A equipa já se havia separado de Rock Lee no caminho de regresso, a cabeça de Rima andava à roda com os estranhos acontecimentos da missão, assim que passaram o portão da Vila Oculta da Areia a kunoichi afastou-se desviando o olhar de Tenshin.
- Cheguei! – Anunciou Rima entrando em casa, Sasame brincava descontraidamente com a pequena Sora na sala de estar, a pequena ao ver Rima corre a agarrar-lhe a cintura. – Olá Sora.
- Rima!! – Sasame prepara-se para também abraçar Rima, mas este impede-a. – Hei! Eu não tenho direito a abraço?
- Ela não é uma lésbica tarada como tu! – Atirou Rima divertida pegando em Sora ao colo. Havia tempo que não tinha tanta vontade de rir, e deixou fugir uma gargalhada límpida e refrescante pela garganta. – O Ichi?
- Já foi, como ainda estão a tratar da minha transferência e ainda não posso realizar missões passei eu a tomar conta da Sora-chan.
- Olha, fazes-me um favorzinho? – Perguntou Rima.
- TUDO o que quiseres. – Respondeu a prima num tom sugestivo que fez Rima recuar dois passos de gota na testa.
- Ah… Podias ficar com a Sora mais umas horinhas? – Pediu ainda atrapalhada.
- Ok, vou ensiná-la a mandar shurikens! – Diz Sasame pegando em Sora e voltando ao seu estado “inofensivo”.
- Ela só tem três anos Same, vê lá o que lhe ensinas. – Brincou Rima encaminhando-se para a saída. – Vou ter com o Zero, já volto.
E dizendo isto saiu fechando a porta atrás de si, mal disfarçando um sorriso, Sasame suspirou aborrecida ao vê-la sair.
- Pois… O Zero… Sempre o Zero… Porque é que ele não morre e me deixa o caminho livre? – Falou sem pensar enquanto era arrastada pela pequena até ao pequeno jardim para praticarem o arremesso de shurikens.
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Rima estava já diante da porta de Zero, coração descompassado e sorriso idiota no rosto, bateu à porta mas não obteve resposta, repetiu a mesma acção maus duas vezes mas continuava a não ter reposta.
- Zero? Se estiveres a gozar comigo juro que te parto a boca toda! – Ameaçou Rima trocista. – Vou partir a porta…
Calou-se ao ver que a porta não estava trancada, ao abri-la o ranger das dobradiças deu-lhe um mau pressentimento indescritível, entrou na semi-obscuridão da casa com cada passo a ecoar mais tempo do que seria suposto.
- Zero? – Chamou novamente, passou pela pequena cozinha, pela sala sem encontrar o namorado. Por fim, com o coração quase a saltar-lhe pela boca abriu a porta do quarto e viu Zero de barriga para baixo deitado na cama, e ai suspirou de alívio. – Meu grandessíssimo filho da mãe, ias-me matando do coração! Acorda seu traste!
No entanto Zero continuava sem se mover, a praguejar a rapariga aproximou-se do namorado pregando-lhe um grande calduço. Ao ver que o namorado não reagia, o seu coração disparou e as mãos tremeram-lhe.
- Z-Zero? – Perguntou trémula, pousou a mão no ombro do namorado, sentio-o frio e sentiu-se a sufocar, a medo virou Zero de barriga para cima, para soltar um grito mudo e afastar-se do corpo do namorado… sem vida. As orbes vazias fitavam o vazio e um rasto de sangue no pescoço indicavam que tinha sido degolado de maneira assustadoramente perfeita.
Em choque em sem conseguir proferir um som caiu no chão e encostou-se à parede sem conseguir reagir, e criou um clone de terra para informar o Kazekage.
Aproximou-se do corpo sem vida de Zero e deitou-se ao seu lado, abraçando-o, até que chegaram os ANBUS e levaram o corpo e informaram Rima de que Arashi queria conversar com ela.
- Estás bem? – Perguntou o kage a Rima, que se sentara numa cadeira frente à secretária.
- Não. – Respondeu sem olhar o seu interlocutor.
- Se precisares de tirar uns dias…
- Não é preciso. – Interrompeu a kunoichi levantando-se. – Posso ir?
- Espera, equipa de investigação descobriu mais alguma coisa. – Diz o Kage, Rima volta a sentar-se e esperando pelo que Arashi lhe queria dizer. – O modo como o Zero foi assassinado deu-nos um pista sobre quem o fez.
- Quem foi?!
- O clã Niirokamen, é assim que costumam executar as suas vítimas.
- Niirokamen? O clã da rapariga que encontrei morta?
- Sim.
- A-acha que eles vieram à procura de quem a matou? – Perguntou assustada.
- Não sabemos… Mas isto pode trazer problemas para as nossas vilas se isto se espalha. – Disse o kage em tom sério.
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Estava um dia de calor insuportável em Sunagakure, uma pequena multidão encontrava-se no cemitério da vila para o funeral de Zero.
Rima levara Sora consigo, não chorava, mas a sua expressão parecia desprovida de qualquer emoção, Sasame e Shizuna permaneciam a seu lado lançando-lhe ocasionalmente olhares de compreensão que Rima fingia ignorar. Pelo canto do olho viu Ichimaru a fumar um cigarro isolado dos restantes de ar ausente.
