O dia começou frio. Nuvens pesadas diziam que talvez chovesse mais tarde. Ao olhar para o céu, o genin ainda pensou em deixar para treinar no dia seguinte, mas estava decidido a se tornar mais forte. -
A chuva só irá melhorar meus exercícios. - Tentava convencer-se. Assim, arrumando alguns materiais que decidira levar, ele saltou sua janela e começou a alongar-se. Havia poucas pessoas nas ruas naquele dia. Talvez tivessem medo da chuva que se formava. Entretanto, Kimura resistiu à preguiça e começou sua corrida até seu campo de treinamento. Com firmes passadas, Kimura atravessava a Vila com desenvoltura, enquanto o vento frio batia em seu rosto. Aproveitando para treinar sua agilidade, ele saltava os telhados e se jogava das sacadas para então amortecer sua queda num rolamento e, ficando rapidamente de pé, reiniciava a corrida. Efetuava alguns shunshins ao tentar alcançar o alto dos muros e de lá efetuava outros para alcançar os telhados mais próximos. Assim, em poucos minutos conseguiu chegar a seu campo de treinamento, onde, ofegante, sentou-se e tomou muito água. Olhou em volta para ver se havia alguém no local, mas como sempre ninguém estava lá. Sentia-se melhor quando estava sozinho. Pelo menos a pressão da convivência durante seu treino só atrapalharia. O vento agora estava forte que levava as pesadas nuvens para longe, abrindo para os raios do sol.
Kimura aguardou por trinta minutos até se recuperar da corrida. Decidindo começar com treino de taijutsu, ele se dirigiu ao velho saco de areia, já muitas vezes remendado pelos inúmeros golpes que o genin já desferira. Chegando próximo, ele começou a efetuar diversos “jabs” ao mesmo tempo em que circundava o saco. Os golpes criavam ruídos abafados por causa da areia úmida. Assim, quando já estava aquecido, começou por dar golpes mais fortes. Socos, chutes e finalmente joelhadas e cotoveladas. O saco balançava freneticamente enquanto apanhava. Seus goles eram fortes e rápidos. Ele sorria ao ver o resultado de seus pesados treinos com mestre Chino. -
Aquele velho sabe das coisas. - Sussurrava enquanto continuava a golpear o objeto. Assim, empolgado, começou a forçar mais e mais os golpes. O saco começou a balançar mais forte até que o genin efetuou um forte chute ascendente, fazendo o saco desprender-se de suas amarras e ser jogado para o ar. Vendo isso, Kimura efetuou mais um shunshin para chegar rente ao saco e assim, concentrando chakra nas juntas, esticou os braços e pernas prendendo-o firmemente, precipitando-se velozmente até que no último momento, largou o saco ao chão. O impacto foi tão grande que todas as costuras do saco de pancadas estouraram e uma cortina de areia tomou todo o local. Assim, quando a areia baixou, Kimura pôde ver que o saco estava completamente destruído.
-
Droga, terei que construir um novo. - Reclamou
Chateado, pois o saco de areia não tinha salvamento, resolveu interromper o treino para tentar imaginar como poderia substitui-lo o quanto antes e assim continuar seu treino. O vento varria as folhas secas do chão, fazendo a relva inclinar-se, retornando sua posição quando parou de ventar. Aquilo inspirou o genin, que sem dizer uma palavra, disparou pela trilha à toda velocidade. Enquanto retornava a sua casa, pensava no que precisaria para transformar em realidade aquilo que pensara. Precisaria de mais linha shinobi, um machado, dois ganchos e uma roldana. Sabia que tinha tudo isso em casa, pois seu pai nunca estava despreparado quando alguma coisa quebrava. Então, em poucos minutos, chegou a casa. Sua mãe estranhou vê-lo tão cedo, e tentou buscar explicações. Mas Kimura tinha pressa. Precisava voltar o quanto antes. Então, após breves palavras com sua mão, ele adentrou na escura dispensa e rapidamente juntou tudo que precisava, logo colocando num mochila maior e reiniciando sua corrida de volta até o campo de treinamento. Assim, passados mais alguns minutos, o genin surge na clareira onde se sentou ofegante à medida que olhava em volta à procura da vítima de seu machado. E não demorou muito para encontrar. Com grosso caule, uma velha árvore ressequida destoava do ambiente verde e úmido. -
Aquela lá... Urgh... servirá. - Disse em meio a fortes respirações.
