Aqueles quatro indivíduos observavam Kristea em silêncio. Ela não sabia o que fazer. Sentia-se acanhada, com um pouco de medo, visto que não os conhecia.
A mulher de cabelos verdes, percebendo a razão da sua timidez, falou:
- Não precisas de estar assim. Nunca te faríamos mal. Mas deixemo-nos de rodeios e vamos às apresentações. Eu sou aquela a quem chamam Daichi ou Terra. Sou uma das cinco divindades da Natureza, geralmente nomeadas de gogyou. Prazer em conhecer-te, h’aarina.
Os elementos…? Ali? Porquê? O que teriam ido ali fazer?
- Eu sou Kaze, também conhecido como Vento – disse o homem de cabelos brancos, que desapareceu numa rajada de vento e surgiu à frente de Kristea, em cima do kotatsu. Pegou na mão direita dela e beijou-a. – Muito prazer! – E repetiu o desaparecimento e apareceu no seu lugar.
- Exibicionista… Como sempre… - murmurou entre dentes a mulher de cabelos brancos.
Kristea olhava, espantada. O que é que se passava ali?
A mulher de cabelos brancos clareou a voz e apresentou-se:
- O meu nome é Mizu, ou seja, Água – disse, sorrindo. Depois virou-se para os outros e comentou: - Ela é mesmo fofa!
Kristea esboçou um sorriso fraquinho, pois o seu estado de espírito não permitia mais e agradeceu.
- É pena a Uddo não estar aqui para a ver – notou Mizu.
Uma rajada de folhas entrou pela janela, desaparecendo de seguida, mostrando uma mulher. Era incrivelmente parecida com Daichi. O seu longo cabelo em tons de verde era encaracolado e as suas roupas eram em tons de verde, amarelo, vermelho e dourado.
- Chamaram? – perguntou ela. – Peço desculpa pelo atraso…
- Uddo! O que andaste a fazer? Sabias que vínhamos aqui…
- Desculpem… - disse ela, virando-se depois para Kristea: - Ah, és tu a h’aarina! Muito prazer! Eu sou a Uddo, ou Madeira. És mesmo fofa!
- Uddo! Deixa os elogios para depois! – falou o homem de cabelos flamejantes.
- Ai, que desmancha-prazeres, Hinote!
Ele não quis saber do que ela dissera. Começou a apresentar-se:
- Eu sou Hinote, chamado também de Fogo.
- Bem, viemos aqui para conhecer a h’aarina. Ou melhor, dar-nos a conhecer a ela, visto que raramente adoptamos estas formas humanas. Queremos ver e conhecer aquela cujo poder é tão magnífico e grandioso como o daquele que nos criou – explicou Daichi.
- Como descendente dos nosso criadores e possuidora de tamanho poder, estamos inteiramente ao teu serviço – continuou Mizu.
- Aceitas-nos como parte do teu poder, como nossa mestra? – perguntou Hinote.
Kristea olhou de relance para Ryoutarou, que lhe fez sinal para avançar. Então, levantou-se e aproximou-se dos gogyou.
- Eu não quero ser vossa mestra. Não quero que me sirvam. Apenas quero que sejam meus amigos… Também vos quero ajudar no que puder. Pode ser? – disse ela.
O grupo trocou olhares de surpresa.
- Não esperávamos isso de ti – confessou Uddo. – É, para nós, uma surpresa…
- Há muito que não sabem sobre a Kristea. Essa é uma das qualidades dela. Ela saberá corresponder-vos, pois é uma pessoa excelente e uma amiga – disse Ryoutarou.
Guiados pelas palavras do anjo, aceitaram a decisão tomada pela jovem ninja.
- Queres que sejamos então teus amigos? Não queres reconsiderar? – questionou Kaze.
- Não. Não quero – respondeu ela, prontamente. – Afinal, os amigos estão presentes quando são precisos, ajudam-se mutuamente… São amigos. Percebem?
- Muito bem. Faremos como dizes – concordou Hinote. – Mas que fique claro que queremos uma coisa em troca.
Kristea ficou surpreendida. O que quereriam eles?
- Queremos a tua palavra em como nos chamas se estiveres em perigo, se precisares de alguém, de um ombro amigo… Darás isso em troca?
- Sim. Claro, têm a minha palavra.
Após estas palavras, cada elemento tocou na cruz que ela trazia ao peito. Com o impacto de poder dos cinco tão perto de si, desequilibrou-se. Ryoutarou amparou-a de imediato.
- Esta será uma das nossas ligações, a partir de agora. Basta segurares a cruz e dizeres o nosso nome, que aparecemos diante de ti – explicou Mizu.
- E não, não é um jutsu. É o teu próprio poder – continuou Daichi.
- - Bem, agora temos que ir. Não te esqueças da nossa promessa. Está bem? – perguntou Kaze.
- Tudo bem. Não se preocupem.
- Ate então, h’aarina! – despediram-se os cinco em uníssono, desaparecendo através do seu elemento.
- Kristea… - chamou Ryoutarou. Ela respondeu ao seu chamamento. – Desculpa, tenho que voltar para o céu, para resolver umas coisas. Ficas bem sozinha?
- Sim, acho que sim.
- Antes de mais… - disse ele, tocando na cruz. Uma luz branca envolveu-a e, quando desapareceu, revelou umas pequenas pedras incrustadas. – A do meio, a pérola, representa-me. As outras representam os elementos. Deves distinguir cada um pelas suas cores. Agora vou indo. Volto o mais rápido que puder. Não faças asneiras. Está bem?
- Ok.
- Quando voltar, tratamos de tudo isto. Vou deixar a barreira activa até voltar, por isso podes ficar descansada. Até já.
Ao dizer isto, sumiu.
Kristea ficara sozinha. Por muito que não quisesse, estava completamente sozinha na sua casa, que ficara parcialmente destruída. O que será que tinha acontecido para que tudo estivesse assim? O que acontecera antes de ela aparecer?

Muito bom ^^

Vou ler o resto...