A convivência na base da Fundação era algo que não via há bastante tempo. Há uma extrema organização, métodos sistemáticos e máxima concentração...Mas tudo isto parece desvanecer quando o "horário de trabalho" termina para cada shinobi ali a dentro. Sinto o espírito de fraternidade, a união de vários elementos numa só força, a vontade de alcançar o sucesso juntos!
Mas algo não bate certo.Durante o dia o movimento é imparável e as salas estão sempre cheias, mas é quando a noite cai e o silêncio preenche cada canto que os mistérios da Fundação se elevam. Porque raio temos um recolher obrigatório? O que tanto estudam ás altas da madrugada? Porque não posso entrar nos laboratórios da Secção 12?
Há quase 6 meses que me enfiaram aqui e não tenho feito mais nada a não ser treinar, treinar, treinar e treinar. Seria possível a minha vida tornar-se ainda mais monótona? Por algum motivo, que ainda não me foi dado - embora tenham inventado um que não me pareceu nem um pouco fiável - tenho sido alvo de alguns exames, análises ao sangue e têm se mostrado bastante interessados no Karyuka. Ouvi até alguns rumores de quererem usar o meu ADN para multiplicar e implantar o Karyuka noutros shinobis.
Sinto a minha mente enfraquecida. Quer dizer...Eu sinto-me igual e estou totalmente ciente de tudo o que se passa à minha volta, mas perco a minha força de vontade a cada segundo que aqui estou. Tem se tornado comum acordar durante a noite e a partir daí não consigo dormir mais. Mas não é em mim que me tenho de concentrar, mas no que é estudado nos laboratórios ao qual o acesso é restrito. A minha porta está trancada durante a noite, mas isso não me impede de me esgueirar pelas condutas do ar, utilizando as modificações corporais que me foram feitas nos anos que passei ao lado de Imagawa. Foi assim que descobri que algo importante estava a ser escondido de mim e do resto dos membros da organização.
Deslizei agilmente pelas condutas até finalmente chegar ao meu destino, mas um grito agoniante assolou a minha alma. Uma gélida sensação de desespero percorreu cada célula do meu corpo. Depois do grito veio uma mistura de várias vozes dentro da minha mente, falando, gemendo, gritando, ordenando em várias línguas que eu não conhecia, mas conseguia compreender.
"Solta-me."As vozes, unidas em uníssono numa sinfonia disforme, aliciavam-me. Faziam-me querer sucumbir na minha própria essência mortal. Tudo o que eu queria era soltar o portador da voz.
"Mata-os." Fúria. Raiva. Ira.
As chamas começavam a crepitar da minha pele. Um brilho avermelhado surgia debaixo desta, como uma brasa ainda ardente quisesse rebentar numa onda violenta e devastadora. O metal á minha volta começava a vibrar em contacto com o calor excessivo, ricocheteando-o pelas restantes condutas.
Eles seriam alertados, mas eu não queria saber. Naquele momento eu só queria matá-los com as minhas próprias mãos. Sentir o seu sangue quente e viscoso escorrer sobre as minhas mãos em chamas, sentir o sabor da vitória nos meus lábios, o desejo de mais corpos preenchendo o meu coração negro e corrompido.
"Segue-me."Fez-se um
click na minha cabeça. Eu tinha que seguir as vozes. Eu tinha soltá-lo. Eu tinha que os matar. Eu tinha...
A minha visão ficou turva e acabou por apagar completamente, mas eu sentia-me me movimento e de repente, fiquei sem chão. Com um zumbido nos ouvidos a desvanecer, também a visão começou a voltar e quando dei por mim tinha quatro cientistas espantados e um grupo de guardas na minha frente e atrás um ser, de fisionomia parecida à de um humano, de pele azulada e lilás bastante brilhante. O seu corpo parecia estar em agonia e em constantes modificações, como se algo ou alguém quisesse sair lá de dentro.
- O que está a fazer aqui Takeshi?! - perguntou um dos cientistas, Tomoro, chefe da equipa e de grande partes das investigações - Este laboratório é restrito e não é qualquer um que aqui pode entrar. Tu não devias ter visto NADA disto, ouviste?! NADA! - Tomoro gritava furioso, no entanto, fazia isto num tom baixo para não se ouvir no exterior do laboratório. Era possível sentir-se algum alvoroço na base - Vamos fazer o seguinte: eu deixo-te ir embora, para o teu quarto dormir e tu finges que nunca viste nada disto e que esta noite não passou de um....sonho mirabolante. - forçou um sorriso, não tentando sequer esconder a fúria nos seus olhos.