Então, após alguns momentos de descanso, colheu seu machado na mochila e dirigiu-se até o local. Ficando a frente da árvore, Kimura fez força para atingi-la com os repetidos golpes do machado. Como tinha pouca prática, tentava acertar sempre no mesmo local até que começou a contá-la. Lascas de madeira voavam enquanto o suor do garoto pingava no solo. O ruído de sua respiração forte se confundia com o do vento que o refrescava à cada golpe. Sentia suas mãos aquecerem e doerem, num sinal que teria calos em breve. Mesmo assim, com a dor incômoda, continuou a machucar a madeira até que a árvore começou a pender e estalar em diversos rangidos fortes. Kimura rapidamente saltou lateralmente quando percebeu que a árvore quase lhe esmagara ao chocar-se com o chão. Assim, uma vez caída, o genin subiu sobre seu tronco e começou a cortar os galhos que atrapalhariam seus golpes em futuros treinos. Então, após mais de uma hora trabalhando na madeira, Kimura utilizou seu machado novamente, só que desta vez era para fazer o último corte, a fim de deixá-lo com a altura de seu antigo saco de pancadas. Novamente o silêncio foi rompido por diversos golpes de machado, e logo a madeira rangeu e quebrou. Neste momento, Kimura sentou-se exausto. Bebeu grandes goles em seu cantil e falou: -
Pronto, agora é só escolher o local certo para pendurá-lo. Uma hora de descanso depois...
A área escolhida ficava a cerca de dez metros à direta do lago. Era composta por imensos carvalhos secos com frondosos galhos que pareciam bem firmes no caule. O único problema é que teria que subir até grande altura para fixar a roldanas de sustentação. Então, resolvendo por à prova sua capacidade, decidiu arriscar-se. Dirigindo-se à sua mochila, pegou grandes pregos de metal, roldanas e as linhas shinobi. Retornando a árvore escolhida, Kimura concentrou seu chakra nos pés e num preciso Kinobiri, começou a escalá-la com lentos passos. A subida era difícil, já que segurava todo o equipamento com as mãos, restando suas pernas e seu controle de chakra para manter-se na subida. Não se contendo, ele fixou o pé esquerdo no tronco do carvalho e iniciou a perigosa subida. Nesse momento sentiu um calafrio, afinal, a altura estava aumentando e sentia medo de que perdesse o controle e despencasse lá de cima com pregos à mão. Passo a passo ele via o topo da árvore mais próximo. Mantendo sua concentração, logo chegou próximo ao topo, onde achou um grande galho que se estendia por cerca de cinco metros, beirando a margem da floresta. “
Esse é perfeito.” – Disse enquanto ficava de ponta cabeça para caminhar de cabeça para baixo até o meio do galho. Assim, ao chegar à metade do galho, retirou da mochila o martelo, o grande prego e a roldana.
Ainda mantendo o chakra concentrado nos pés para mantê-lo de cabeça para baixo, ele pôs o prego na roldana e com dificuldade começou a pregá-lo no galho com fortes golpes do martelo. Estava tenso em manter a flutuação certa de seu chakra, pois um deslize naquela altura seria fatal. E então, após mais alguns fortes golpes, para seu alívio, ele terminou de pregar a roldana. Passando a linha shinobi, ele prendeu o martelo à mochila e começou a descer o tronco da mesma forma que subira. Já estava suado e quando chegou ao chão, levou logo a linha shinobi e a passou pelo gancho já preso ao tronco que havia cortado anteriormente. Amarrando firmemente, Kimura foi até a outra ponta da linha, onde começou a puxar o fio para elevar o tronco até a altura perfeita para praticar taijutsus. Apoiando os pés no chão lamacento, Kimura focalizou seu chakra mais uma vez a fim de fixa-lo ao chão mais firmemente e começou a forçar seus braços. Não imaginava que o tronco pesaria tanto, não depois de ter instalado a roldana. Mesmo assim o tronco era muito pesado. E então, um breve pensamento de fracasso lhe passou pela cabeça, afinal, seria capaz de levantar aquilo? Entretanto, seu orgulho foi maior, forçando os braços ao máximo, eles retesaram do esforço. A forte puxada, seu suor pingava e a linha shinobi começava a escorregar. Assim, decidido a não recuar, enrolou a linha nas mãos e continuou.
Kimura gemia ao utilizar sua força. Suas pernas, presas pelo controle de chakra, começavam a fraquejar. Os fios shinobi começavam a machucar suas mãos de tão apertadas, fazendo seu sangue gotejar na lama. Mais um puxão, e outro e mais outro, até que após alguns minutos de pura luta, o genin desenrolou as linhas shinobi das mãos e as prendeu noutro tronco do lado oposto. A madeira balançou com o vento, ainda rangendo para equilibrar as forças entre a roldana e o grande carvalho. Exausto, ofegante e com as mãos ensanguentadas, Kimura desativou o kinobiri e sentou-se para descansar alguns minutos e só então foi até a mochila e fez alguns curativos para estancar o sangue. Sabia que se não cuidasse daquilo, ficaria permanentemente marcado. Entretanto, sorriu ao ver que seu novo saco de pancadas estava pronto e firme o suficiente para aguentar anos e anos de punição em seus treinos pesados. Assim, como já estava cansado e com o dia já em sua metade, decidiu por dar uma pausa no treino e preparar seu almoço. Kimura foi até sua mochila e procurou pelo depósito de comida, quando ficou mais uma vez surpreso com a grande refeição que sua mãe havia preparado. O genin olhou para os lados à procura de seu sensei, mas não havia nenhum sinal dele. Estranhou esse fato, já que sempre chegava naquela hora. Mas logo esqueceu quando terminou de almoçar e procurou a sombra das árvores para cochilar.
