(…)
– Deixemo-nos de conversa, miúdo.
Nakayama. Saltando da cruz onde se encontrava equilibrado, o homem rapidamente realizou uns selos que o jovem de Kumo reconheceu. É inútil, pensou Michael ao mesmo que denotava a paisagem a tornar-se mais obscura, até nada ver à sua frente senão negro e mais negro.

Michael

Ouvi um chamamento vindo do seu lado direito. Quando virou a cabeça para atender ao apelo, o rapaz ruivo viu algo que neste momento já não impressionava. Kyra estava com sangue a escorrer pela cara. Uma laceração enorme na caixa torácica deixava à vista alguns ossos, assim como o coração que batia desenfreadamente. Quando sentiu um movimento atrás de si voltou-se apenas para ver um cenário semelhante. Ryu estava com a sua perna arrancada pelo joelho. O sangue ainda corria livremente enquanto a rapariga tentava erguer-se com a ajuda dos braços, apenas para fugir de algo que a assustava neste momento.
Michael fechou os olhos. Não esperou nem sequer um segundo para se recompor. Concentrou chakra no seu cérebro, concentrando-se nessa zona. De seguida interrompeu o fluxo de chakra que aí se dava e cancelou a ilusão.
– Uma ilusão destas não funciona comigo. – Argumento secamente, enquanto abria os olhos lentamente, tentando apagar aquelas imagens da sua memória.
– E quem disse que era essa a minha intenção?

O shinobi de Kumo olhou para o seu adversário. Nakayama estava com os braços estendidos, pelos dedos saíam várias linhas de chakra que se ligavam até ao chão. Marionetas?, questionou Michael. Se assim fossem porque estariam ligadas ao chão?
Com um movimento brusco, o homem de cabelos negros levantou ambos os braços… e com eles, os fios de chakra deixaram exposto o que realmente ele manipulava agora. Michael ficou boquiaberto quando sete corpos se ergueram vangloriosos do subsolo. Alguns cujo corpo estava já quase só em esqueleto, outros tinham ainda alguma pele decomposta. Uns com o escalpe desrespeitosamente desfeito, outros com um buraco no crânio de deixava transparecer parte do cérebro. Não obstante, em todos eles havia uma serenidade no medo que a cara, se não desfeita, exibia.
Com um movimento de dedos Nakayama fez um dos corpos avançar na direcção de Michael, de punho cerrado. O jovem ruivo teve de se desviar para não ser acertado. Enquanto se desviava de mais dois corpos que lhe queriam desferir um golpe, Michael tentava pensar numa forma para combatê-los. Não poderia simplesmente golpear estes corpos! Pertenciam a pessoas cujas vidas tinham já sido demasiadas profanadas, e como tal mereciam algum respeito na morte.
– Com medo que os espíritos deles te venham assombrar? – Gozava o outro ao ver Michael continuamente a evitar os ataques.
Ignorando a provocação, o shinobi de Kumo reflectiu. O que é mais humilhante? O corpo profanado ser usado qual marioneta para ajudar o homem que o colocou na campa, ou ser despedaçado para impedir um mal maior? Obtendo rapidamente a resposta à sua pergunta, Michael concentrou chakra por todo o seu corpo e criou três clones de água. Michael pegou na sua espada e bloqueou um ataque de um morto que seguia na sua direcção. Teve de lhe cortar o pulso para isso. Enquanto isso dois dos seus clones desmembraram outro corpo feito marioneta. Sem ter quase tempo para se distrair, o jovem ruivo deu um salto para trás e outro para a direita para se desviar de outros dois ataques dirigidos a ele. Correu na direcção do primeiro e, baixando-se para não levar um murro, cortou o corpo do adversário a meio. Depois, rapidamente virou-se para trás para canalizar chakra pelos braços e obter a força suficiente para cortar ambas as pernas do outro adversário.
Colocando a sua espada de volta ao seu lugar, Michael canalizou chakra para o seu peito e disparou três bolas de água contra três outros corpos que o queriam atacar. Quantos mais corpos ia desfazendo, mais corpos Nakayama ia buscar ao subsolo. Permitiu-se um momento para ver um dos seus clones desfazer-se em água. Foi o quanto bastou para repentinamente ser atirado ao ar por um ciclone de pétalas que avançou na sua direcção. Com algumas dores no corpo, Michael levantou-se a custo. Tirou rapidamente cincos shurikens da sua bolsa e atirou-os contra Nakayama. Enquanto as armas ainda se encontravam no ar, o rapaz ruivo concentrou o seu chakra e multiplicou-as. O homem de cabelos negros, ao ver que os corpos que agora estava a manipular não chegavam para se proteger deste ataque, interrompeu a ligação a estes, que caíram cedo todos no chão. De seguida bateu com ambas as mãos no chão e fez erguer uma parede de terra à sua frente. Os shurikens foram todos travados.

Michael por momentos ficou parado. Não podia gastar muito das suas energias pois não sabia por quanto mais tempo a luta se iria prolongar. Enquanto tentava pensar em algo colocou-se em posição defensiva assim que viu o seu adversário fazer uns selos. Nakayama expeliu chakra vento da boca para a mão formando uma pequena bola. A bola dirigiu-se a Michael com tanta velocidade que este apenas teve tempo canalizar algum chakra para os braços para criar uma protecção de água e colocá-lo em frente do seu corpo. Ainda assim, o rapaz ruivo foi projectado contra uma das lápides que se encontrava atrás de si. Ao levantar-se viu que o homem de cabelos negros estava novamente a preparar outro ataque semelhante ao anterior. Antes de ser atingido, Michael pegou num dos seus clones e atirou-o para a frente da bola de vento. Desfez-se em água e o jutsu inimigo quebrou-se.
Aproveitando que Nakayama agora não parecia estar pronto para fazer outro ataque, Michael iniciou uma corrida veloz, juntamente com o clone que ainda sobrevivia. Juntos saltaram e o rapaz ruivo retirou mais dois shurikens que tinha na sua bolsa. Atirou-os e juntamente com a sua cópia concentrou chakra e multiplicou as armas. Antes de acertarem no seu adversário, os shurikens desfizeram-se em água, assim como o clone que entretanto embateram em algo. O jovem de Kumo conseguiu aterrar no chão. Novamente aquela barreira de chakra, pensou Michael. Ao ver o homem de cabelos negros hesitar para outro ataque, o jovem ruivo começou a concentrar chakra na sua mão formando uma bola giratória de água. Ferozmente, esta dirigiu-se ao inimigo. No entanto, Nakayama fora também rápido e expeliu ar dos seus pulmões, formando uma bola que anulou o ataque do jovem ruivo. Já antes disso, Michael já estava a concentrar novamente chakra na sua mão para formar outra bola. Canalizou, depois, chakra para a outra mão para fazer o mesmo. As esferas de água moveram-se rapidamente, de tal modo que o homem de cabelos negros não iria conseguir impedir. Sem saber como, o elemento de raio juntou-se às esferas de Michael, tornando o ataque mais destrutivo.
Nakayama caiu no chão com o impacto.
(…)