O cassino estava quase vazio, mas suas luzes ainda continuavam a brilhar no final da madrugada. De pé com seus braços cruzados, Daisuke continuava a olhar os arredores para verificar qualquer risco possível que seu contratante poderia correr quando por fim o homem se levantou da roleta com seu ganho em pequenas fichas verdes. Fumando um charuto, Fukushima carregava um copo de whisky aguado na mão direita, cambaleando na direção da única mesa de pôquer que ainda funcionava.
Porra, como esse cara aguenta? – Perguntava-se o nukenin, após um longo dia de jogos, bebidas e fornicações. Seu contratante parecia aproveitar bastante sua ida ao País da Lua Crescente. O playboy até o fazia lembrar-se de quando levava uma boa vida na Vila da Areia. Mas isso era passado. Agora, acompanhava seu protegido enquanto este se sentava e jogava suas fichas na mesa com certa arrogância. –
Vamos jogar! – Comemorou com a voz rouca.
O tempo passou e não demorou muito até que as palavras de Fukushima tirassem Daisuke de sua vigília: -
Senhores, lamento muito. - Ironizava o playboy ao avançar sobre a pilha das apostas sob os gemidos de pesar dos outros quatro jogadores. O rapaz andava numa maré de sorte incrível. Encostado no balcão há alguns metros, Daisuke observava a reação dos jogadores para evitar que seu descontentamento pela perda pudesse de alguma forma por em risco a segurança do rapaz, mas nada de anormal. Parecia que sua missão seria bem tranquila. Principalmente quando a marionete foi chamada por Fukushima para ajudá-lo a levar todas as fichas para trocar por preciosos ryos.
Ótimo, estamos de saída. – Pensou ao virar-se de costas na direção do caixa. Porém, assim que seu contratante arrastou a cadeira para se levantar, num movimento brusco e repentino, um dos jogadores o segurou pelo pulso com uma careta raivosa, deixando-o escapar vários "Ases" que até agora estavam escondidos em sua roupa.
-
Esse filho da puta! – Esbravejaram num uníssono. Pego na trapaça, Fukushima foi do céu ao inferno em poucos segundos quando os outros jogadores se levantaram para agarrá-lo com violência. Surpreso com a reviravolta, o nukenin arregalou os olhos e largou as fichas no chão, disparando num veloz shunshin ziguezagueando por entre as mesas na direção do grupo. Quando enviou uma porção de chakra para a tatuagem de um de seus braços esquerdos, de onde invocou seu bastão condutor. Com grande agilidade e precisão, a marionete girou a arma com toda força e atingiu o pulso do homem que segurava Fukushima pelo braço. O osso estalou com o golpe e o alvo gritou de dor, chamando a atenção de dois seguranças que assistiam ao último show de dança. Revoltados, os três homens outros buscaram os tacos da sinuca ao lado e arremeteram contra eles. –
Fukushima! Fuja! - Comandou ao jovem, enquanto se inclinava e arqueava o corpo repetidas vezes em ágeis movimentos de esquiva até ser surpreendido com um golpe por trás.
A madeira atingiu sua cabeça com força, deixando os sensores dos olhos turvos o suficiente para cambalear até cair sobre uma mesa de jogos. Recuperando-se rapidamente, ao ver que os homens o esqueciam para tratar com seu protegido, o ninja agarrou a mesa quebrada e a rodopiou com toda força que tinha nos braços para arremessá-la na turba, derrubando pelo menos dois dos homens que perseguiam o rapaz. –
Socorro! – Berrava covardemente, correndo desesperado por entre as máquinas. Usando chakra novamente, Daisuke saltou sobre as máquinas, ziguezagueando com agilidade para alcançá-los quando esperou seu chefe dobrar mais uma fileira de máquinas para usar sua inteligência e rodopiar seu bastão contra a próxima máquina à sua frente. Muito esperto. E numa reação em cadeira, uma máquina derrubava a outra até chegar ao final num dominó barulhento, deixando os perseguidores encurralados. –
Tratem comigo primeiro! - Intimidou a máquina, girando o bastão com desenvoltura.
A turba enfurecida não se abateu e se espremeu no estreito espaço querendo atropelá-lo.