Na parte da tarde...
Já atrasado para continuar o treino. Havia dormido demais. Kimura então despejou a mochila na margem do lago e, para se aquecer do afiado frio, dirigiu-se até a área de alvos no declive esquerdo da região. Lá, plantados no solo, dezenas de alvos redondos de madeira aguardavam seus lançamentos. Assim, pondo-se de fronte aos alvos, Kimura rapidamente pôs a mão na pequena mochila presa à cintura, retirando três shurikens, e balançando o braço para frente, arremessou-os com toda força. Para sua alegria, a madeira do alvo estalou, havia acertado os três alvos com destreza. Então, forte vento gélido varreu algumas folhagens de outono levantando-as no ar. Kimura sorriu ao ter outra ideia: “As folhas seriam seus alvos”. Então, enquanto as folhas se precipitavam para o chão, o genin retirava repetidamente shurikens, kunais e senbous e os arremessava com força, mirando sempre naquelas que passavam à frente dos alvos de madeira. Para quem estava de fora, aquilo era bonito de se ver. Kimura balançava os braços tão rapidamente que eles cortavam o ar com um silvo abafado, enquanto os projéteis acertavam algumas vezes, ou erravam algumas vezes. Não eram arremessos perfeitos, mas melhorava a cada tentativa. O som cadenciado de todos esses arremessos ecoava na floresta tranquila. E assim, quando restava o último shuriken entre os dedos, Kimura o arremessou e este se cravou forte no alvo que balançava.
-
Pronto! - Gritou quando percebeu que já se aquecera. Então, forçando a movimentação em mais um shunshin, ele se pôs na frente do tronco pendurado e aproveitou a velocidade para levantar seu joelho numa forte joelhada. O estalo do tronco ecoou pelo campo, fazendo a madeira balançar erraticamente, pois o vento frio da tarde estava bastante forte. O genin sentiu certa dificuldade para defender-se, pois o vento atrapalhava a trajetória da madeira. Cruzando os antebraços à frente, ele conseguiu pará-lo. Entretanto, a força do choque de seus braços com o duro objeto causou vários hematomas doloridos. -
Ouch! - Reclamou. Foi então que Kimura parou para pensar se queria continuar ou não. Sabia que teria que ficar mais forte, pelo menos para sua própria saúde. Queria ser um grande ninja, e não seria uma mera madeira que iria pará-lo. Então, com diversos socos rápidos, Kimura fazia a madeira balançar e rapidamente retornar, quando efetuava outro chute e então agachava e realizava uma forte rasteira. Seu golpe passou por baixo do tronco levantando poeira. O objeto passou por cima de sua cabeça e retornou, assim, no momento exato do balanço, ele efetuou o Konoha Shofu num forte chute ascendente e logo recuou num salto onde encontrou uma árvore. Então, enquanto o tronco ainda estava no ar, Kimura quicou na árvore para ganhar energia. Suas pernas contraíram e distenderam quase que instantaneamente, dando-lhe grande velocidade.
Seu Baunsubaunsu lhe deu velocidade suficiente para atingir o tronco, e só então cruzou braços e pernas no objeto, levando-o ao solo. O tronco, por sua vez, não chegou até o chão. A linha shinobi esticou ao máximo, mas não rompeu. O ruído da madeira rangendo era ensurdecedor. Kimura desequilibrou-se quando o tronco escorregou para fora de seu abraço, mas antes que se machucasse seriamente, concentrou seu chakra fuuton nos pulmões ao mesmo tempo em que inspirava todo ar que conseguiu. E, fazendo o selo com as mãos, ele soprou um forte jato de ar. Seu “Fuuton: Kasui” foi tão forte que o arremessou de volta em direção à árvore de onde saltara. Assim, focalizou seu chakra nos pés, grudando-os na madeira e deslizando rapidamente até o chão onde efetuou um rolamento e caiu sentado. Estava suado, ofegante e exausto. Como sempre, os exercícios foram pesados. Além disso, a tarde já estava avançada, pois viu que o sol já estava se pondo. Assim, levantou-se com dificuldade, arrumou seu equipamento ninja e rumou pela estreita trilha que o levaria até Kirigakure, onde sua carinhosa mãe já o esperava com um ótimo jantar à mesa. -
Amanhã treinarei mais forte ainda. - Disse ao olhar pela última vez seu campo de treinamento.
FIM
![[Treino 14] - Kimura Endo - Trabalhando a Força. EJWNGUN](https://i.imgur.com/eJWNGUN.png)
Assunto: [Treino 14] - Kimura Endo - Trabalhando a Força. ![[Treino 14] - Kimura Endo - Trabalhando a Força. Icon_minitime](https://2img.net/i/fa/icon_minitime.gif){kind=icon}
Qui 31 maio 2012 - 11:59
, atualiza só ^^
