Anteriormente...
- Spoiler:
- A fotofobia vai aumentando nossa sensibilidade à luz. Então chega um ponto que a sensibilidade é tanta, que pode ferir-nos. Em resumo, quanto mais técnicas ninjas aprendermos, mais perto estaremos de sermos criaturas das sombras. – respondeu novamente o rapaz.
- Criatura das sombras?
- Sim. Somos lentamente obrigados a viver na escuridão – completou Tsuki, séria.
- Co... Como assim?!
- Bem, como o Shinji disse, até os 17 anos, a nossa Kekkei Genkai, o Yoru no eria, evolui naturalmente, sem podermos nada fazer. A partir desta idade, podemos escolher entre continuar no patamar deixado, ou evoluirmos com treinamento shinobi. Ao todo, são sete níveis, dos quais os três primeiros são conquistados sem treinamento. Portanto, todo e qualquer indivíduo do nosso clã maior de 17 anos, terá obrigatoriamente, o nível três. - dizia Tsuki.
- Sim, é isto mesmo. Neste nível, os genes são induzidos a parar a evolução, porém treinamentos envolvendo chakra acabam por despertá-los novamente. Assim, quanto maior a quantidade e, principalmente, a qualidade dos jutsus aprendidos, mais rápida se torna a evolução. - continuava o rapaz.
- Sim. E quanto mais se avança no Yoru no eria, pior fica a fotofobia. E como queres seguir caminho shinobi, tens de ficar atenta. Se quiseres ser uma excelente kunoichi, acabará chegando ao nível sete, o nível extremo. - completava Tsuki.
Um silêncio pesado pairou por alguns instantes. Era muita informação para Tora - e pior, impactantes, pois seu desejo sempre foi tornar-se uma das melhores kunoichis do mundo ninja. Então para ter seu sonho conquistado, ela precisaria viver na escuridão? Escuridão... Era o que estava a ver. Aos poucos a já pouca iluminação diminuía, e nada ela via. Sua mente gritava, enquanto seu corpo na verdade sussurrava um quase inaudível "Não!", ao mesmo tempo em que preparava-se para uma queda livre. Shinji percebeu o que aconteceria e apressou-se em aparar a gennin desfalecida:
- Ela é tão fraca, será que suportará ser uma Chinmoku? - perguntava o rapaz.
- Shinji, sabes bem o quanto ficamos fragilizados quando somos feridos emocionalmente. Konoha é a família que ela conheceu, é natural que fique assim. Tenhamos um pouco de paciência. Ela terá de regressar e...
- Sabes que não concordo com isto... - interrompeu ele.
- Sim, mas é necessário. Se fizermos as coisas à força, ela não irá resistir. Bem, cuide dela, tenho algo a fazer. Será o tempo que ela recupera-se, assim quando voltar podemos retomar a explicação que ela precisa...
- Onde vais?
- Verificar nossa segurança. Se nós conseguimos chegar até Amaya, é provável que ele rastreie-nos - disse, desaparecendo.
O rapaz tomou Tora em seus braços, levando-a de volta ao quarto. Deitou-a delicadamente, enquanto observava-a naquele estado de inconsciência, sentindo a volta do rubor em sua face. Permaneceu ali, observando-a, quando Tsuki aparece à porta:
- Ainda não acordou? - perguntava.
- Nã... não - gaguejou.
- Tsc, garoto, porque todo este rubor? – perguntava em tom de gozo.
- Hã? Do que estás falando, Tsuki-senpai? – ele devolvia a pergunta, bastante embaraçado
- Não faça-me de idiota, já percebi... – respondia ela, sarcástica.
Enquanto se falavam, Tora recobrou seus sentidos, mas ao perceber a pequena discussão, continuou fingindo que estava desacordada:
- O quê que percebestes? Não temos tempo de preocupar-nos com nossas próprias emoções - dizia ele, em tom triste. - Tu sabes que mais cedo ou mais tarde ele virá atrás dela... e de nós.
- Sim...
- E que por isso seria muito mais seguro ela vir conosco!
- Não adianta forçá-la! Até que ela consiga compreender tudo, demandará tempo.
- Por favor, contem-me tudo - dizia Tora, sentando-se na cama, não contendo sua curiosidade. - Não escondam nada de mim, prometo que fico bem! Acabem logo com isto. Quero voltar para Konoha!
- É o direito dela Shinji... gomen! - voltou-se a Tora. - Bem, para além de nossa KG, há outro problema que enfrentarás no futuro, sendo kunoichi ou não... E ele chama-se Chinmoku Aoshi. Ele certamente sabe sobre você, mas por algum motivo que desconhecemos, ele simplesmente ainda não veio atrás de ti. Portanto, temos de avisá-la... Não tardará, ele certamente virá.
