Uma montanha majestosa cercava o local por completo, olhou para cima e estas eram tão crescentes que pareciam fundir-se com o céu. No planalto erguiam-se fantasiosas ramagens verdes, pintadas por janelas quadradas, estas ramagens eram habitações daquela vila pacata. As ruas desta vila eram ornamentadas com distintas árvores de cerejeira que preenchiam a tonalidade da vila de cor-de-rosa. Mais ao fundo, uma outra edificação, estilo oriental com as arestas dos telhados a acabarem em bicos ondulados. Na entrada daquele palácio oriental estava um lagarto, não mais que um metro e meio, de pé na escadaria com um robe de seda verde a olhar para Habaki Nagatsu que acabava de ser invocado para ali mesmo.
─ Depressa, depressa. Tenho de informar o conselheiro que me invocas-te. – Dizia o pequeno lagarto que havia invocado o nukenin de cabelos escuros.
─ Jijo, o que se passa? – Continuava o Habaki a insistir nesta pergunta que tanto precisava de uma resposta. Sem resposta limitou-se a seguir o amigo lagarto. Atravessaram a estrada ladeada por árvores de cerejeira com magnificas flores rosa, em direcção ao lagarto nas escadas.
─ Conselheiro-sama... O Habaki Nagatsu conseguiu-me invocar, temos de falar urgentemente com o Tokage Sannin.
─ É este o jovem? – Inquiriu o lagarto de barba branca.
─ Este mesmo, Conselheiro-sama.
O lagarto conselheiro retirou da algibeira uma folha em forma de funil com um fio negro e rugoso atrelado, começou a falar para dentro do buraco da folha e mandou à voz do outro lado ir imediatamente para a sala de reuniões. A voz prontamente respondeu que sim.
Uma luz amarela num candelabro de vidro talhado a ouro com uma vela acesa no centro iluminava a sala, escura e fechada, com uma mesa redonda no centro onde se reuniam algumas pessoas. Num dos sítios de costas voltadas para a porta de saída da sala, encontrava-se Nagatsu sentado. Na sua dianteira tinha o Tokage Sannin, velho lagarto com dois cachimbos a fumegar e uma barba longa, a seu lado o Conselheiro, no outro lado havia Tokamaru, provavelmente o maior lagarto de todos, com uma moca de espinhos presa nas costas. A chama da vela sentiu uma leve brisa e fez a iluminação da sala tremer, no exacto momento em que o Conselheiro começou a falar.
─ Tokage-sama, o que todos queríamos aconteceu de facto. O jovem Nagatsu conseguiu invocar um dos lagartos e assim conseguimos ter a certeza que o podíamos invocar para o nosso Reino sem que este sofresse algum tipo de dano.
─ Estou a ver. Isso é uma muito boa noticia, mas penso que deveríamos explicar o porquê ao Nagatsu, o rapaz está com uma cara de total surpresa. – Disse o lagarto com voz rouca, grave, cansada. – Jijo, conta tu, visto que eras tu que lá estavas.
─ Contar o quê? Mas que raios se passa? – Perguntava Nagatsu cada vez mais perturbado.
─ Calma Nagatsu. – Interrompeu Jijo. – Lembras-te de quando assinas-te o contrato connosco? Pois bem, tiveste que ir ao reino das Três Ondas porque alguém te queria matar. Esse alguém não era a tua avó como todos pensávamos, apenas eu sei quem foi, porque eu vi.
─ O quê, não foi plano da minha avó?
─ Nada mesmo, mas deixa-me continuar. – Pediu-lhe o Jijo. – Duas das bolas de cristal que continham os nossos reinos chegaram mesmo a ser destruídas assim como as nossas casas. Tivemos de nos refugiar no terceiro, que por engano não foi destruído. O Sukiro e o teu mestre Katsumoto queriam o teu mal não sabemos porque razão, mas eles queriam-te morto e destruíram as bolas. Acontece que mesmo que tenhamos fugido para o terceiro reino, a cada invocação que fazes à cerca de 66 por cento de probabilidades de morreres e 33 por centro de invocares.
─ O Katsumoto-senpai? – Nagatsu faleceu em lágrimas. – Mas porquê, porquê? Graaaaaaa. – Gritou o jovem em fúria.
─ Acalma-te Nagatsu, temos de o parar agora, enquanto podemos, depois disso temos de arranjar um novo sítio para habitar-mos sem corrermos o risco de morreres ao tentar invocar-nos.
─ Não é preciso impedi-lo Jijo. – Disse o Tokage Sannin. – Eu falei com um shinobi de Kumo por intermédio das folhas mensageiras, a Taka, a tua sensei e namorada matou-o a meu pedido Nagatsu, desculpa.
─ Verdade? – Nagatsu recuperou as lágrimas esquecendo por parte Katsumoto e voltando a ter esperanças em Taka e no amor que os dois sentiam. – Mas se conseguiam comunicar com a Taka porque não comunicaram comigo directamente?
─ Pois, as folhas mensageiras estão no Jardim Lagarto em Kumo, são de uma árvore bastante rara e que se encontra protegida. – Adiantou o Conselheiro. - Se eu escrever uma mensagem numa das folhas aqui no reino ela é escrita exactamente ao mesmo tempo numa folha dessa árvore em Kumo. A Taka sabia disto e visitava todos os dias o jardim.
─ Ela já suspeitava de algo. – Interrompeu Tokamaru.
─ Exacto, e um dia ela escreveu-nos à procura de resposta. Um dos nossos que se encontrava no turno de guardar a nossa árvore leu e desde logo comunicou comigo. – Disse o Conselheiro. – A partir daí é fácil perceberes o que aconteceu.
─ Sinto-me aliviado. – Pensou Nagatsu. – Taka!.
─ Precisamos de um sitio em que possamos viver protegidos e ao mesmo tempo um sítio em que tu nos possas invocar.