- Vamos lá começar o nosso treino. – Disse o mestre Belton, encarando o seu discípulo. – Já sabes, faz o teu habitual aquecimento e eu depois conto-te os detalhes.
Kiutchy traçou um perímetro e depois iniciou uma corrida pausada e longa. Já um tanto cansado e com as pernas a doerem, adotou outro modo. Nas retas acelerava ao máximo, enquanto nas curvas descansava. No final de cada reta sentia-se mais cansado e gradualmente com maior vontade de parar. Mas mesmo assim continuou a correr velozmente, sempre que o tinha de fazer. Ao fim de algum tempo já estava muito cansado, as pernas doíam-lhe muito e ao dobrar os joelhos uma nova dor surgia. Parou e sentou-se no chão enlameado, com a boca completamente seca e o coração a bater desenfreadamente. Ao fim de alguns minutos ainda estava com a respiração um pouco irregular, mas levantou-se, pronto a executar o passo seguinte.
Deitou-se no chão de barriga virada para baixo e executou uma série de flexões, sem qualquer problema porque mal sentiu uma pressão nos bíceps parou o processo. Rolou para o lado cobrindo a capa de lama, e ficando com a barriga virada para cima. De seguida começou a executar alguns abdominais, parando quando uma dor na barriga começou a alastrar.
- Muito bem, hoje tenho uma nova técnica a ensinar-te! – Disse Belton. – Mas primeiro quero que vás concentrar o teu chakra naquele lago. – Disse apontando para o maior lago naquela zona.
Assim correu muito rapidamente, utilizando o Shunshin, e alcançou a margem do lago em poucos segundos. Aí começou por concentrar chakra na planta dos pés, que por consequente também envolvia a sola dos sapatos, e seguida pronunciou caminhou sobre a água, como se ela fosse uma substância sólida e transparente. Deu umas voltas ao lago a passo observando os peixes que se escondiam entre as algas sempre que ele pousava o pé na água. Para demonstrar melhor a sua constante libertação de chakra, correu agilmente de uma margem há outra do lago. Quando voltou para o centro do lago estava acompanhado por seu mestre que entretanto viera.
- O jutsu que te vou ensinar só pode ser utilizado sobre uma grande superfície de água, consiste em criar uma esfera de água que prende o adversário em todo o seu redor. É impossível quebrar a prisão de água, a não ser que se corte a fonte de chakra da prisão, um braço. Isto implica que tenhamos de utilizar sempre um braço para efetuarmos o jutsu. Muito bem, vamos lá tentar! – O mestre exemplificou os selos necessários para realizar a técnica, á qual o jovem memorizou com alguma dificuldade. – Agora concentras o teu chakra na mão. – Exemplificou enquanto esticava a mão e passados segundos uma esfera de água foi-se formando.
Assim o jovem fez o mesmo, executou os selos juntando e separando cada ângulo de dedos com um ritmo constante, dessa forma uniu as duas forças físicas e espirituais, mais conhecidas por chakra. Estendeu o braço direito e unindo todos os dedos da mão começou a formar uma esfera de água. A água foi alastrando por todos os lados, tendo como o centro a mão, mas ia gradualmente perdendo a força e começou a abrandar. Até que estancou quando ainda só ia a meio a evolução da prisão de água. Desistindo daquela tentativa, viu a água unificada a decompor-se e a cair sobre outras tantas gotas que compunham o lago.
- Outra vez! – Ouviu o jovem vindo da boca de Belton.
O jovem reiniciou o processo começando pela execução do jutsu, passando por concentrar chakra e pronunciar o nome do jutsu. Assim água foi alastrando da sua mão para todos os lados, mas rapidamente perdeu a força e desintegrou-se. A voz do mestre soou novamente, então o jovem tentou mais uma vez. O resultado fora o mesmo então continuou a treinar durante um bom tempo o jutsu, de cada vez que o fazia, sentia o seu chakra a evaporar-se ficando gradualmente cansado e de onde começavam a escorrer gotas de soar pelo corpo. A sua mão estava também um pouco vermelha de muitas vezes fazer pressão ao concentrar chakra. Apressaram-se até à margem do lago e depois afastaram-se deste uns metros.
- Descansa um pouco. – Apazigou o mestre. Enquanto o jovem se estendia na lama e fechava os olhos ao mundo. Sentia o seu braço e a mão dorida e também uma forte pressão na cabeça que parecia explodir o cérebro a qualquer momento, face a força contra o crânio. Enquanto descansava o único som que ouvia era a chuva a cair na lama. Os minutos iam passando até que a voz de Belton se fez ouvir.
- Muito bem, levanta-te. – Ordenou ele, enquanto o outro se levantava apoiando-se com as mãos na lama. – Agora quero que treines a tua defesa contra os Genjutsus. Vou induzir-te numa ilusão e terás de escapar dela! – Anunciou enquanto se afastava uns metros do pupilo.
Este começou a executar selos, enquanto o jovem assumia uma posição defensiva e esperava. De repente sentiu uma forte vontade de inspirar começando a arfar, aí parou a circulação de chakra e de seguida libertou-a rapidamente desfazendo o Genjutsu. Nem um segundo passou desde que tinha saído da técnica, uma coluna de pétalas foi rodando à sua volta e caiu passado segundos. Olhou á sua volta, estava tudo igual, à exceção de seu mestre que estava enrolado na lama a gemer. Aproximando-se, o jovem levou as mãos à boca, seu mestre havia sofrido múltiplos arranhões e várias armas estavam enterradas na sua carne. Kiutchy começou a entrar em pânico, então lembrou-se de que já uma vez fora enganado por este Genjutsu. Assim repetiu o processo, parou o fluxo de chakra e depois libertou-o parando a técnica. Tinha escapado a dois Genjutsus! Olhou para o mestre e este acabava de executar outra série de gestos com a mão. De repente Belton saca várias kunais e shuriken, coloca-se em posição e arremessa-as, as armas voavam na sua direção. Mais uma vez ele recomeça a sequência para cancelar os Genjutsus, mas nada acontece e aí o jovem entra em pânico. “O que se passa!?” pensou enquanto as armas estavam a uns metros dele. Algo não batia certo! Então o jovem tapa a cara com as mãos e braços, e fecha os olhos, depois sente a sua pele ser rasgada pelas armas. Rapidamente uma dor insuportável alastrou por todo o corpo incidindo mais na barriga. Kiutchy baixa os braços e vê o seu estado, estava coberto de sangue, com as vestes rasgadas. “Afinal não era um Genjutsu.” Algo lhe impede de continuar de pé, por falta de sangue ou por ver o seu próprio sangue a escorrer no chão, então sentiu o solo a vir ao seu encontro. Com um pancada forte bate na lama, fecha os olhos e…