A história dos genins que passaram por ali se misturava com o ambiente. Ecos do passado sangrento e a ascensão de uma casta nobre. Todos eles já passaram por aqui. Era manhã no vazio e antigo campo de treino de Kirigakure. Kimura não sabia por que havia sido abandonado. Talvez a lembrança que ele trazia de um passado negro. Talvez. Mesmo assim, o genin não conseguia tirar os olhos dos três grandes pinheiros secos que despontavam na planície desmatada. Forçando a vista, protegendo-a do sol com as mãos. Kimura estava parado de frente aos três obeliscos de madeira, olhava com admiração as marcas das kunais, os quais os antigos fizeram quando treinavam seu controle de chakra. Subindo, marcando e descendo. Até a exaustão. Ele se sentiu inspirado por aqueles que lutaram e defenderam a vila. Ali seria um lugar perfeito para treinar. Como já era o fim da tarde, resolveu retornar e esperar ansiosamente pelo dia seguinte.

Já na manhã seguinte, Kimura salta da cama, veste-se e forra o estômago com um bom desjejum. Já na entrada de sua casa, alongou-se e verificou se havia amarrado tudo corretamente e só então iniciou a corrida até o campo. Era distante cerca de três quilômetros, seria uma boa corrida até lá. Seus pés pisavam rapidamente na fina lama que a neblina trazia. No início conseguiu segurar o ritmo. Estava à média velocidade. Entretanto, quando chegou na faixa dos seiscentos metros de corrida, seus pulmões queimaram e seu suor já atrapalhava sua visão. Cansado, resolveu parar e tomar um pouco d´água. Esperou por mais de quinze minutos mais ou menos, aguardou seus batimentos cardíacos se normalizarem e só então reiniciou a corrida.

Dessa vez, resolveu correr num ritmo forte e veloz. Suas passadas rápidas faziam a lama ranger e este ruído se misturava com o ruído de sua respiração ofegante. Então, como previra, após trezentos metros de corrida de alta velocidade, com seu coração quase saindo pela boca, resolveu fazer mais uma parada. Assim, após mais quinze minutos de descanso, iniciou um trote lento, o suficiente para que a corrida não se confundisse com uma caminhada. Fazendo isso, Kimura conseguiu atingir um equilíbrio entre sua respiração, batimentos cardíacos e gasto de energia. Percebeu que naquela velocidade ele iria demorar cerca de quarenta minutos para chegar lá, mas como já se desgastara nas sessões de corrida anteriores, decidiu por continuar.

Passava das nove horas quando terminou o percurso. Havia demorado cerca de uma hora e meia para alcançar o campo. Foi demorado, mas em compensação, havia feito diversas paradas para recompor as energias. E isso serviu para que assim que ele chegasse ao campo, não estivesse tão cansado a ponto de não ter prejudicado seu rendimento. Então, guardando as suas coisas em baixo de uma velha mesa de madeira, ele se dirigiu aos três pinheiros secos. Kimura segurava uma kunai. Olhava para o cume do pinheiro do meio enquanto tomava água. Então, voltando sua concentração para o que queria fazer, ele deixou o cantil cair no chão e disparou em direção ao alvo. Preferia não sentir medo, mas sentia. Se errasse o ponto, daria com a cara na madeira. Mas isso não aconteceu. Saltando há cerca de um metro e meio do tronco, pondo os pés à frente, Kimura concentrou seu chakra nos pés utilizando o Kinobiri no Jutsu.

Ele comemorou quando seu pé direito grudou na madeira. Empurrando-o, ele grudou seu pé esquerdo e o empurrou. Conseguindo avançar apenas três passos verticalmente, Kimura perdeu o controle de seu chakra e caiu. Seu corpo bateu forte no tronco e deslizou até o chão, onde machucou seu cotovelo esquerdo ao tentar diminuir o dano da queda. Com um grunhido baixo ele protestou levantando-se. Não iria desistir. Não havia chegado sequer na primeira marca do tronco. Tomando distância outra vez, ele concentrou mais uma vez seu chakra na sola dos pés. Saltando de uma boa distância, ele grudou seu pé direito, depois o esquerdo, forçando suas pernas ele deu o terceiro passo e o quarto. Então perdeu o controle e despencou. Entretanto, dessa vez, Kimura deu uma pirueta no ar, esticando as pernas e chegou ao solo com os pés juntos, assim, para aliviar a tensão nas articulações do joelho, ele deu um ágil rolamento no chão, caindo sentado.

Descansando por alguns minutos, ele se levantou e tomou posição para tentar novamente. Assim, após respirar fundo, Kimura acelerou a corrida, concentrou mais uma vez seu chakra e saltou. Seu pé esquerdo fixou na madeira e com força empurrou o pé direito à frente, grudando-o. E assim, um pé após o outro, usando muito chakra e esforço, ele conseguiu dar seis passos, chegando aos primeiros riscos que marcavam que outros genins já haviam chegado lá. Rapidamente, para não perder o impulso, Kimura girou a kunai no dedo, agarrou-a com firmeza e com força, rasgou a madeira, deixando sua primeira marca. A emoção foi grande, tanta que perdeu novamente o controle e caiu. Assim, repetiu a manobra, girando o corpo com velocidade, ele fincou os pés no chão lamacento, terminando num rolamento até a parada total. Ainda sentado, ele comemorou ao conseguir ver sua marca no pinheiro. Agora só faltavam mais quinze metros de subida vertical para alcançar o topo.

