Primeiro capítulo: aqui!
A terceira pessoa ali era uma mulher. Era fácil de perceber que era uma mulher forte indisposta para brincadeiras.
Era, também, a terceira pessoa loira que ali estava e tinha o cabelo mais claro que qualquer um. Encaracolava nas pontas e fazia uma incrível franja que tapava o olho direito. As íris são azuis-clara e os olhos mostravam o quão rigorosa, séria e potente era. Os seus lábios eram os mais carnudos que alguma vez Jacques vira, apesar de claros e sedutores. A tez era neve, similar à sua.
- O meu nome é Olivia Mira e sou mestre nas artes ninja. Neste momento avalio 3 equipas. – Disse, em tom sério. A sua voz doce deixava respeito. – Apenas um em cada uma dessas 3 equipas tornar-se-á um verdadeiro gennin. Faust von Nettesheim, Jacques Bernard, Sylvia White; a vossa tarefa é encontrarem um pergaminho e abrirem-no. Quem abrir o pergaminho, merece, verdadeiramente, o meu esforço e levar a cabo uma boa aprendizagem, a meu lado. Sobre a localização do dito pergaminho, posso dizer que está na floresta, a norte daqui. – Pausou. Não dava tempo para ninguém falar e, mesmo se desse, ninguém iria interromper o seu discurso eloquente. Aquela senhora tinha o dom das palavras – As regras são simples: vale tudo e quem abrir o pergaminho em primeiro lugar, será o vencedor desta tarefa. Preparados? Dentro de 3, 2, 1, vão!Os 3 em avaliação partiram instantaneamente. Jacques moveu-se inconscientemente; foi uma sorte ter saído dali: ficar iria garantir uma figura de estúpido de sua parte.
Correu para norte e, curiosamente, não viu nem Sylvia nem Faust, apesar de se dirigirem para o mesmo sítio. Estava consciente que iria ter de lutar. Não conhecia bem as técnicas dos seus companheiros adversários, no entanto, era possível suspeitar que Sylvia se apoiava bastante nas técnicas com armas e na sua foice. Por outro lado, era impossível descobrir o estilo de luta de Faust; nem sequer sabia da existência de um clã Nettesheim.
Quando entrou dentro da floresta densa, tentou não fazer nenhum barulho. Percebeu que Sylvia e Faust também não tinham intenção de dar nas vistas.
Durante uns 20 minutos, Jacques avançou pelo arvoredo, reparando em cada pequeno som, como o de um esquilo num arbusto ou um pássaro num ramo.
Acabou por chegar a uma pequena área, rodeada pro árvores. Era um espaço circular e a relva aí parecia mais brilhante, pois as copas das árvores não impediam a chegada da luz ao solo. No centro, um cepo de uma árvore erguia o pergaminho que procurava.
Quando se aproximou, começou a festa.
Sylvia pegava na extremidade da lâmina da foice e encostava-a ao pescoço de Jacques.
- Não avances mais. Qualquer movimento brusco descola-te a cabeça do resto do corpo. – Disse, serenamente, Sylvia. – Esse pergaminho pertence-me.Imprudentemente, Jacques lançou a sua mão até à perna direita de Sylvia. Sylvia, como mulher forte, começou a cortar Jacques, causando um ligeiro ferimento no pescoço do rapaz. Começou a sangrar. No entanto, esse corte não foi profundo porque Sylvia não teve oportunidade: Jacques concentrou o seu chakra na mão direita que poisava na perna de Sylvia e arrefeceu-o, usando a habilidade Netsu. A perna de Sylvia ficou tão gelada que fraquejou e permitiu que Jacques se soltasse.
Como não podia deixar Jacques apanhar o pergaminho, Sylvia agitou o seu apetrecho. Como Jacques ainda estava atento a Sylvia, facilmente se desviou. Com uma das suas kunais triplas, impediu o movimento daquilo e, com a mão, lançou a foice de Sylvia para longe. Aproximou-se da rapariga que estava fragilizada e, impiedosamente e sem olhar a sexos, apertou o pescoço de Sylvia. Sylvia atacou-lhe os braços. Apesar de tudo, Jacques não a pretendia sufocar. No entanto, para a atordoar momentaneamente, aqueceu o seu pescoço e depois arrefeceu rapidamente. Sylvia ficou, obviamente, um pouco afectada.
Jacques virou as costas, então, e avançou até ao pergaminho. Apesar de estar mal, Sylvia estava consciente e conseguia perceber o que Jacques fazia.
- Shindanshin no Jutsu! – Ouviu-se, vinda de outro lado, a voz de Faust. Se tivesse ficado em si próprio, consciente, Jacques iria ficar confuso: a técnica usada era exclusiva de membros do clã Yamanaka.Jacques começou a andar, contra vontade, até Faust, que se revelou de trás das árvores. Sylvia olhava faxinada. Quando Jacques se posicionou a uma distância de poucos passos de Faust, o jovem louro libertou-o do Jutsu e atacou com uma kunai. Jacques, que recuperou a consciência, teve tempo de minimizar os danos: afastou-se um pouco e a kunai passou de raspão pelo braço de Jacques.
