Os dois rapazes estavam atónitos; não compreendiam o que se passava. Num momento estavam envoltos num tsunami de neve, como no outro estavam a ser adorados por centenas de pessoas, num lugar estranho.
Okami: Mas… O que se passa?! – Perguntou o rapaz, um pouco preocupado e surpreso.
Seyur: Não faço a menor ideia….
Ambos estavam a ser escoltados para uma grande sala com dois biombos. Ao lado de cada um dos dois, estava um cabide com dois fatos.
Gémeo: Por favor, vistam as vestes sagradas, ó grandes.
Okami: N-Nós?!
Gémeo de vermelho: Sim, grande Tenshu no Makai. – Disse o homem de roupa vermelha, encaminhando-o para o biombo direito.
Gémeo de azul: E você, Tenshu no Enkai, vista estas. – Disse o outro gémeo, encaminhando-o para o biombo esquerdo.
Ambos: Deixamos-vos em paz. – Disseram, enquanto se retiravam e faziam uma vénia.
Seyur: Bem, mais vale vestirmo-nos. Depois vê-mos onde isto vai dar.
Okami: Hai…
Okami vestiu as suas vestes: eram pretas com chamas vermelhas; a “fronteira” entre o preto e as chamas era cravejada de rubis.
As de Seyur eram azuis com ondas brancas; a “fronteira” entre o azul e o branco era cravejada de safiras.
Após alguns minutos, estavam prontos. Limparam as gargantas, de maneira a chamar a atenção; os dois gémeos voltaram.
Ambos: Perfeitos!
Gémeo de vermelho: Agora, por favor…
Gémeo de azul: Sigam-nos.
Ambos os rapazes seguiram os dois homens; por onde passavam as pessoas olhavam, admiradas e algumas com um certo receio. Passaram por várias salas adornadas com tons de vermelhos e azuis.
Chegaram a uma grande e ampla sala com um grande mapa na parede.
Gémeo de vermelho: Este – Começou o homem – é o mapa do nosso país, o País do Oposto. Estas cidades, as marcadas com um X, são as que foram devastadas pelo grande demónio, Owata-Kagutsu.
Okami: Demónio? – Perguntou o rapaz, intrigado. Seyur tinha o mesmo olhar do seu companheiro, um olhar profundo e curioso.
Gémeo de vermelho: Sim. É um grande monstro, um lobo com cabeça de tubarão. Era o guardião da nossa vila, protegia-nos e era adorado por todos; mas um dia, farto de “trabalhar” e pouco receber de nós, renegou-se e destruiu várias cidades, matando muitos e ferindo outros tantos. Até que um dia, um jovem mas forte guerreiro lutou contra o demónio acabando por matá-lo, à custa da sua vida. Quando Owata-Kagutsu foi morto, dois bebés nasceram; um com características de tubarão e outro com características de lobo. – Okami e Seyur entreolharam-se. Esses dois rapazes cresceram para se tornarem poderosos guerreiros; eram amigos e rivais, aliados mas inimigos… O Bem e o Mal. Quando esses dois “escolhidos” morrem, nascem outros dois, algures no Mundo. Neste caso, são vocês os dois.
Os dois rapazes estavam chocados com o que acabavam de ouvir; de facto, ambos tinham algumas semelhanças aos “personagens” da profecia mas não lhes parecia mais que um mito. Mesmo assim, não disseram nada.
Gémeo de azul: Bem, está na altura do banquete.
Okami e Seyur: Banquete?! – Perguntaram ansiosos, a babarem-se.
Gémeo de vermelho: Sim. Por favor, sigam-nos. – Os dois rapazes foram conduzidos para uma ampla sala com uma grande mesa rectangular no centro; a sala era decorada com desenhos azuis e vermelhos de fogo e água. Sentaram Okami e Seyur lado a lado numa ponta das mesas, com os dois gémeos sentados na outra ponta. Foram chegando o que pareciam ser nobres, felizes e um pouco receosos por estarem tão perto dos ditos “escolhidos”. Tinham um pouco mais receio de Okami, pois este era a reencarnação do Mal, do fogo.
O gémeo de vermelho bateu duas palmas e vários criados foram chegando, com grandes pratos e bandejas de prata. Os jovens de Kumo estavam deliciados com aquilo todo, de queixo caído.
Gémeo de azul: Por favor…
Gémeo de vermelho: Sirvam-se! – Okami atirou-se ao que parecia ser uma ave assado; já Seyur começou por um leitão, também assado. Quando ambos se serviram, todos os outros fizeram o mesmo, e começaram a comer, enquanto conversavam.
Seyur: Não estás a achar isto um pouco… estranho? – Murmurou o rapaz.
Okami: Claro. Mas não há nada que possamos fazer, pelo menos para já. Agora comemos e depois investigamos. Não é melhor?
Seyur: Sim… Sim, tens razão. – Os dois sorriram um para o outro como sinal de concordância e voltaram a comer.
Após cerca de hora e meia a jantar, Okami e Seyur foram levados aos seus aposentos. Cada um tinha o seu quarto; o de Seyur azul, com uma temática marinha e o de Okami vermelho, com um tema essencialmente de fogo.
Deitaram-se nas suas camas e adormeceram rapidamente, estavam exaustos.