"Mais um dia..."
Um sopro de vento mais forte que o habitual abriu a janela do quarto, deixando que a água da chuva entrasse. Com a água a cair-lhe na face o jovem acordou, descobrindo a fonte do problema levantou-se e foi fechar a janela enquanto resmungava para si. Despois de se certificar que a janela não voltaria a abrir, voltou para a cama e foi enroscar-se de novo no quente dos cobertores.
Minutos mais tarde levantou-se, quando o seu relógio deu início à música do despertador indicando que chegara a altura de parar de dormir. Espreguiçou-se como que despedindo-se da sua cama e depois deu dez saltos, como já fazia de hábito, para tentar libertar-se do estado de ensonado. Ainda a cambalear pegou no relógio para ver que dia era. “Mais um dia …” pensou enquanto pousava o relógio e se dirigia para o roupeiro. Abriu-o e viu a fita azul que continha uma placa de metal onde estavam desenhadas quatro retas paralelas na vertical, a insígnia da sua vila, Amegakure. “Mas que…?”Começou por pensar, mas depois tudo se esclarecera. “Há ya, é verdade” Como poderia ter-se esquecido? Ontem formara-se na Academia Ninja e hoje era o seu primeiro dia como verdadeiro ninja. Entusiasmado pegou no Hitaite, arrastou o cabelo da testa para o lado e atou-a à volta da cabeça. Sentiu-se maravilhado quando olhou para o espelho e viu na sua testa o mesmo objeto que vários ninjas daquela vila usavam todos os dias. Isso fê-lo sentir-se importante, mas rapidamente abandonou essa ideia porque ele não fora o único a passar no exame final da Academia Ninja. Apesar daquilo tudo achava que o novo acessório lhe assentava mal no seu “estilo”.
Minutos depois, vestido e pronto para o novo dia, Kazuishi abandonou o seu quarto e dirigiu-se à cozinha pronto para tomar o seu pequeno-almoço. Ao chegar à cozinha viu sua mãe a preparar a sua comida e a de seu filho.
- Bom dia. - Disse ele sentando-se na mesa.
- Bom dia. - Disse ela servindo-lhe cereais para comer.
Kazuishi e Mahare viviam sozinhos naquela pequena casa, mas nem sempre fora assim. Há alguns anos atrás uma voz muito mais grave percorria as paredes daquela casa todos os dias, o soalho rangia mais fortemente e a despensa esvaziava-se muito mais rapidamente. Já lá vão dez anos desde que os seus pais se separaram. Apesar de Kazuishi ir todos os fins-de-semana à casa do seu progenitor, que fica numa vila agrícola próxima de Amegakure, ele não se lembra deste a viver em casa juntamente com sua mãe. Refletindo bem, nunca vira seus pais falarem de alguma coisa em conjunto sem que fosse do seu filho.
Ao contrário de sua mãe, Hotoshi fora um ninja e se não fosse ele, Kazuishi nunca teria entrado para a Academia. Naquela altura o jovem não sabia o que queria seguir no futuro, e fora o seu pai que o convencera a optar pelo mundo shinobi. Ainda costuma questionar-se se tornar-se ninja era mesmo aquilo que queria, e chegou à conclusão que, apesar de não gostar muito de vir a ser ninja, preferia sê-lo em vez de comerciante, cozinheiro, agricultor ou qualquer outra profissão. Então gostava de pensar que fizera a escolha acertada. Uma questão com que se debatera fortemente era sobre o que haveria de fazer quando se graduasse ninja, à qual o seu pai respondeu dizendo que haveria sempre missões e tarefas à sua espera para ele as realizar, e quando isso não chegasse ele poderia sempre treinar para melhorar ou aprender técnicas. Ele gostava de seu pai, pois sempre que tinha alguma duvida ele esclarecia-a, parecia ter respostar para tudo, e também adorava praticar com ele alguns novos jutsus.
Kazuishi acabou de comer o seu pequeno-almoço e foi então arrumar a loiça e o pacote de cereais. Durante a refeição estivera a falar com a sua mãe sobre o facto de ele agora ser ninja e do que esperaria na Academia Ninja daqui a alguns minutos quando lá chegasse.
Saindo da cozinha voltou para o quarto onde se deitou na cama a pensar sobre o que iria fazer hoje na Academia. Permaneceu imóvel e com o olhar carregado no teto, enquanto a chuva lá fora ia correndo. Depois puxou o braço esquerdo até ao nível dos seus olhos e ao arregaçar a manga do braço olhou para o relógio e viu que já estava atrasado. Levantou-se num rápido e pensou se estaria alguma coisa em falta que tivesse de levar. Acabando por não levar nada consigo, o jovem saiu do quarto e atravessou o corredor da casa. Enquanto se dirigia ao hall de entrada despediu-se de sua mãe. Pegou na sua capa preta que usava sempre contra a chuva e vestiu-a. Depois de estar totalmente coberto pela superfície preta impermeável, apenas com os pés e a cara de fora, abriu a porta de casa e saiu para o estreito corredor do décimo segundo piso.
Atravessando o corredor passou em frente aos apartamentos dos seus vizinhos e o elevador, poderia usar o elevador, mas achava que era uma perda de tempo. Pois o tempo que o elevador demorava para subir ate ao décimo segundo andar e voltar a descer, demorava mais do que simplesmente descendo pelas escadas. No final do corredor deu com a escadaria que ligavam o edifício de cima a baixo. De degrau em degrau foi descendo pelo prédio, passando pelos vários pisos. Abandonou a escada quando chegara ao rés-do-chão onde foi encontrar a porta que dava acesso para a rua. Ao abri-la sentiu o ar frio a envolver-lhe os pulmões e também um pouco da chuva que lhe chegava aos joelhos em salpicos. Saiu do prédio deixando bater a porta atrás de si, enquanto era absorvido pela chuva. Com um passo acelerado foi percorrendo as ruas, apenas prestando atenção para o rumo que tomava.
A meio do percurso teve de alterar um pouco o seu trajeto, pois uma rua estava apinhada de pessoas devido a uma coluna de vigas metálicas que se soltara de um prédio e parecia ter atingido alguém quando caiu. Enquanto ia pelo novo trajeto definido, viu algo que lhe cativou a atenção, uma espécie de ginásio de Kenjutsu, mas como estava sem tempo logo retomou o passo. “Talvez um dia destes passe por aqui.”
É verdade, Kazuishi tinha um grande fascínio por armas e tudo que as envolva. Lembrava-se de quando estava na casa de seu pai e ficava horas a olhar para coleção de armas que este tinha. Apesar de não serem em grande quantidade, as armas que Hotoshi possui são muito diferentes das normais que via os ninjas da vila a usar e, por isso é que o rapaz adorava vê-las.
Sem mais problemas no seu encalço chegou à Academia sem demoras.
Continua..._________________________________
Filler sem ação, apenas para explicar um pouco a maneira de ser de Kazuishi e o ambiente em que vive.