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Muito bem cavalheiros... Sejam bem-vindos. – Comentou o homem ao descer às escadarias da grande mansão. Vestido elegantemente com um fraque e gravata borboleta, o mordomo trazia consigo uma lista dos convidados para a missão que seu patrão o havia instruído. Chegando ao último degrau, ele buscou o monóculo na lapela e percorreu seus olhos na lista como se contasse o número de convidados. E após um longo e sonolento suspiro, ele retornou seus olhos cansados para os ninjas que aguardavam no lado oposto da grande sala de recepção. Era um grupo bem peculiar. Sete ao todo. Todos ensopados e cobertos por capas de chuva, os sete nukenins olhavam atentamente o mordomo aguardando alguma explicação do porquê de estarem ali. Daisuke já estava impaciente. Sua figura gigantesca destoava do restante dos ninjas que o olhavam com certa estranheza e cautela.
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Direi qual a missão de vocês. – Concluiu o sujeito, sentando-se na poltrona à frente deles. Cruzando as pernas, o mordomo buscou uma xícara de chá que repousava numa pequena mesinha lateral e quando sorveu o líquido começou a falar do que tudo aquilo se tratava. Segundo ele, o patrono da mansão era um rico colecionador de peças lendárias e que a único tesouro que ainda não tinha recuperado era o tal tesouro das ruínas assombradas de Hoshido. Era um castelo do tempo medieval que fora assolado por um grande incêndio. Agora toda sua grandeza tinha ido embora, deixando para trás apenas histórias de horror. –
Não acredito em fantasmas! – Gargalhou um dos ninjas que assistiam aquilo com certo descrédito, mas logo suas feições mudaram quando ouviram o valor da recompensa: -
Mil de duzentos para quem trouxer a prova de que o tesouro existe. – Concluiu.
Um bom dinheiro para enfrentar “fantasmas” que geralmente são invenções dos populares. –
E onde fica essa ruína? – Disse a marionete-viva, quebrando um incômodo silêncio no local. Os outros seis homens que o fitaram durante sua fala agora se voltavam para o mordomo que se inquietou ao se levantar e entregar um pequeno mapa ao primeiro homem que encontrou. O mais raquítico de todos. O nukenin tinha uma pele de suas mãos bastante pálidas e olhos com pupilas de serpente. Estas eram as únicas coisas que se conseguia ver através da sua pesada vestimenta escura como a noite. –
Ao sul daqui... Cerca de cinco milhas... Num penhasco. – Sussurrou com uma voz sibilante. Nesse momento, para completar o ar de mistério, o brilho de um relâmpago ao longe cegou momentaneamente o mordomo que logo percebeu que os homens já não estavam ali.
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Já foram. E que a corrida comece. – Sorriu fitando a janela banhada pela tempestade.
***
Correndo a toda velocidade contra a chuva torrencial, Daisuke percorria a pequena trilha que cortava a floresta na direção indicada, efetuando rápidos shunshins com a intenção de se livrar dos outros seis homens que saltavam por entre as árvores no limite da estrada sem se importar com o ruído que faziam. Realmente aquilo se transformara numa corrida.
Um grupo até honrado. Honrado demais. – Pensou a máquina, estranhando porque os ninjas ainda não se atacaram quando: “Boom!” Um kibaku fuuda explodiu à sua frente, danificando e freando seu avanço na mesma hora. Escorregando pela lama, Daisuke foi alvo da inércia que o direcionou exatamente na direção de uma encosta após quebrar dolorosamente alguns troncos com seu corpo de titânio. Rapidamente abrindo seus seis braços, o nuke tentava se agarrar com toda força no solo lamacento, mas nada era firme o suficiente.
