Kristea aproximou-se da sala onde estava o corpo da mãe. Estava completamente destruída. Sem pensar, tocou num dos destroços e, naquele instante, imagens invadiram a sua mente. Eram diferentes de uma Visão normal.

“Aya corria, ao ser perseguida por aquele ser vestido de negro, que destruía tudo o que encontrava à sua frente.
- Quem te mandou a este mundo? – perguntava ela.
O ser riu-se maldosamente.
- Não será óbvio?
- O Arian?
- O pai da h’aarina, sim!
Aya parou repentinamente. Lágrimas escorriam pelas suas faces.
- O Arian jamais faria isso! Ele prometeu! No momento em que decidi vir para este mundo com a Kristea!
A criatura bufou:
- O Senhor nunca faria promessas, principalmente a uma humana. Ele quer ver o sangue daquela que ele um dia amou! Ele quer ver a h’aarina!
- NÃO TOCARÁS NA MINHA FILHA!
- Mulher idiota! Alguma vez terias hipóteses contra um servo do Senhor das Trevas?
Ao dizer isto, deu-lhe um estalo. A força fora tanta que ela batera com a cabeça numa das escadas, não se movendo mais.
Ele então pegou nela e levou-a para perto da h’aarina, que estava a chegar.”

O resto estava desfocado e desapareceu.
Não sabia quanto tempo estivera naquela espécie de transe. Despertara deste e Ryoutarou materializava-se à sua frente.
Quando a viu completamente exausta e de olhos baços, o anjo amparou-a e, levando-a nos seus braço, deitou-a no seu quarto. Kristea adormeceu de imediato.
- Acho que viste e ouviste coisas que não devias… E agora vou tratar da barreira e de tudo o mais. Não quero que tenhas mais este fardo em cima de ti – dizia ele à jovem h’aarina adormecida. Então saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.
Kristea acordou na manhã seguinte, com um raio de sol mais atrevido que conseguira atravessar as espessas nuvens sobre o seu rosto. A Visão estranha que tivera no dia anterior ainda ecoava na sua cabeça. Jamais vira algo assim. Era como se o que ela quisesse ver lhe tivesse sido mostrado. E não fora lá muito agradável… Apenas a confundira mais.
Bateram à porta:
- Kristea, estás acordada?
- Sim.
Ryoutarou entrou no quarto e, reparando na sua expressão, sentou-se ao lado dela.
Kristea parecia ausente. O seu espírito parecia estar longe.
- Kris, já tratei de tudo, da barreira, do corpo da tua mãe e dos estragos na casa.
Ela não mostrou qualquer reacção.
- Estás a pensar no que viste ontem?
Kristea apenas acenou levemente, confirmando.
- Eu explico tudo. Só não te quero é ver assim.
Os olhos azuis-esverdeados dele encontraram os dela. Estavam baços. Seria a dor ou a dúvida que os habitavam? Seriam ambos?
- O mundo do teu pai não é este, como sabes. É um mundo paralelo a este, entre o céu e o inferno. Ele é o braço direito do Senhor das Trevas, Infernus. A tua mãe resolveu voltar para o seu mundo antes de saber da sua traição para com o seu povo, para com o povo do mundo no qual era rei. Aquele mundo agora é dominado pela escuridão, pelo mal, por ele, que se entregou às trevas. Apesar do seu nome representar a luz, Arian, ele não é assim.
»Quanto ao teu irmão, pouco se sabe sobre ele. Desertou daquele mundo e faz uso do seu enorme poder para viajar entre mundos, tanto quanto descobri no céu. Tu e ele completam-se em termos de poderes. Têm o mesmo nível de poder, mas oposto. Isto é, como o teu alinhamento é vento e fogo, o dele é terra e água. Entendes?
- Sim.
- Agora quero ver-te mais animada. Embora saiba que é difícil… Mas tens amigos que te podem ajudar a ultrapassar a situação. Tens-me a mim, tens ainda tanta gente… Eu confio em ti, sei que consegues.
Ela parecia continuar ausente. Os seus olhos continuavam baços. A dor recusava-se a desaparecer.
- Posso ficar sozinha por um bocadinho, por favor? - pediu. Precisava de pensar.
- Claro. Estou lá fora no corredor, se precisares – concordou Ryoutarou, saindo do quarto.
Kristea tinha que digerir o que ele lhe contara. Parecia tão pouco e, no entanto, afectara-a bastante. Tinha que reflectir sobre o que fazer a seguir. Afinal, agora tudo podia acontecer.

Excelente ^^

Coitada da Kristea xD