- Quem é este?
- Nosso pai - respondia, com lágrimas nos olhos. - Há um tempo brigamos, pois ele queria que eu seguisse seus passos. Neguei-me, e Shinji apoiou-me, e ele simplesmente enfureceu-se conosco. Desapareceu sem deixar rastros, e ele é muito mais poderoso que nós, mas conseguimos algumas pistas que indicaram que ele juntou-se a uma organização. Não sabemos os motivos ou ambições dela, nem do nosso pai ter juntado-se a eles...
- E é claro que cedo ou tarde, ele virá atrás de ti, Tora-san – dizia agora Shinji, olhando diretamente em seus olhos. – Não há muitos Chinmoku’s por aí, e ele certamente já deve saber que sua Kekkei Genkai deve ter sido ativada, então é provável que ele queira que alies-te a ele... Ou pior, seqüestrar-te para seres uma cobaia sabe-se lá de quais experiências.
- Entendes agora nossa preocupação contigo, minha irmã? – dizia Tsuki, ainda chorosa. – É realmente uma pena termos conhecido-nos deste jeito, tu a pensares mal de nós, mas tínhamos de agir rápido. Seria muito melhor e seguro para ti vir conosco, mas entendo que ainda não confies em mim ou no Shinji, e queiras regressar a Konoha. Voltarás, fique tranqüila, mas saiba o que espera-te...
Tora não sabia o que dizer, era muita informação para processar... Tinha uma Kekkei Genkai que podia deixá-la vivendo apenas nas sombras, teria de pensar muito bem se quisesse ser a kunoichi tão forte que sempre sonhara, além de existir outra pessoa disposta a tirá-la de Konoha – e pior, provavelmente nunca devolvê-la. Não sabia se acreditava ou não nessa história, afinal eles queimaram sua casa e acabaram ferindo seu pai Nobuo... Será que iriam realmente deixá-la voltar? Se sim, a história parecia ter bastante sentido:
- Sei que estás confusa, mas eu só peço-te uma coisa antes de sair daqui – dizia Tsuki.
- Não tenho muita escolha, certo? Não quero ficar aqui...
- Muito bem... Lembra-te da Yukiko?
- Aquela coruja ranzinza? Como poderia esquecê-la... – respondeu em tom de deboche, enquanto Shinji reprimia um riso.
- Ela mesma. – respondia sorrindo. – Ela é minha Kuchiyose, e você poderá também ter um contrato com...
- Nem morta quero poder invocá-la! – cortou a gennin.
- Com qualquer outra coruja! – completou Tsuki – Certamente Yukiko não será, tu sabes poucas técnicas ninjas, então sua kuchiyose será de um rank mais baixo. E não preocupe-se, as corujas são muito legais, Yukiko-sama é um caso à parte – dizia, rindo, seguida por Shinji.
- Ela é apenas temperamental, gosta que tudo seja exatamente como quer... Poucos têm paciência para isso – completava o rapaz.
- Aqui está – dizia Tsuki, enquanto desenrolava um pergaminho. – Vês? A última assinatura é a minha. Quem assina este pergaminho, automaticamente tem um contrato com as corujas. Será de bastante serventia para ti, em treinos, missões ou mesmo em guerras. Dê-me tua mão. – pedia ela.
Tora estendeu sua mão direita, enquanto Tsuki tirava uma pequena lâmina de seu bolso e cortava um dos dedos da gennin. De início ela protestara, mas lembrou-se das aulas da Academia, e resolveu prosseguir. Estava louca para voltar à Konoha, e confiava naqueles dois desconhecidos de alguma forma... Assinou seu nome com sangue no pergaminho, deixando em seguida suas digitais:
- Muito bem, deixe-me lembrar como é que realiza-se a invocação... Faz-se alguns selos... – dizia, enquanto realizava uma seqüência – uma dose do sangue, chakra e ... kuchiyose no jutsu! – completou enquanto pousava sua mão direita no solo, observando uma cortina de fumo formar-se e mostrar duas pequenas corujas ao desaparecer:
- Fomos invocadas, Tsumetai?
- Parece que temos alguém que nos invoque depois de tanto tempo, Netsu!
- Uma criança?
- Hey, eu não sou uma criança! – protestava Tora.
- Gomen, não quis ofendê-la. Ora, pareces-te bastante com Sayo, serias tu a perdida Amaya? – perguntava a coruja mais escura.
- Sim, é ela, Netsu. – respondia Tsuki.
- Oh, como és linda! Realmente parece-se com Sayo! – dizia a coruja mais clara.