- A culpa é toda tua, sua cabra! – Atirou Kikuko, com os olhos vermelhos e inchados de tanto ter chorado. – Foi por tua causa que o mataram.
E sem dar aviso, e sem que Rima se esforçasse para o evitar a loira pregou um estalo na morena que continuou impávida e serena a segurar a mão da pequena Sora que arregalar os olhos de espanto ao ver a cena. Depressa Sasame agarrou em Kikuko e a levou para longe, Shizuna abraçou a amiga que se limitou a fechar os olhos e repousar a cabeça no ombro desta.
Dias passaram, desde a morte de Zero que Rima não conseguia chorar, e isolava-se cada vez mais, evitando o contacto com as pessoas mais próximas como Sasame e Shizuna.
Ao acabar o treino, parou numa mercearia e regressou a casa, ao entrar na sala encontrou a mãe o pai, cada um sentado numa das extremidades do sofá.
- Isto é uma daquelas cenas em que os pais separados dizem aos filhos que vão se juntar e querem que vá viver com vocês? – Perguntou irónica sem receber resposta. – A Sasame e a Sora?
- Saíram. – Respondeu Orihime mexendo os dedos, ansiosa.
- Ok, saiam. – Disse Rim rispidamente sem olhar os pais. – Saiam.
Nenhum dos dois se moveu, Isshin olhava Rima num misto de severidade e nervosismo, Orihime olhava Rima ansiosa à espera que Rima a olhasse.
- Por favor saiam. – Insistiu Rima enervada olhando o chão de madeira. – SAIAM!
- Rima… - Falou Orihime levantando-se e aproximando-se da kunoichi com o intuito de a abraçar.
- Afasta-te de mim! – Gritou Rima recuando. – Mentiste-me mais do que te consigo perdoar. Quem me dera que nunca tivessem aparecido na minha vida.
- Filha…
- Não me chames isso! – Interrompeu bruscamente. – Eu vi a minha própria irmã morrer à minha frente sem conseguir fazer nada! E nem sabia que era minha irmã! Nunca fizeste senão mentir-me!
- Basta! – Trovejou Isshin. – Vais-te calar e ouvir-nos.
Rima sentou-se num cadeirão frente ao sofá, com ar de quem tanto podia começar a chorar ou de matar alguém.
- Temos razões para crer de que quem matou o rapaz anda à tua procura. – Declarou Isshin e o estômago de Rima deu uma volta completa provocando-lhe náuseas e cerrou o punhos. – Como Arashi já te informou, trata-se de gente do clã Niirokamen, um clã dedicado ao assassínio.
- Da próxima vez que eles actuarem, podes ser tu a vítima. – Continuou Orihime.
- Deram uma de pais preocupados, foi? – Perguntou irónica mordendo o lábio inferior em seguida.
- Vais para o Mundo Sagrado treinar, para estares pronta no caso de um potencial ataque e… - Isshin foi interrompida por uma gargalhada amarga de Rima.
- Nem pensar! E quem fica com a Sora? E a minha equipa? E os meus amigos, que ainda estão vivos? Quem é que os protege?? – Perguntou exaltada levantando-se.
- Já tratamos disso tudo. – Respondeu Isshin num tom formal.
- Não vou! Eu… - A frase morreu-lhe na garganta quando Orihime a pôs inconsciente com um Senbon, Isshin tremeu levemente.
- Continuas na mesma Ori. – Disse Isshin sem no entanto fitar a ex-mulher.
- E tu à muito que deixaste de ser o homem que me fez acreditar no “Felizes para sempre”. – Respondeu aproximando-se de Rima e pegando-lhe ao colo.
Isshin não lhe voltou a dirigir a palavra, invocou o imponente gorila Gakuryoku, que os transportou para o Mundo Sagrado, a dimensão dos Gorilas.
O grupo apareceu numa espécie de templo, a imponente estátua em ouro de um gorila de aspecto nobre encontrava-se no local de adoração. Saíram do templo, seguindo o velho gorila, passaram pela área residencial onde se encontravam várias habitações e o mercado, pela zona de treinos onde gorilas lutavam entre si, desde Taijutsu a genjutsu até chegarem a um jardim cheio de erva verdejante e árvores carregadas de fruta atravessado por um pequeno riacho de água reluzente.
- Deitem-na ai. – Ordenou o gorila, Orihime deitou Rima na relva fresca beijando-lhe a testa antes de se afastar. – Adeus.
E dizendo isto enviou Orihime e Isshin de volta ao mundo “real”, olhou a jovem kunoichi adormecida que começava a despertar.
- Onde estou? – Perguntou assustada olhando em seu redor.
- Não te preocupes. Vamos começar o nosso treino. – Disse o gorila numa voz que encheu Rima de uma paz e calma, que fez a kunoichi olhar o velho gorila sentir que podia confiar nele toda a sua vida.
Fim
Bem, eis o meu filler de regresso. ^^
O que se passou antes da morte do Zero será contada na minha mini-saga "Tsuni no Kuni".
Well... Hasta! Comentem... or else.