Se manteve por uma hora naquela meditação, a concentração era de extrema importância pois seria necessária para conceder um melhor aproveitamento do que de fato seria treinado. Kohãto se colocou em posição de lótus no centro daquela sala, sentou-se com as pernas cruzadas e ficou ali, parado, com os olhos fechados. Essa rotina diária mantinha Kohãto em uma calma integra e pacifica, já que dentro dele estava adormecida uma besta sádica e fria por conta de seus traumas de infância e insensibilidade natural. Ele crescia em personalidade.  

   Tendo bastante coisas para resolver sobre si mesmo, passaria a ser absorvido inerte a sua própria imaginação. Os sentimentos o acolheriam ao vazio de modo que a compreensão individual e o entendimento da funcionalidade das cousas passassem a ficar transparentes diante do Kaguya, ele entendia cada vez mais a viver e aprendia cada vez mais sobre sua vida. A reflexão lhe abastecia.

   A chama negra que cativara o imenso ódio pela maldade era lentamente contida em seu interior; ele permanecia indiferente, gostava de sua displicência quanto as sua emoções - pois ora, era muito melhor do que se martirizar e vitimizar de todo o ocorrido em seu passado. Cada minuto de meditação lhe era prazeroso como fosse um dos dias mais longos de sua vida, os pensamentos fluíam como um rio e ele simplesmente navegava nessas correntezas sendo levado ao abismo do vazio, onde se encontrava em seu estado primário - o espiritual, mental, incorruptível. Era um evento que palavras não poderiam explicar, algo que apenas a sensação, crua, poderia ser entendida. Se desfez do mundo material, estava completamente focado em si - não era o ser, não era o existir que lhe afetava, ele apenas queria sentir, não importava como estava o seu ambiente. A preocupação era completamente voltada ao seu interior.

   A insipidez se dava como algo incrível que levaria o Gennin à sensações celestiais, a perfeição parecia que lhe era alcançada - mais que isso, a perfeição parecia que estivesse ao alcance de suas mãos; parecia tão fácil que era capaz de erguer os punhos para apanha-la, mas não o fez, pois tão pouco tinha interesse nela naquele momento. Foi quando teve uma inspiração - toda aquela meditação lhe servia para controle próprio, controlaria suas emoções; mas também poderia controlar a si mesmo durante uma batalha? Abusar daquele dom mediante de tomar vantagens sob seu adversário lhe era uma ótima ideia. Mas teria de adaptar-se a tal; o estado vegetativo onde a meditação começa - e termina - é uma maneira de se unir ao ambiente ao seu redor - toca-lo, e senti-lo -, a percepção era algo completamente aproveitado e poderia ser aproveitado também em situações de risco. A habilidade dava a capacidade de sentir o mundo exterior e interior sem a necessidade de usar os olhos, era a visão da alma; a capacidade de sentir.