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Porra! Vou caiiiir! – Esbravejou ao ver o limite. A escuridão e o mar o aguardavam quando finalmente ele conseguiu aprumar seu corpo e concentrar chakra nas tatuagens em cada braço, de onde surgiram as linhas de aço que foram arremessadas com toda força contra os troncos que ainda permaneciam de pé. Num silvo agudo, as seis linhas se enroscaram como pretendido e quando o corpo metálico se precipitou por alguns metros encosta abaixo, sua queda foi interrompida com violência, sendo jogado com as costas contra o paredão de rocha. Seu esqueleto de titânio rangeu e reclamou. Quem quer que fosse o ninja que armou aquela armadilha era bastante inteligente para saber o momento certo para se livrar dele. Seu tamanho descomunal certamente serviu para a decisão do conspirador. –
Foi por pouco. – Sussurrou pendurado, balançando com o vento. Mas a corrida só estava começando.
Forçando os braços numa penosa subida, a marionete enfim conseguiu escalar até a borda quando recomeçou a correr de volta para a trilha para as ruínas. Seus concorrentes já deveriam estar na dianteira e isso só o enfureceu. –
Ainda pego o idiota que tentou me matar! – Reclamou ao disparar novamente na direção indicada, mas não demorou muito até que começou a ouvir ruídos de combate logo à frente. Seu corpo pesado frenou e saltou com agilidade para dentro da floresta onde pôde averiguar o que acontecia. Agachando-se para camuflar-se na relva, Daisuke viu dois de seus concorrentes que mediam forças, brandindo espadas numa clareira próxima.
Três podem jogar esse jogo. Então, enquanto os dois nukenins recuavam num salto para recomeçar o combate, a marionete usava seu chakra para invocar duas kunais, arremessando-as com toda força contra os dois alvos.
Rapidamente os homens ouviram os silvos das lâminas contra as gotas de chuva e bloquearam as trajetórias dos projéteis com giros de suas katanas. –
Desgraçado... Tentou me acertar com um arremesso tão simples?! – Indignou-se um deles, sem saber que o gigante já tinha um plano em mente. E, quando as kunais voaram sem rumo após o bloqueio, a marionete-viva usou seu chakra num impulso para ativar o selo hiraishin e ressurgir exatamente ao lado do primeiro nukenin-alvo, elevando a poderosa perna embebida em chakra num esmagador chute lateral que o atirou longe contra as árvores. Muito veloz. O segundo nukenin ainda tentou avançar tentando espetá-lo nas costas, mas Daisuke utilizou o selo da segunda kunai que arremessara, teleportando-se para as costas do atacante. Este arregalou os olhos ao perceber que o gigante simplesmente sumira, sendo atingido por uma rasteira que o impulsionou para o alto, quando recebeu um soco descendente na direção da lama.
O impacto criou uma pequena cratera, assustando alguns pássaros que se protegiam da chuva nos limites da clareira. –
Dois a menos. Faltam quatro e o tesouro. – Concluiu sob a chuva torrencial. A tempestade parecia estar ainda mais forte. Então, arrumando novamente sua capa de chuva, Daisuke deu as costas aos dois nukenins derrotados, retornando à trilha na direção das ruínas. Ele não sabia por que, mas estava desconfiado de que todos ali estavam sendo manipulados de algum modo.
Preciso tomar mais cuidado. Era isso que precisava. Afinal, ele não sabia o que o esperava ao chegar às colinas. Esses pensamentos logo cessaram quando a trilha se inclinou para a direita seguindo por um estreito rochoso que uivava com a intensidade do vento que passava por ele. Realmente aquilo começava a assustá-lo, mesmo que não acreditasse em fantasmas.
Apressando os passos, Daisuke logo atravessou o estreito, deparando-se com um pequeno acampamento com quatro tendas arredondadas. Mais à frente num terreno inclinado existia outro trecho da trilha com algumas poucas árvores e, após o brilho opaco de um relâmpago ao longe, o nukenin pôde finalmente ver as ruínas do castelo. Era imenso e até bem conservado para um castelo com mais de mil anos de construído. Cercado por um denso e alto muro feito com rochas lapidadas e encaixadas com grande precisão, do castelo se podia ver apenas a abertura principal onde antes existia um portão principal que levava a entrada. A construção tinha cerca de três andares que subiam no espaço numa forma piramidal. O nukenin logo concluiu que à época de sua era, aquele seria um dos mais belos castelos que existiam, mas que hoje não passava de ruína.
