Andando solitário pela trilha que saía do vilarejo chuvoso de Koshioka, Daisuke manipulava seu chakra para manter seu disfarce de um pedinte de rua. Segundo informações, o comerciante que trazia suprimentos para o dojo que fora contratado para assaltar. Ele sabia que seria muito mais fácil se optasse por uma abordagem mais direta, contudo, seu contratante preferiu que ninguém percebesse o roubo. Assim, usando sua massa encefálica para pensar numa estratégia plausível, o ninja decidiu que o único ponto de entrada seria através do fornecedor que trazia comida e água até o local.
Ali está ele. - Pensou o "pedinte", aproximando-se da carroça em que o alvo chegava. Perto da hora do almoço, pedintes naquela região não eram numerosos, mas não causaria qualquer estranheza encontrar algum por essas bandas. Foi por isso que Daisuke quis se disfarçar nessa forma. Cantarolando uma música qualquer, o carroceiro parecia distraído o suficiente para não notar a aproximação do nukenin. Assim, juntando as mãos num discreto selo, o ninja enviou chakra para a mão direita e a estendeu num dos sacos de cereais que estavam expostos na parte de trás, embutindo-o com seu selo hiraishin. -
Sai daí! Não te darei esmolas! - Esbravejou o carroceiro, olhando com fúria à aproximação do desconhecido.
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Não terias nada para esse morto-de-fome? - Entrou no personagem.
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Aqui... Toma e não me amolas! - Respondeu o homem, jogando um pedaço de carne-seca. Ainda no personagem, Daisuke agarrou a comida com ansiedade e se afastou pela trilha até se perder na floresta.
Primeira parte do plano efetuada com sucesso. Pensou, desfazendo o henge para se preocupar com o dojo. Saltando com agilidade pelas copas das árvores, o estrategista acelerou o suficiente para alcançar o local no mesmo instante que a carroça. Então, sob a segurança da densa vegetação que circundava a área, ele viu o carroceiro sorridente receber seu dinheiro do que parecia ser o sensei, pois este tinha barba muito longa e já possuía idade avançada. Enquanto isso, outros dez alunos uniformizados com quimono preto buscavam os sacos e barris da carroça e levavam para dentro, quando se perdiam de vista. Porém, assim que o saco marcado fora arrastado para dentro, o nukenin já conseguia sentir sua presença, indicando exatamente onde a dispensa do dojo ficava. -
A dispensa geralmente é fechada, e assim sua chegada não seria percebida. – Raciocinou, lembrando-se de seu planejamento para escolher com sagacidade a melhor forma de entrar. Problema resolvido. Daisuke viu o carroceiro se despedir quando finalmente o portão do dojo se fechou.
Não demorou muito até que o saco descansasse imóvel na dispensa. Agora seria um momento bom. Assim, manipulando seu chakra para "abrir" um portal no tempo-e-espaço, a marionete-viva ressurgiu silenciosamente num local escuro e silencioso. A dispensa não era grande. Apenas três prateleiras de madeira presas às paredes, cercavam o local onde os sacos eram depositados. No lado oposto, ele conseguia ver a iluminação diurna através das frestas da porta, enquanto o eco do que parecia ser o barulho de dezenas de jovens treinando arduamente. Aquele pensamento acendeu os olhos de Daisuke como uma ideia selvagem. -
Quem sabe não faço uma visitinha a eles todos para ver se são fortes? - Sussurrou. Até que não seria má ideia. Afinal, precisaria de alguma distração para sair da dispensa e subir as escadas até encontrar o escritório onde o contratante havia indicado que haveria um cofre. Então, juntando as mãos num rápido selo, o ninja dividiu irmãmente seu chakra para criar uma cópia idêntica que já sabia o que fazer quando surgiu ao seu lado. -
Muito bem. Vamos lá. - Comandou o original, espalhando seu chakra novamente para sumir como mágica e ressurgir do lado de fora do dojo, quando desenhou um selo com as mãos e se transformou no maior homem que já conhecera. O marinheiro que o atacara no início de sua carreira ninja. O sujeito tinha cerca de dois metros e seu braço parecia um tronco de árvore.
Sofri maus bocados para derrotar esse. - Lembrou-se, com pouca saudade.
Seus pés firmes agora começavam a se dirigir à entrada do dojo quando se lembrou de um detalhe. -
O sujeito carregava um bastão. - Lamentou sua falha quando usou seu chakra mais uma vez na tatuagem e invocou seu bastão condutor. Então, chegando ao portão trancado, Daisuke juntou chakra nas extremidades para aumentar sua força e empurrou o portão com todo poder que tinha em seus músculos. Na mesma hora as trancas rangeram e se partiram ruidosamente, o que interrompeu a aula que o mestre do dojo oferecia. -
Muito bem! Quero desafiar o melhor para provar de minhas habilidades! - Gritou o gigante, arremessando algumas moedas no chão. Aquele costume era conhecido no mundo das artes-marciais. O desafiante sempre pagava as possíveis despesas de algum dano provocado. Os alunos pareceram não acreditar no tamanho do desafiante. Logo o mais atiçado dos alunos deu um passo à frente, pedindo autorização ao sensei. O velho parecia arrogante e acenou positivamente. Não demorou até que os alunos cercassem os dois duelistas. O aluno estava todo de preto. Exibindo orgulhosamente uma faixa preta amarrada na cintura, ele fez uma respeitosa reverência para Daisuke que preferiu manter o papel e cuspir no chão simbolizando seu desrespeito. Aquele ato pareceu acender os ânimos de todos, o que fez o desafiante tomar a iniciativa e partir para cima do gigante. Querendo testar as habilidades do homem, afinal, queria dar todo o tempo possível para que sua cópia roubasse o lugar, Daisuke esperou a chegada.
