AnteriormenteBlackbird singing in the dead of night,
Take these broken wings and learn to fly.
All your life,
You were only waiting for the moment to arise.
O tempo passa devagar quando você pratica a arte da solidão; contudo tudo aquilo acontecia rapidamente e após aquele dia eu tinha certeza que o mundo não seria o mesmo.
Meu corpo se moveu sozinho recuando, eu já não tinha controle de meu sistema nervoso. Naquele momento meu ponto de vista variava, não queria mais visitar amigos e lidar com conversas chatas e burocráticas, não queria mais batalhar salvando o mundo uma vez ou outra, e tampouco queria sexo, drogas e rock n' roll. Queria relaxar um pouco, sentir o vento, ter algum motivo ou alguma motivação para continuar naquela vida e não tentar algo novo... Afinal, apesar de tudo, eu continuava eu. O que fazer? A vida realmente pode acabar de uma hora para outra, que merda.
Refletir me fez voltar a luta mais calmo, eu sabia que não tinha chances contra um ninja daqueles, tinha que raciocinar. O homem de cabelos grisalhos movimentou-se com uma espada gigante desembainhada – suspirei -; sua sombra, conforme ele caminhava e chamava a atenção, percorreu toda cozinha e passou ao encontro da minha, fazendo um duelo de escuridão que só terminou após me acertar com o cabo da lâmina na região pancreática. Cuspi sangue e fui levado pelo impulso para trás, batendo contra a parede e caindo novamente aos seus pés.
O homem ajeitou a espada na direção do meu crânio. Tornei minha atenção para o chão que cheirava a puro sangue, desesperado fechei ambos os olhos: apenas a morte me esperava.
- Queria poder brincar mais com você Hirako-kun, só que tenho um tempo exato para me retirar! Talvez você possa rever seus pais, NO INFERNO! - As duas ultimas palavras foram gritadas. O ninja movimentou-se rapidamente, levitando a lâmina que dançava no ar de uma forma assustadora. Meus últimos segundos de vida foram devaneios.
-
Pai, mãe, como? Dzêko, Miho; onde estão vocês? O que aconteceu com o resto do clã?! -
Senti o sangue escorrer sobre minha nuca, talvez fosse impressão minha; mais pude sentir uma onda de calor humano se aproximar e nervoso abri os olhos rapidamente, olhando para os joelhos do homem. Outra lâmina cruzara a espada, mais quem era? Não sei, eu estava focado de mais para sequer pensar em contar os segundos, eu somente me afastei pulando para trás, ainda alternado.
- Miho-chan! - A garota trajava um tipo de kimono branco, bordado a mão com pictografias do clã e manchado de sangue em algumas regiões. O cabelo amarelo-ovo estava protegido por um tipo de capacete marrom-madeira.
Os metais produziram uma faísca ascendente, que jaziam sobre o chão. Ambos voltaram-se a se afastar, enquanto trocavam olhares. De um lado ostentava-se uma garota de 10 anos, que já demonstrava uma habilidade ligeira com Kenjutsu. E no outro um velho, cujas habilidades eram inestimáveis.
- Vai ficar parado, fracote?! - Trovejou a garota. Para ela tudo estava em perfeita ordem, já estava acostumada com cenários daquele tipo; entretanto no meu caso era diferente. Fui criado com tudo que sempre quis como dizem as más línguas; "Um filhinho de papai."
Estava tão nervoso que não havia percebido a mão da garota sangrando. Havia sido esse o sangue que escorrera sobre minha nuca.
- Me desculpe Miho-chan! - A recente aparição de Miho havia abalado tanto eu quanto o velho. A garota protegia seu corpo delicado com a espada, enquanto o idoso resmungava alguma coisa. Tornei á postura de luta. O velho estava em puro escárnio; mesclado com um ar deleitado e sarcástico; sua espada respingava sangue.
- Que sorte Hirako, você terá mais alguns minutos de vida! – Permaneci fitando o individuo. – Ele não é nosso maior problema! – Retrucou a garota de olhos azuis. – Duas famílias foram afetadas, á minha e a sua; ou seja, a terceira família está intacta. – Tentei juntar suas palavras e entrar em um contexto mentalmente, só que não havia entendido o que ela havia falado. – E daí? – Ela sorriu, sem desgrudar os olhos do velho. – Calculo que uma revolta irá acontecer, por sorte tive a oportunidade de espiar uma das conversas entre ambos os conselheiros dos grupos. “Se algo acontecer, dizimem o clã; e isto está válido para qualquer das três famílias pendentes.” –
Bufei baixo, já estava mais tranqüilo, ficava calmo com a garota por perto; era um pouco constrangedor. O velho então se movimentou, e eu o acompanhei-o com os olhos. Só que pelo alivio ele recuava. – Felizmente para vocês dois, tenho de me despedir tão cedo. Mais por sorte, seu clã fará o resto do trabalho! Vivenciem seus últimos tragos de ar, insolentes! – O ninja sumiu na escuridão, cambaleando entre as casas.
A garota pegou minha mão, fazendo com que eu á segui-se um pouco envergonhado. - O que vamos fazer? – Ela seguiu olhando para frente, subindo as escadas indo até o sótão da casa. Sem me dar muita atenção, mais ao mesmo tempo parecendo perturbada com minha presença. – Não ouviu o velho? Temos que dar o fora daqui! – Balancei a cabeça concordando. – Está bem! – A jovem largou minha mão, e segurou a katana. Era incrível como ela mantinha postura e delicadeza ao mesmo tempo, apenas uma palavra me fazia descrevê-la: Brilhante, contudo nenhuma palavra descreveria tamanha intensidade que percorria no meu sangue. Foi tudo tão rápido que às vezes pensei que meu coração ia apenas explodir, desabrochar; como uma flor, sabe. Eu fico nervoso em situações de tensão, não consigo me segurar.
Poderia ser apenas causticidade de minha parte, todavia eu perdia a cabeça analisando, o porquê haviam me colocado entre os três substitutos para líder, o que tinha em mim em tão especial? Miho era brilhante, e Dzêko era o mais velho e experiente. Bem, e eu? Meu sonho medíocre era tornar-se Mizukage, só que neste momento as minhas chances de continuar na vila eram um fracasso total. Eu sabia que uma hora ou outra o clã encontraria eu e Miho. E ambos teriam que estar em um nível de luta balanceado para ter chances de viver, não queria que nenhum de nós morresse.
Isso com certeza mudaria totalmente minha vida, eu teria de mudar meus planos e voltar a analisar de que forma iria continuar a vida.
Naquele momento por fora eu estava tranqüilo, mais por dentro minha mente tentava organizar os fatos que jaziam diante de meus olhos. A morte de meus pais, a dizimação de um terço do clã, o que agora seria dois terços – porque a família de Miho também estava morta -. E o que mais me intrigava e me deixava maluco, como Miho escapara? Eu sequer fiz qualquer movimento brusco, mais ela parecia estar calma; sendo que tudo estava em perfeita ordem. Não entendo porque sou tão nocivo.
A chuva havia cessado. Tudo estava calmo, ouvia-se o cantarolar dos grilos, o grunhido dos corvos que agradeciam a refeição e o barulho da brisa á açoitar a flora. O sótão era escuro, então ela voltou a segurar minha mão, embainhado a espada cuidadosamente. – Temos que achar uma vista, eu tenho um plano! – Novamente balancei a cabeça, só que acho que a garota não percebeu, estava muito escuro; a única luminosidade vinha da janela, que distribuía a mesma de acordo com o luar.
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Espero ter compensado o anterior!