Assim que passámos para o lado de dentro do portão, deparámo-nos com um cenário completamente caótico: no pequeno espaço que habitualmente funcionava como área de recepção do Centro Correccional de Konoha, tinha agora lugar uma luta entre dois guardas que tentavam impedir o motim de vários prisioneiros e a sua fuga. O local onde nos encontrávamos agora era uma espécie de cruzamento entre quatro longos corredores: vindos do caminho da esquerda, meia-dúzia de prisioneiros confrontavam-se com a dupla de Jounins na tentativa de escapar daquele lugar; olhando para o corredor em frente era possível ver uma espessa porta de ferro que se encontrava entreaberta, deixando passar para este lado uma tremenda confusão de ruídos que anunciavam a feroz batalha que se travava do lado oposto; por fim, o corredor à nossa direita era o único que parecia manter a sua calma habitual, no entanto, a escuridão daquele sítio não permitia observar o caminho com grande precisão, nem sequer visualizar o seu fim.

- Suiton: Mizurappa! - Exclamou Kurai-sensei, expelindo um forte jacto de água que atingiu um dos prisioneiros que se encontrava a medir forças com os guardas e acabando por o projectar violentamente contra a parede. - O que é que aconteceu aqui? - Inquiriu o Jounin, após aliviar alguma pressão dos guardas prisionais.
- Três rapazes invadiram a prisão de surpresa. Um deles parecia estar a usar um método qualquer para aumentar o seu poder e não fomos capazes de impedir que eles se apoderassem das chaves das celas e começassem a libertar alguns dos prisioneiros, os quais por sua vez começaram a soltar os seus companheiros num turbilhão sem fim. - Tentou resumir o guarda, falando apressadamente e, por vezes, de forma quase incompreensível.
- Onde estão esses invasores? - Perguntei, interrompendo o discurso do homem.
- Dirigiram-se para a zona de convívio, a qual acabou por se tornar no principal campo de batalha. - Retorquiu ele, apontando para o corredor à nossa frente. - Segundo conseguimos apurar, o seu objectivo deve ser libertar Uchiha Kisuke, um prisioneiro que se encontrava actualmente isolado na solitária. Poderão encontrá-lo se atravessarem a zona de convívio e descerem até aos calabouços! - Exclamou o Shinobi, sobressaltando-se quando se deparou com mais um prisioneiro que corria na sua direcção com uma espada em riste. Apanhado de surpresa, o guarda não teve tempo de reagir e teria sido atingido caso Norizu não tivesse intervido: demonstrado uma agilidade incrível, o jovem de sobrancelhas farfalhudas ergueu rapidamente a sua perna até ao nível da cabeça do prisioneiro e, girando sobre si próprio, atingiu-o com o pé em cheio na têmpora, projectando o oponente para o lado e colocando-o imediatamente inconsciente.
Ficámos todos surpreendidos com a habilidade do rapaz mas, tal como o guarda que agradeceu e voltou rapidamente ao seu trabalho, nós também não tínhamos tempo a perder.

- Furinji, vai verificar a situação na cela 36 imediatamente... - Ordenou Kurai, num tom sério que não lhe era nada habitual. Julgando pela sua expressão, aquela cela, ou melhor, o prisioneiro que nela se encontrava, deveria ser a razão de tal mudança drástica. - Leva o Norizu contigo, enquanto eu e o Kakushi iremos deter os Uchihas invasores. - Concluiu o ninja de cabelos verdes, vendo as suas ordens imediatamente acatadas pela rapariga de cabelos alaranjados e Norizu. Para dizer a verdade, fiquei um pouco aborrecido e extremamente curioso por não poder ir com eles até à cela número 36, contudo, naquele momento tinha perfeita consciência de qual era a minha missão e as prioridades encontravam bem definidas, evitando qualquer espécie de discussão.

Seguindo o Kurai-sensei, desatei a correr pelo corredor à nossa frente até chegar à porta entreaberta. O Jounin empurrou a pesada porta e logo fomos capazes de ver o cenário que esta escondia: no amplo quadrado de cimento a que os guardas chamavam "zona de convívio", , onde era possível ver as estalactites formadas no interior do vulcão, tinha-se gerado um autêntico campo de batalha. Dezenas de prisioneiros lutavam com vários guardas, os quais pareciam estar com bastante dificuldades em travar os seus avanços. Kurai parou por breves instantes e analisou rapidamente o campo em redor, o qual se baseava numa porção plana de cimento coberta por altas paredes cobertas por arame farpado e, no lado ao oposto ao que nos encontrávamos, existia uma abertura do tamanho de uma porta normal que parecia levar a uma escadaria para o piso inferior.

- Os calabouços devem ser por ali. - Afirmou o Jounin, apontando para as escadas. - No entanto, devemos primeiro acalmar a situação aqui até a um ponto em que os guardas sejam capazes de controlar os prisioneiros e só depois poderemos avançar. - Concluiu o Sensei, preparando-se para lutar e eu fiz o mesmo. Sabia que provavelmente não estaria ao mesmo nível de muitos daqueles prisioneiros, contudo seria capaz de os derrotar se os apanhasse de surpresa enquanto eles estavam ocupados a combater com os restantes shinobis.