Respirando fundo, tentou levantar-se, mas caiu sentado novamente. Usara muito chakra para permanecer lá em cima e agora pagava o preço. Tremia e suava. Ofegante, ele se arrastou até o cantil e tomou quase toda a água. Seu estômago roncou, era hora de comer. Então, levantando-se com dificuldade, ele foi até sua mochila e retirou um lanche que sua mãe preparara. Começando a comer, ele fitou o topo do pinheiro. Parecia que olhava Kimura com desdém, já que ainda não conquistara o cume. Mas isso seria questão de tempo, pois, se for por força de vontade, o jovem genin estava cheio. Absorto em seus pensamentos, mal pode perceber que já estava no meio do dia. Precisava iniciar o treino da tarde. "Depois voltamos a conversar." - Falava enquanto se aconchegava nas folhagens para tirar um cochilo de uma hora.

UMA HORA DEPOIS...

Acordou com o barulho do vento, já era hora de continuar. Kimura, sem perder tempo, alongou-se e começou a fazer polichinelos para aquecer-se. Seriam duas séries de vinte polichinelos. Iniciando, jogava seus braços para cima ao mesmo tempo em que abria as pernas num ângulo de quarenta e cinco graus. Então baixava os braços ao mesmo tempo em que fechava as pernas numa posição ereta. Como tinha descansado, a primeira série serviu para aumentar seus batimentos cardíacos e respiração, aumentando a oxigenação do corpo. Parou ao terminar a primeira série e descansou por trinta segundos e reiniciou o exercício. A segunda série foi mais difícil, seus pulmões esforçavam-se para continuar com o suprimento suficiente de ar até que quando terminou a última série já estava aquecido para prosseguir.

Indo na direção dos alvos estáticos de madeira, ele leva os dois Fuuma Shuriken. Pondo os dois juntos, organizou-os para que parecessem que havia apenas um em sua mão. Fazendo mira, ele arremessa os poderosos shurikens com força. Eles giram um sob o outro, o que ia por baixo parecia à sombra do primeiro. E então, com um ruído alto, os dois acertam o alvo ao mesmo tempo. Kimura comemorou. Assim, resolveu continuar. Pondo a mão de volta na mochila, o garoto retira um shuriken. Equilibrando-o no dedo indicador, Kimura concentra chakra fuuton em seus pulmões, então ele sopra as lâminas do shuriken, fazendo-o girar. Aumentando a força de seu sopro com chakra, ele aumenta a velocidade do shuriken até que suas lâminas se tornassem uma só.

Arremessando-o vagarosamente, o shuriken plana. Kimura manteve a concentração de mente e chakra para mantê-lo planando no lugar. Kaiten Shuriken realizado com sucesso. Ainda concentrado, ele move sua mão direita e começa a controlar o shuriken que dança de um lado a outro. O garoto então começa a andar, mantendo o shuriken na mesma distância de sua mão. Aumentava a velocidade aos poucos e se dirigia aos alvos de madeira. Entretanto, quando já estava no meio do caminho, ele perde a concentração quando alguns pássaros revoaram por trás dos arbustos. O shuriken perde a influência de seu chakra fuuton e cai girando em alta velocidade. Rapidamente Kimura move seu braço para não ser atingido, mas o shuriken ainda o arranha de leve, deixando transparecer um filete vermelho de sangue descendo de seu braço. "Merda!" - Praguejou.

Diziam que o segredo era o controle do chakra. Então ele repetiu a operação. Pegou o shuriken que caiu no chão e novamente concentrou seu chakra fuuton nos pulmões. Então, apoiando o shuriken no dedo indicador, ele sopra seu chakra fazendo o shuriken girar até ganhar um certa velocidade. Mexendo a mão, Kimura põe o shuriken planando numa distância segura, sentando, cruzando as pernas. Estava decidido a manter o controle. Sabia que a chave era o controle de seu chakra fuuton, então, encarando o shuriken em pleno voo, o genin tentava manter seu chakra. Muitas vezes exagerava, o que fazia o shuriken girar mais rápido, ganhando altitude. Outras vezes diminuía demais, muitas vezes fazendo o shuriken perder altitude, às vezes quase caindo no solo, quando aumentava o fluxo e o shuriken tomava altura novamente.

Ficando neste exercício por cerca de cinco minutos, Kimura perde o controle e o shuriken cai no chão inofensivamente. Já estava cansado. Tanto que tentou concentrar chakra mais uma vez e não conseguiu. Achava que sua soneca da tarde o tivera regenerado alguma energia. Regenerou, mas não o suficiente. Não podia fazer mais nada a não ser descansar. Assim, já na segunda metade da tarde, Kimura arruma suas coisas e volta para casa caminhando. Exausto, não conseguiu correr. Olhando para trás, ele ainda pôde ver os três pinheiros ao longe e prometeu para si mesmo que retornaria no dia seguinte para treinar mais. Até que os perdeu de vista e entrou pelos portões de Kirigakure.

reservado.

HN

Ninjutsu: 8 + 1 = 9
Taijutsu: 3,75
Kenjutsu: 6,75 + 0,5 = 7,25
Genjutsu: 1,25
Selos: 1,5
Trabalho de Equipa: 2

HC

Força: 3 + 0,75 = 3,75
Agilidade: 5,75 + 0,75 = 6,5
Controlo de Chakra: 6,5 + 1 = 7,5
Raciocínio: 2,5
Constituição: 8 + 0,5 = 8,5


4,5/7

comentários: Treino muito bem escrito, foram apenas 4,5, mas pontos muito bem ganhos, é assim que gosto de treinos, simples mas objetivos