Face ao recuo de posição de Jacques, Faust arremessa dois pares de shurikens que Jacques teve facilidade em anular efeito: um simples Kawarimi no Jutsu permitiu a substituição de Jacques por um tronco pequeno. Com isto, Jacques ficou escondido atrás das plantas. Rapidamente se mostrou e saltou em direcção ao pergaminho.
Faust, que tem boa pontaria, atirou duas kunais que não falharam o alvo. Para surpresa de Faust, o alvo não passava de um Bunshin no Jutsu – o verdadeiro Jacques aproximou-se de Faust, com um pulo.
Jacques, com o pé direito, fez uma rasteira a Faust, que caiu redondo no chão. Jacques segurou em Faust pelo colarinho e deu-lhe um soco. Faust, que não se deixou ficar, resistiu e empurrou Jacques, fazendo uma inversão de posições. Jacques ficou marcado na cara, devido ao par de murros que recebeu.
Deixando Jacques no chão, Faust age rapidamente: recua uns metros e dirige o olhar e as mãos a Jacques.
- Shintenshin no Jutsu! – Disse Faust. Nesse momento, o rapaz desmaia e fica estendido no chão.Por outro lado, Jacques levantou-se.
Pegou na foice de Sylvia, que estava encostada a um tronco, e espetou a lâmina no chão. Sentou-se atrás da foice e prendeu os seus próprios calções ao chão. Deitou-se e, com as pernas presas com kunais ao chão, enfiou a cabeça pelo arco da lâmina da foice. Com um selo de mão, tudo mudou.
Faust estivera, até então, no corpo de Jacques. Antes do membro da família Bernard conseguir sair da sua situação (pernas presas e cabeça por baixo de uma foice), Faust apressou-se a prender também os braços de Jacques.
- Tira-me daqui! Eu vou ser gennin e não é um otário como tu que me vai impedir! – Gritou Jacques, totalmente enraivecido por estar numa situação difícil, por alguém lhe ter comandado o corpo (por duas vezes) e por estar prestes a perder uma oportunidade de ser gennin para Faust.- Vocês não percebem? Não é óbvio? – Perguntou Faust, com um tom de quem está a ser muito esclarecedor. Até ali, era alguém que Jacques sempre supôs não perceber nada de pessoas. – Aquela mulher pôs-nos uns contra os outros! Quais três equipas quais quê! A nossa equipa é feita por nós e por aquilo que nós conseguimos alcançar, não por outros! Pocha, não é óbvio? Nenhum de nós merece mais ser gennin que outro. – Jacques e Sylvia perceberam exactamente o que Faust estava a dizer. – Eu exilei-me do meu clã e alterei a minha identidade. Neste momento, conto comigo próprio e com a minha sombra. É duro, mas assumo completa responsabilidade pelos meus actos e não quero atropelar todos e ser consumido pela ganância. Nunca nenhum adulto consciente desta vila iria deixar três miúdos andarem à pancada por um objectivo tão fraco. Eles apenas querem que sejamos nobres.
- Aquele pergaminho… - começou Sylvia - … pertence aos três, não é verdade?
- Acho que sim, Sylvia. – Concordou Jacques.Faust desarmou a armadilha de Jacques e os rapazes ajudaram Sylvia a erguer-se. Os três, juntos, aproximaram-se do cepo e arrancaram de lá o pergaminho. Juntos, abriram aquele pedaço de papel enrolado. Reconheceram, de imediato, uma escrita de invocação humana. De repente, Olivia Mira estava em pé no cepo.
- Grandes idiotas! – Berrou Mira! – Um shinobi da folha nunca deixa um parceiro para trás! Um shinobi da folha nunca ataca um parceiro! Um shinobi da folha luta com os seus companheiros, não contra! – As palavras de Olivia estavam cheias de sentimento mas não tinham pinga de orgulho nos três. – Vocês podiam ter-se aleijado a sério. – Depois de uma grande pausa, continuou. – Na academia avaliaram o vosso Ninjutsu, Taijutsu, Genjutsu, Kenjutsu e as vossas aptidões físicas. Cabe-me a mim, mestre de equipa, avaliar o importante: o vosso trabalho de equipa, a vossa capacidade de se ajudarem. – Então, dirigiu-se para Jacques e Sylvia. – Se o vosso colega não tivesse tino, vocês estariam mais que chumbados. – Aí, aconteceu o inesperado. Com um abraço forte de grupo, Olivia continuou. – Eu sou incapaz de deixar os meus parceiros para trás. Que daqui em diante, vocês portem-se como uma verdadeira equipa.Qualquer um dos três mais novos estava sem palavras.
- Neste exacto local, amanhã, às 7 da manhã. Considerem-se sortudos.