Não a melhor das introduções, especialmente porque dou tanta importância ao Sensei dela, mas ele é muito importante nesta primeira saga. Depois... veremos
Isto situa-se depois do primeiro treino da Hachi.
Enjoy (embora podia ter sido bem melhor).
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Comparado com o dia, as noites no deserto são frias. Esta tinha, no entanto, uma temperatura agradável, e muitas janelas ficaram abertas para aproveitar o generoso clima que se previa para os próximos dois ou três dias. Havia mais pessoas a caminhar nas ruas à noite. Em geral, era uma imagem bastante alegre, como quando há algum festival em Sunagakure.
‘Sabaku no Ringo’ era o restaurante da mãe de Hachi, Hotaru, e também pareceu ser contagiado pela boa-disposição. Ou se calhar foi o contrário, visto estar cheio de gente e a cada momento que passava ficava com mais. A mulher, pequena, de cabelos curtos e da cor das asas de corvo, e olhos cor do céu vespertino de Suna, tinha mais trabalho que as suas duas mãos poderiam aguentar. Felizmente, tinha contratado um número suficiente de pessoas para aguentar.
Não se parecia, no entanto, importar. Parecia até mais feliz do que tem andado.
O mesmo não se podia dizer do resto da família. Hachi dormia, e tão cedo não se iria levantar, cansada como estava. Gokiburi, o primogénito, estava fora da Vila da Areia. Abura, o Jonin cego, fumava perto de uma janela, os olhos mutilados escondidos por um véu, enquanto tomava conta de Tonbo, sua filha mais nova, que brincava no seu colo.
E esse homem passaria bem a noite assim, abandonado aos seus próprios pensamentos, não fosse ter sido interrompido.
- Abura-san! – O tom naturalmente arrogante irritava-o, por muito que ele soubesse que não era a intenção do rapaz.
A voz veio de perto de uma mesa que se encontrava à frente do homem de cabelo castanho-claro e demasiado alto se comparado com a mulher com quem casou. Passado um bocado ouviu cerca de três ou quatro cadeiras a serem arrastadas.
- Kijuuki. – Disse, fumo escapando-lhe pela sua boca e a do seu kiseru. Não que ele pudesse ver, mas o vício já era antigo. – Pareces estar em boa companhia.
O Jonin mais velho conseguia
ouvir o sorriso nas palavras do mais novo. – É, como sempre estou… Embora nunca tão boa como hoje… - Os risinhos de ambos os lados de Kijuuki pertenciam a duas mulheres.
Abura não conseguia perceber como é que ainda deixava a sua filha ser ensinada por um homem destes.
- Ah, eu e a sua filha tivemos a nossa primeira aula hoje. Miúda engraçada.
- … Como se comportou a Hachi?
- Bem… digamos que, quando fala, fala de mais. – Ele riu-se e começou a recontar a história que a rapariga dos estranhos olhos negros, sua filha, já lhe havia contado quando chegou a casa.
O homem cego tinha que confessar que o, relativamente novo, Jonin é o candidato ideal a Sensei da sua filha. Ele gosta de ser surpreendido, e a Hachi já provou muitas vezes não ter a mesma mente que os outros Shinobis da sua idade.
E apostava as suas duas mãos como ainda lhe ia ensinar umas coisinhas.
- … e ela depois começou a criticar a ‘minha forma de avaliar! Eu fiquei completamente… -
Mas depois temos o facto de a Hachi não ser muito social. Pode-se sentir intimidada pela forma livre como o seu Sensei comunica e se exprime. Sem falar em toda a sua arrogância.
- … mas então ela ficou muito séria, quase amuada. Começou a fazer selos, e eu, novamente, perplexo e depois diz-me ‘Sem ofensa, sensei, mas acho que terá de me obrigar’ e fugiu. Do seu sensei! – Os risinhos doíam nas orelhas de Abura. – Mas foi bastante inteligente, isso posso dizer.
Olhos fixavam-se nele, facilmente conseguia sentir, e deixou o fumo sair livremente da sua boca, como se lhe desse um sinal de que estava a prestar atenção.
- Mas então, como vai o treino no estilo Mekura? – As provocações do Jonin mais novo não o afectavam, porque ele sabia que o rapaz (porque ele mentalmente só pode ser um rapaz) não queria fazer tanto mal quanto soa aos ouvidos dos outros. E ele odeia esses outros, que só têm pena dele.
De qualquer forma… Abura não o ia deixar escapar assim…
- Tão bem como a tua relação com as Aosagis. – Quase conseguia sentir o sorriso do homem de cabelo comprido a desaparecer. Ele encostou novamente os lábios ao kiseru, dizendo depois com os lábios escondidos por uma nuvem de fumo. - … Um passarinho disse-me que elas aterram em breve, sabias?
Uma cadeira foi arrastada subitamente, e ouvia-se ‘Kuuji-kun?’ femininos que seguiam o Jonin até à saída. O homem mais velho sabia que tão cedo o mais novo não o ia falar.
O súbito desaparecimento não afectou em nada o ambiente, e Abura relaxou na sua cadeira. Tonbo à muito que dormia.
… Mas se amas a tua vida, é melhor que não metas a minha filha nisso, Jikuuri… O fumo era agradavelmente quente contra a sua cara, nesta deliciosa noite em Sunagakure…
Edit: Correcção de uma frase inacabada
Gomen