Como tudo é efêmero. – Pensou.
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Ei grandão! Não vai descansar não? – Perguntou um dos nukenins acampados.
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É melhor esperarmos o sol nascer. – Completou outro, da cortina de sua cabana.
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Deixa de ser medroso, Obuzo! – Reclamou o parceiro que parecia compartilhar da mesma barraca.
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Um, dois, três... Onde está o último ninja? – Perguntou Daisuke, curioso em saber onde seus concorrentes estavam.
Os homens se entreolharam e deram de ombros. Aproximando-se da última barraca, a marionete-viva abriu calmamente a cortina da terceira barraca e só atestou o que desconfiava: O homem já tinha seguido para as ruínas. –
O maldito já foi na frente. – Sussurrou quando um grito horrendo ecoou pela trilha até eles. O grito foi de desesperado e terminou tão rápido que mal conseguiram identificar como um grito humano. Assustados, todos os três nukenins saltaram de suas barracas e permaneceram na chuva com suas lâminas em punho. Enquanto isso, Daisuke apertava os olhos na direção das ruínas tentando buscar alguma pista do que tinha acabado de acontecer. Seja o que for que tivesse acontecido, parecia que o concorrente mais apressado acabara de encontrar seu destino.
Realmente é melhor aguarda a luz do dia. – Pensou a marionete, jogando o capuz de sua capa de chuva sobre a cabeça ao recostar numa árvore próxima à parede do estreito.
***
O dia amanheceu como todos os outros no País da Chuva: Nublado e chuvoso. O silêncio de seus três concorrentes indicava que eles ainda não tinham acordado quando o gigante se levantou e começou a caminhar na direção da ruína misteriosa. –
Ei! Obuzu! Acorda! O grandão já começou! – Gritou o mais exagerado da dupla.
Amadores. Daisuke avançava e subia sob uma fraca garoa que começou a cair nos seus ombros. Não demorou muito para que os outros três o acompanhassem na direção do castelo. Com passos instintivamente coordenados os faziam parecer uma equipe... Certamente o grito da noite anterior os forçou pelo menos esboçar um estilo de trabalho em conjunto. Era a certeza de que existia algo ali. Tentando olhar para os andares superiores, a marionete não conseguiu notar nada de estranho até que enfim chegou ao portão principal.
Nesse momento o som das espadas deixando suas bainhas ecoou pelo pátio principal. Cuidadosamente os três ninjas entraram no local, pisando o chão lamacento até encontrarem um pesado rastro que se originava rente aos degraus e subia até se perder dentro do prédio principal. –
Parece que alguém foi arrastado lá para dentro. – Sussurrou o colega de Obuzu, arregalando os olhos com pavor. Daisuke parecia não se importar com tudo aquilo. Já estava impaciente pela falta de ação e gostaria de terminar aquela missão o quanto antes. Assim, sem consultar seus concorrentes, a pesada marionete disparou na direção do perigo, seguindo o rastro até adentrar no prédio onde se deparou com um gigantesco buraco que descia para a escuridão. Vendo que não conseguia frenar, ele levou chakra para a tatuagem e invocou uma kunai com selo hiraishin, arremessando-a com toda força para a lateral do buraco assim que começou a cair.
A lâmina cravou na rocha e vibrou assim que o nukenin convergiu seu chakra até ela. Daisuke logo ressurgiu na lateral do precipício, começando a descer cuidadosamente até o fundo enquanto ouvia o eco dos passos dos outros três na direção dele. –
Ei grandão! Você está bem?! – Gritou Obuzu, colocando a cabeça na beirada. Acenando negativamente pela ausência de discrição do concorrente, a marionete preferiu não responder e continuar sua descida. Parecia que algo havia escavado através do nível inferior até chegar a uma galeria subterrânea. Descendo mais um pouco, foi fácil perceber o ruído das ondas do mar, o que indicava que talvez existisse outra saída dali. Descendo ainda mais, Daisuke finalmente aterrou os pés num solo arenoso e escuro. Completamente no escuro, ele usou seu chakra para invocar duas kunais e uma tocha. Atingindo uma lâmina a outra com grande força, a faísca caiu sobre a tocha que se incendiou para iluminar o local.