- Quem é Sayo? – perguntava a gennin.
- Nossa mãe. – respondia Tsuki, enquanto voltava a falar às corujas. – Bem, não sei se vocês sabem das últimas, mas...
- Sabemos tudo o que tenha relação aos nossos invocadores, Tsuki-chan. Teremos cuidado com Aoshi, iremos proteger a pequena!
- Não chamem-me de pequena! – bradava Tora, irritada.
- Não és alta, e nem adulta. E nem sempre ser pequena é necessariamente ruim – dizia Tsumetai, a pousar no ombro esquerdo de Tora. – Vês aquele buraco?
- Sim.
- Muito bem, creio que isto seja bastante importante para ti – respondia a coruja, agarrando uma hitaiate de Konoha.
- Mas é claro!
- Então pegue-a de volta! – dizia, enquanto lançava a hitaiate num buraco mais ao longe.
A jovem obedeceu, mas seus braços não alcançavam-na. Tentou diversas vezes, mas o buraco era profundo, e ela não cabia completamente. Tsumetai então lá mergulhou, e alguns segundos depois voava com a hitaiate presas em suas garras, depositando-a na mão da Nara:
- Entendes? Há vantagens em ser pequena. Em vez de irritar-se ou lamentar-se, procure fazer algo de útil. Além do mais, se isto consola-te, ainda vais crescer... – finalizava.
- Ha... hai!
- Bem, com Netsu e Tsumetai, eu ficarei bem mais tranqüila... Elas podem sanar as dúvidas que porventura ela possa ter sobre o Yoru no eria, e podem ajudá-la no que for necessário além de manterem-me informada sobre tudo o que passar-se com ela. – Tsuki sussurrava a Shinji. – Dou-me por satisfeita – dizia com semblante entristecido.
- Sabes o quanto eu discordo disto...
- É necessário, Shinji. Sabes o quanto nosso sangue é complicado, os laços emocionais ditam a nossa saúde, e Konoha é a família dela, queiramos ou não. Ela ficará forte ao lado deles.
O rapaz nada dizia, apenas dava um longo suspiro. Tsuki cochichou algo em seu ouvido, dando uma pequena gargalhada, enquanto ele corava. Ela deu um tapinha em seu ombro, enquanto chamava a atenção de Tora, que ainda conversava com as corujas:
- Muito bem, minha irmã. Não és uma prisioneira, aliás, nunca fostes. Peço que pense muito bem sobre tudo que aqui falamos, qualquer dúvida consulte Netsu ou Tsumetai. Daqui a um tempo, talvez a gente volte a encontrar-se. – completava, com lágrimas nos olhos.
- Isso é quer dizer que...
- Sim, irás voltar à Konoha. – cortava o rapaz. – Sabe, não é bem uma regra, mas o sangue Chinmoku é um pouco complicado... Tem alguns indivíduos em nossa história que enfraqueceram e morreram por conta de laços emocionais, separações bruscas eram a maioria. Apesar de sermos tua família biológica, os teus vínculos emocionais não estão aqui. É uma longa história esta que contamos, e demandará um tempo até poderes entendê-la, e até lá a família que conhecestes será de fundamental importância.
- Não preocupe-te, esta é uma prova de que eles não estão mentindo, Amaya-chan! – dizia Netsu.
- Tora, por favor! – pedia a gennin.
- Tora? Que ironia... Bem, estaremos a postos sempre que precisares, para dúvidas, ou ajudá-la em algo, já sabes invocar-nos, então podemos ir? - perguntava Tsumetai
- Claro, sintam-se à vontade. E obrigada por tudo! – dizia Tsuki, enquanto as corujas despediam-se e desapareciam numa cortina de fumo. – Muito bem, vocês deveriam ir andando também, há um caminho relativamente longo até Konoha. Amaya, ou Tora, não importa... posso dar-te um abraço? – pedia.
- Claro! – respondia a gennin, enquanto Tsuki abraçava-lhe, tentando conter o choro.
- Shinji, por favor, vá logo! – pedia Tsuki, enquanto saía do quarto correndo, tentando inutilmente esconder as lágrimas.
- Ela ficará bem? – perguntava Tora, receosa por estar causando aquilo, de certa forma.
- Sim, vamos andando. Estamos longe de Konoha, quanto mais cedo sairmos, melhor para ti – dizia, também saindo do quarto num shunshin. Tora fez o mesmo, e acabou o ouvindo dizer em tom pensativo:
- Somente para ti...
- Spoiler:
desculpem o enche-chouriços, mas eu realmente precisava explicar como ela havia aprendido a kuchiyose e explicar um pouco mais da KG e do clã
finalmente ela voltará para Konoha \o/