Olhei para trás, para a criatura que ainda se contorcia e gritava na minha mente:
- O que é isto? - perguntei
A minha voz parecia-me abafada no meio da gritaria que acontecia na minha mente. Os pedidos de ajuda. Os pedidos de assassinato. Repetiam-se vezes e vezes sem conta. Estarei a ficar louco?
Controlava-me ao máximo para não manifestar o Karyuka, mas estava a tornar-se cada vez mais difícil de aguentar.
Tomoro gaguejou perante a minha curiosidade, porém não cedeu e permaneceu em silêncio:
- Vocês realmente não me deixam escolha. Eu vou perguntar mais uma única vez: O-Que-É-Isto!
Os guardas encheram o peito e deram um passo à frente, formando uma barreira com os cientistas atrás.
Pisquei os olhos, ativando o sharingan nesse pequeno segmento de tempo:
- Poupem-me. - agitei a mão e coloquei-os sobre o meu domínio - Dispam-se e tenham uma orgia nas traseiras. - eles acataram a ordem e desapareceram por detrás dos armários e cabines do laboratório, deixando fardas e roupas interiores espalhadas pelo chão. Virei-me depois para Tomoro que, sem sucesso, tentava desviar o olhar do meu sharingan. Tarde de mais. - Tomoro, o que é isto atrás de mim. Mas por favor, resume a poucas palavras. Sou uma pessoa ocupada.
O olhar do cientista tornou-se baço imediatamente conforme a sua boca se abria para derramar uma voz monótona e nua de emoção:
- Esse é o Doppelganger, uma poderosa e temida criatura que habita vários planos dimensionais ao mesmo tempo. A sua principal capacidade é a habilidade de copiar qualquer criatura.
Por entre gemidos vindos da parte detrás do laboratório, as vozes de Doppel começavam a condensar-se numa única voz grave e gélida:
"Tira-me daqui e eu juro servir-te até os meus serviços não serem mais necessários."Havia desespero nele. Era compreensível.
Tantos milénios a escapulir-se de dimensão em dimensão para, no fim, acabar acorrentado numa sala laboratorial com quatro macacos que nem sabem a imensidão do seu poder.
Abanei a cabeça em discordância, ciente da injustiça que ali se estava a passar:
- Esta criatura, pertence-me. - virei-me para o Doppel - Vais beber do meu sangue e a partir desse momento estás ligado a mim até eu bem entender. - Mordendo o polegar, deste jorrou um fino fio carmim que pingava para o chão cinzento - Abre a boca.
A criatura abriu uma zona do corpo, aquilo que parecia ser uma boca, e eu apertei o dedo fazendo o sangue cair dentro do Doppel. A boca fechou-se e ele engoliu com prazer o amontoado de sangue que lhe dera. Kanjis formaram-se á nossa volta, impedindo que algo ou alguém adentrasse naquela barreira. Dois braços rasgaram de dentro da camisola, provenientes das costelas. Espalhei o Karyuka pelas mãos, mas as chamas tomaram uma cor verde - Wildfire. Segurei nas correntes com cada mão dissolvendo o metal que as constituía. Em pouco tempo Doppel caiu de bruços no chão, levantando-se com algum custo para me enfrentar olhos nos olhos. A sua voz agradeceu-me na minha mente e num piscar de olhos ele desaparecera entre planos dimensionais. Mas ele não se tinha ido embora. Eu sentia a ligação com ele, o laço entre servo e mestre.
A minha mente limpou-se. O meu espírito limpou-se. Eu voltava a sentir que era o mesmo quando entrei pela primeira vez na Fundação.
Eu estava de volta.
Olhei para Tomoro e para os restantes cientistas:
- Isto foi o que aconteceu: vocês inalaram muitos gases desta porcaria de laboratório, deixando o Doppelganger desaparecer. Vocês nunca me viram aqui e só Deus sabe o que é que aqueles estão a fazer ali atrás. - pisquei-lhes o olho e com um salto voltei a entrar na conduta de ar. Rapidamente voltei a espreitar pelo quadrado metálico no teto - Se alguém se quiser juntar a eles....Está à vontade. - e pintei um sorriso sádico na face, voltando a desaparecer entre os corredores de chapa até sair no meu quarto. Deitei-me finalmente ou achava que me tinha deitado. Já nem sei. O meu corpo ficou leve e as tonturas voltaram. Estaria a flutuar? O mundo começou a girar à minha volta mas eu parecia estático. Pisquei os olhos uma e outra vez, tentando perceber o que se passava. Fechei os olhos com força, esperando que aquilo acabasse. De repente tudo parou e ficou silencioso.
Acordei. - Deus escreveu:
- Wow *cleans the dust* já foi há algum tempo, não? Cá está mais uma épica random aventura do ninja mais random do mundo: Takeshi. Hope you like it, gracias por teres lido Convidado
@InKatd