Sem sequer levantar a guarda, o nukenin recebeu um belo soco no estômago, fazendo-o inclinar para frente quando usou o bastão para se apoiar e se esquivar do chute que certamente viria em seu queixo, respondendo com um chute que desceu na diagonal. Cruzando as mãos à frente, o discípulo bloqueou o golpe, mas seus joelhos cederam pela força empregada na pernada do nukenin.
O rapaz tinha força. Mas não o suficiente. - Sorriu ao rodopiar em seu próprio eixo, atirando para baixo o bastão com toda força no ombro esquerdo do karateca. O impacto foi forte, e certamente descolou-lhe a clavícula arrancando-lhe gemidos de dor. Assustado, o aluno tentou recuar dois passos, mas a envergadura que Daisuke tomara para si o fez alcançá-lo antes de se distanciar. Usando toda força de seus músculos artificiais, o nukenin agarrou a lateral do quimono do alvo, elevando-o acima da cabeça numa rápida parábola até o chão do lado oposto. A pancada fez o jovem perder os sentidos, e quando seu bastão novamente golpearia o corpo do moribundo, o mestre gritou: -
Pare! Foi o suficiente! Rapidamente o ninja desviou a trajetória do golpe, atingindo apenas o chão num estalo característico. Nem mesmo precisou de chakra e o mais forte aluno do dojo já estava no chão. O silêncio se instalou. Daisuke sorriu. Mas aquele não era o movimento final.
Como ele previra, o mestre não aceitaria que seu discípulo morresse. Agora faltava a provocação para que ELE próprio venha duelar. Era o que o nuke queria e foi o que aconteceu. –
É só isso?! – Desdenhou sorridente. Enquanto isso, a cópia do ninja já subia as escadarias na direção do escritório. Como tinham planejado, aquela intrusão realmente distraiu a todos, pois não teve nenhuma dificuldade de adentrar no local. O escritório estava vazio. -
Deve ser ali. - Sussurrou o ladrão, olhando para uma bela tapeçaria que tomava toda parede lateral. Rapidamente levantando a tapeçaria, ele invocou duas kunais, as quais ele arremessou nas extremidades da tapeçaria para prendê-la enquanto abria o cofre sem muito estardalhaço. -
Bem como me disseram. - Comemorou ao ver a porta de metal vigorosa à sua frente. Ele então invocou uma kunai e a espetou na beirada da chapa de aço, forçando seus braços para usar sua potência quando um grande brado ecoou do pátio onde outro duelo acontecia.
Deitado no chão, fingindo estar ofegante, O verdadeiro ninja acabara de ser surpreendido pela velocidade do velho. O sensei acabou por tomar as dores do aluno e entrou na briga. Contudo, quando o nukenin arremeteu sobre ele, girando a perna com muita velocidade num chute lateral, o velho se agachou com facilidade para esperar o ataque do bastão do nukenin que em seguida desceu a arma com toda força na direção da cabeça do velho. Com calma, este deu um passo lateral e se esquivou, agarrando-o pelo braço para usar a força descomunal do gigante contra ele e assim atirá-lo dolorosamente no chão. As costas do ninja embateram com brutalidade, que de tão forte acabou machucando até seu núcleo orgânico.
Merda. - Reclamou quando viu o adversário se aproximar rapidamente. Aproveitando que o "gigante" ainda estava no chão, o sensei saltou ás costas do rolamento que esse efetuava, aterrissando de joelhos no peito de Daisuke. O nuke se esforçou bastante para não desativar seu henge devido a força do golpe que recebera, mas mesmo assim ainda usou seu bastão para levantar-se, empurrando o velho com toda força.
Enquanto isso...
-
Consegui! - Sussurrou a cópia, recolhendo a kunai que usava para forçar a fechadura. A porta rangeu e logo revelou todas as economias que o dojo possuía. Trabalho fácil. Então, jogando toda quantia num saco que trouxera, a cópia buscou as kunais que prendiam a tapeçaria, deixando tudo no lugar antes de partir assim que notou a aproximação de alguém. Usando as mãos num rápido selo, o clone de Daisuke manipulou a luz com seu chakra, tornando-se invisível o suficiente para passar despercebido pela criada que começara a varrer o escritório. Com passos leves até a antessala, o ladrão averiguou se estava realmente sozinho quando utilizou o selo hiraishin na direção da floresta, a cópia depositou o conteúdo embaixo de uma raiz e sumiu para enviar toda informação ao original. -
Pare! Eu reconheço a derrota! - Fingiu o esperto bandido, após levar outro soco, caindo sobre os alunos que o empurraram para frente.
Mas o velho queria mais. Elevando o joelho, o sensei atingiu o queixo do bandido, fazendo-o elevar as pernas e soltar o bastão. -
Eu me rendo! – Gritou novamente, fechando as mãos para se defender se mais um soco que o atingiu no ombro, fazendo-o girar em seu eixo e cair estatelado no chão. Nesse momento o velho parou o próximo ataque e sorriu. Os alunos comemoraram e gritavam palavras de guerra enquanto arrastavam o "derrotado" de volta à porta. Daisuke fingia estar entregue, mas mesmo assim ficou admirado com a força e velocidade do idoso. Realmente seria uma luta difícil se fosse tentar vencê-lo numa luta real. Mas isso não importava mais. Sua estratégia provara ter sido a melhor, pois agora eles demorariam em descobrir o ocorrido e ele teria tempo suficiente para retornar ao contratante e comunicar que sua missão tinha sido bem-sucedida. Exatamente da forma que o contratante queria.
FIM
Assunto: Missão privada rank C - Assalto ao Dojo 
Dom 20 Dez 2015 - 13:50