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Teria arregalado os olhos quando viu em que pisava. Ossos. Milhares deles. Esmagados e triturados, as caveiras circundavam o local como uma espécie de ninho gigante. –
Oh, oh... Acho que eu não devia estar aqui. – Sussurrou. Nesse momento a marionete começou a ouvir o som de batalha lá em cima. Gritos, estalar de lâminas e finalmente alguns gritos em agonia. Seja o que for, estava lá em cima. Rapidamente Daisuke apagou a tocha e saltou para a lateral, buscando a proteção da parede quando um corpo parcialmente mordido atingiu o fundo num som macabro. Um gemido gutural logo ecoou caverna à dentro e o som de garras descendo pelo gargalo só o deixava ainda mais nervoso. Seus companheiros estavam mortos. Provavelmente. Agora caberia a ele sair dali para avisar o que estava acontecendo. Arqueando o corpo numa posição de ataque, a marionete viu aquela criatura enorme descer suavemente até o centro da galeria.
Enrolando-se como uma serpente, a fera terminava de mastigar alguns ossos brancos e com alguma carne. Seu olhar, acostumados com a penumbra, logo procuraram a origem da pequena fagulha que ainda brilhava.
Essa não. – Reclamou de sua mancada quando a criatura finalmente fitou-o diretamente e abriu a bocarra ossuda. Aquilo realmente era um lagarto gigante. Daisuke ainda pôde ver sua pele esverdeada alterando a cor para se misturar na escuridão, mas antes a língua gosmenta o atingiu com imensa velocidade, puxando-o com força brutal para suas entranhas. Tentando escapar, o gigante usou toda força que tinha para resistir ao puxão, elevando um dos punhos embebido de chakra para esmurrar a língua com um poderoso okashô, mas órgão era elástico demais para receber qualquer dano. O impasse se resolveu quando a marionete desapareceu na boca do bicho.
Banguela, o lagarto o jogava para todos os lados da boca tentando esmaga-lo. Seu metal rangia e amassava diante da pressão que o bicho gigante exercia nele quando finalmente a marionete perdeu a paciência. –
Quinto portão! Kai! – Exclamou ao controlar seu chakra com perfeição e abrir o portão da floresta. A explosão de energia assustou a fera que se enroscou e o cuspiu fora com potência. Seu corpo se chocou à parede e só então o ninja percebeu que tinha perdido dois braços e tinha alguns danos internos.
Esse bicho vai pagar! – Pensou furioso quando a viu expelir uma espécie de gás que tomou conta do local. Deveria ser veneno, mas a besta não sabia que Daisuke não respirava. Esse erro mortal fez a marionete sorrir, fazendo-o disparar contra o monstro com os punhos cheios de energia e ódio. Um soco lateral no focinho e o bicho foram jogados contra a parede oposta, tentando esmaga-lo com sua cauda.
Rapidamente o nukenin se esquivou e elevou a perna num chute descendente nas costelas do animal. O estalo fez o bicho gemer e tentar fugir através do buraco. –
Ainda não! – Gritou o boneco, puxando-o pela cauda com toda força. O animal caiu de costas e se debateu, deixando a barriga exposta. Era a chance que Daisuke queria. Então, gritando com fúria, o nuke rodopiou com grande agilidade e atingiu o bicho que o punho, que de tanta força perfurou a pele, adentrando nas suas entranhas douradas.
! O bicho gemeu e pareceu perder as forças e morrer. Lá dentro, o ninja viu pasmo que a criatura guardava todo o tesouro dentro de seu estômago, junto com alguns pedaços dos homens que tinha comido recentemente. –
Bom, parece que o contratante estava certo. – Sorriu, buscando apenas uma moeda de ouro para levar de volta à mansão. Sua consciência ainda tentou convencê-lo em esconder todo o tesouro e fugir, mas ele sabia que tinha que manter sua fama de manter os contratos.
FIM
Assunto: Missão rank B - Custom 
Sex 4 Jul 2014 - 4:29
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