Enfim um pouco de diversão. – Concluiu ao ver os homens perfilados e em duplas por falta de espaço. Os primeiros brandiam bastões de sinucas quebrados, tentando estocar a marionete, que usou chakra no pé direito para grudar numa máquina caída e rodopiar por cima numa ágil esquiva para então contra-atacar girando o bastão por suas costas, atingindo o primeiro na têmpora com toda força. Com o estalo, o primeiro desmaiou por cima do outro que também tentava atingi-lo, tirando-os da luta. Logo a próxima dupla atropelou os dois enrolados. Um deles chutou o homem inconsciente na sua direção, fazendo Daisuke perder o equilíbrio ao pisar em falso e abrir a guarda. Seu erro fez a marionete ranger com um soco direto no queixo. O nuke percebeu a mandíbula danificada na mesma hora, projetando-o para lateral onde o jogador se adiantou tentando escapar do cerco.
Venha cá! - Pensou Daisuke, fechando a mandíbula “na marra” para esticar o poderoso braço e agarrar o colarinho do homem pelas costas, puxando-o bruscamente usando a força de seu braço direito, que se contraiu por inteiro ao se encher de chakra para garantir poder suficiente.
O ninja então arremessou o homem de volta à turba, derrubando-os de uma vez. Enquanto isso, Fukushima era impedido de sair do recinto por outros dois seguranças. Ao perceber isso, o nuke efetuou uma rápida cadência de selos e enviou chakra para a mente do primeiro segurança, deixando-o sobre efeito de seu genjutsu da visão invertida. –
Não posso perder tempo. – Sussurrou quando coordenou sua energia até o selo hiraishin que havia colocado em seu contratante, conseguindo ressurgir já saltando contra a parede de homens. Assustado, o primeiro segurança saltou para o lado oposto graças a ilusão e foi atingido em cheio no peito pelo bastão. O outro homem, por sua vez, surpreendeu-se com a velocidade do ninja, vendo-o arremessar o bastão para o alto, invocando sua linha shinobi em seguida para enrolá-la no seu pescoço. Instintivamente o homem soltou Fukushima e tentou soltar o nó. Tarde demais. Daisuke já contraía as pernas com muita força para saltar sobre uma das vigas transversais do teto, puxando a linha consigo para enforcar o segurança que se debatia. –
Peguem-no! - Gritava o dono do cassino, trazendo mais seguranças contra a máquina. Não era inteligente ficar ali.
Sabendo disso, o nukenin então concentrou chakra na tatuagem e invocou uma kunai, acabando por cortar o cinto do segurança que se debatia num só golpe, deixando-o só com roupa íntima. Quando então o libertou com outro giro da lâmina. Aquilo até era engraçado, mas deixou de ser quando o barman o surpreendeu com uma forte cadeirada em suas costas. E para piorar ainda seu azar, Daisuke foi projetado contra a nova turma de seguranças que se aproximava. [i]Ai merda![i] - Reclamou, em tempo de usar seu chakra para grudar sua mão numa das máquinas caídas e usar toda sua força para arrastá-la no piso contra os seguranças que caíram num só strike. –
Bando de idiotas! - Esbravejou o dono do cassino, "chicoteando" os homens para se levantarem. Mas o nukenin não esperou o reagrupamento e enquanto eles ainda se levantavam ele já girava seu bastão no alto e desferia mais um golpe lateral, derrubando dois seguranças de uma só vez, para então usar o bastão como apoio e saltar num forte chute lateral contra o outro. O ruído dos corpos no chão logo cessou e o silêncio então se fez. No fundo, os suspiros ofegantes de Fukushima que ainda parecia não acreditar que tinha sido descoberto.
