mais gordo deles, almejando levantar-se repleto de queimaduras, e nisso, os olhares de alguns dos homens caíam sobre o corpo de Izumi, que quando deu-se por conta, estava paralisado. O que é isso? Genjutsu? Seu corpo pesou, seu peito subia e descia em uma respiração desalinhada, com intervalos desiguais, carregando o mini-sobretudo marrom de seda, agora mais do que nunca; o suor ardia em seus olhos sem brilho, mas temia no que pudesse acontecer caso os movimentasse mais um pouco. Com esforço, mordeu um de seus lábios, sentiu o sangue quente sobre eles, e vagarosamente se estender até o final de seu queixo. Dor. Sentiu algo em seu abdômen, e foi jogado para longe, inerme.

- ARRGH! - Deixou-se liberar involuntariamente um urro de dor, enquanto fora lançado decima da árvore, até o chão, num emaranhado de lama e relva, teve sorte em não quebrar nada. Levantou-se de imediato, sentindo os músculos de suas costas danificados, apesar de que, seu abdômen ainda latejava em vista ao último golpe. Seus olhos perscrutaram rapidamente seus inimigos, restavam dois deles, cinco, pegos pela técnica de fogo estavam tontos demais, a ponto de não conseguir se levantar, afinal, haviam também sofrido uma queda, talvez maior que a do próprio Uchiha. Isso só enfatizava que eram fracos.

Eles pularam então, tentando um ataque por cima. Sua agilidade, corriqueira, havia sido ainda mais prejudicada, e seu primeiro movimento de esquiva foi executado por pura força bruta. Forçou seu corpo ao máximo e se movimentou, fazendo seu oponente socar o chão. O outro veio por trás, e Izumi novamente forçou seu corpo, mas a movimentação fora falha e ele foi pego por um ataque novamente em suas costas.

Levantou-se tonto a alguns metros dos dois. Eu sou fraco? Porra. Lamentou-se enquanto seu corpo fraquejava. Os dois avançaram em sua direção, sem dá-lo tempo para reações aparentes. Izumi fechou os olhos, já tinha noção que seu corpo não conseguiria se movimentar a tempo. O sangue espalhou-se sobre seu rosto, entretanto, desprovido de dor. Calculou que a adrenalina havia retardado tudo. Semicerrou os olhos e pôde ver a silhueta de duas pessoas à sua frente, e nisso caíra no chão, sendo seu tronco segurado por seus dois braços. O quê? Não fui atingido!

Arfante, olhara para os dois indivíduos, e para os corpos moribundos dos homens que haviam sido nocauteados por uma lâmina. Sopitara.

- Você está bem? - Era uma voz familiar, quando virou-se, viu que tratava-se do Inuzuka. Mas quem era o outro?  
- Sim, obrigado. Porquê você voltou? E quem é esse cara aí? - Inquiriu, conforme fosse se levantando vagarosamente.
- Me chamo Hirako, sou o dono da loja. Estava vindo para vila para ver o recital que acontecerá em breve, e encontrei seu amigo no caminho. Por sorte, eu já sabia da situação do violinista, e estou com as cordas aqui. - Ele sacudiu uma pequena sacola branca, mostrando as cordas.
- Ah, é mesmo, você não me disse como soube disso. - O Inuzuka então desfez a postura de ataque, e fora analisar o corpo jazidos no lamaçal.  
- Um pássaro mensageiro foi mandado da vila, só não sei de quem. - Disse o homem de meia-idade.
- Provavelmente aquela mulher do bar, ou talvez eles não confiassem em nós. Mas não importa, vamos entregar logo essas cordas, essa missão já foi longe demais. - Proclamara, instigando a retirada deles.
- Ok, avisamos dos corpos depois. Vamos. - Falou o Inuzuka enquanto ele e o Uchiha saltaram para as árvores, Izumi, com certa dificuldade.
- Vão, peguem as cordas - O homem jogara a sacola. - Eu cuido dos corpos. - Ele sorriu, e nisso, ambos os Genins desapareceram entre a flora.

- A propósito, quem eram esses caras mesmo? - Questionou o Uchiha, enquanto voltavam para a vila, através de saltos longos.
- Provavelmente capangas contratados por um grupo rival de música, pelo que o Hirako me disse, a fama do violinista também lhe causava alguns problemas como esse. Um bando de invejosos miseráveis. - Respondera.

Chegando na vila, entregaram as cordas.