Foi quando, de repente, o cozinheiro saiu da cozinha todo suado e sem camisa. O sujeito era careca e enorme. Quase de seu tamanho, Daisuke viu que o futuro adversário trazia um cutelo com ele. –
Deixa comigo! Esse engraçadinho morrerá! - Prometeu para o patrão que logo assentiu. O nukenin agora tinha os seguranças em suas costas e o gigante entre ele e a porta de saída para onde Fukushima fugira. Sem tempo para escolher o melhor caminho, ele decidiu pela quantidade e juntou chakra mais uma vez para tentar sair do recinto com um ágil shunshin, mas o gigante girou o cutelo com perfeição e quase degolou a marionete que agilmente conseguiu esquivar-se usando o bastão e a força de seus braços contraídos para se ricochetear e escapar do golpe. Inclinando-se, seus pés logo escorregaram numa mistura de suor e sangue que já cobria o lugar. Sem o apoio, Daisuke largou o bastão e caiu no chão. Sendo pisado violentamente pelo grandão. O ninja ainda conseguia sentir as vibrações de sua blindagem cedendo a cada chute. Aqueles golpes seriam mortais se não fosse uma máquina.
Contudo, quando o homem levantou o pé para pisá-lo novamente, o ninja rolou lateralmente e se levantou num movimento acrobático para assim levar chakra ao punho cerrado, atingindo o joelho do gigante com toda força de um Okashô. O joelho do grandão estalou, fazendo-o grunhir e pender por cima da marionete que não teve alternativa senão segurá-lo. O peso era tremendo e o gigante berrava feito um louco com as mãos no joelho quebrado. O ninja ativou sua força aumentada por chakra e com certo esforço conseguiu evitar ser derrubado com o peso repentino, despejando o gigante ao seu lado. Mijando-se de pavor, Fukushima ainda se sentou ao chão sob o olhar admirado da turba que tentava avançar, mas foi impedida quando o nukenin efetuou alguns selos para deixa-los sobre seu genjutsu, fazendo-os visualizar que em seu lugar existiam apenas máquinas quebradas. (Ilusão de Objetos) –
Isso é um truque! Eles estão por aqui! – Comandou o chefe. Daisuke sabia que logo seriam descobertos.
Então, levando as duas mãos cruzadas no peito, o nukenin invocou e arremessou três kunais com papéis explosivos no chão do estabelecimento, dizendo: –
Se quiserem morrer, é só dar mais um passo à frente. – Provocou, ainda se esforçando para se levantar e fugir. O cassino a essa altura estava mais que vazio, e para esconder sua fuga, Daisuke elevou seu chakra raiton num rápido selo e disparou contra a parede para tocar na caixa de fusíveis na lateral da saída. Nesse momento, todas as luzes estouraram e apagaram imediatamente, deixando o estabelecimento totalmente no escuro. Agora tinham condições de fugir. Jogando Fukushima no ombro, a marionete disparou pela saída de emergência quando ouviu a explosão de suas tarjas que deixara como precaução. A cortina de fumaça acordou a vizinhança e não tardou até que a polícia local começasse a procura-los. –
Que merda! Estou perdido! – Choramingava o playboy, recostado numa lata de lixo.
-
Há um navio zarpando em cinco minutos. – Apontou para a marina. –
Fugiremos nele. - Concluiu a máquina.
-
Está bem. – Disse. –
Ei! O que você está fazendo?! – Reclamou o contratante, ao ser enfiado à força na lata de lixo.
-
Só saia daí quando eu mandar. – Comandou com seriedade, fechando a tampa. E enquanto seu “chefe” estava na sarjeta, Daisuke efetuava um rápido selo enquanto moldava chakra num henge no jutsu providencial, transformando-se num gari. Usando a força de seus braços, ele empunhou a lata de lixo, deixando-a recostada nos ombros quando começou a caminhar pela multidão como se nada tivesse acontecido. Passos lentos e tentando esboçar o esforço natural, Daisuke rapidamente conseguiu entrar no deck principal, dizendo que iria apenas recolher o lixo das cestas laterais. E quem diria, seu plano funcionara muito bem. Só foi esperar que um caminhão de bombeiros passasse ruidosamente pelo local para arremessar Fukushima para o convés do navio que zarpava. O rapaz ainda rastejou na direção dos contêineres que perfilados conseguiam escondê-los bem até se distanciarem. –
ei... você não vem? – Sussurrou ao longe quando Daisuke enviou chakra para seu selo hiraishin, fazendo-o sumir do porto para reaparecer ao lado de seu chefe fedorento. –
Agora sim escapamos... – Comemorou mais uma missão bem sucedida.
FIM
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Dom 20 Set 2015 - 7:57
