Karui – Treino 1
'Preparação do Assalto’
-- Tens de ser mais rápido. - Gritava-me Arata.
Dei por mim a insistir ao máximo pelas minhas pernas, mais do que achei que podia dar. Com os músculos a latejar, senti-a a meu lado e depois atrás de mim. Ultrapassei-a na recta final acabando por lhe vencer a corrida com a motivação que ela própria me tinha dado. Encarei Arata e sorri com provocação, muita provocação. Ela ficou visivelmente perturbada.
-- Ai é assim que tu queres, está bem! - Percebi que o treino ia ser dificil, mas lá no fundo sei que tenho de estar preparado para o assalto. - Mostra-me como fazes clones.
Aí estava algo que gostava de tentar, há vários dias que não usava um técnica ninja, já tinha saudades. Afinal de contas foi para ser ninja que nasci. Rapidamente concentrei algum chakra nas minhas mãos e formei um par de selos com alguma destreza, de seguida espalhei a minha energia para o corpo e pronunciei o nome da técnica. Nesse instante surgiram duas réplicas a meu lado, prontas para fazerem o que lhes mandasse.
-- Muito bem. Vamos ver como de safas desta. - Disse Arata.
Atirou-me um par de kunais pelo ar. O meu instinto tirou o arco do seu sítio e pegou em duas setas. Prendi ambas entre os dedos ao mesmo tempo e num rápido disparo elas escaparam dos meus dedos apenas para se cruzarem com as armas. O mais estranho é que apesar de lhes acertarem em cheios, as kunais nem se mexeram, como se as setas as tivessem trespassado.
-- Genjutsu! - Sorri.
Nesse mesmo instante foquei-me na minha energia, paralizando a circulação do meu chakra. Desse modo a técnica ilusória iria parar também. E parou. Arata olhou para mim e pareceu estar ligeiramente mais furiosa do que anteriormente, temia que ela se fosse passar e disparar kunais verdadeiras aos melhos contra mim.
-- Karui! - Gritou. - Tens de estar pronto amanhã!
Não sei quantas mais provas ela queria. Só sei que o meu pesadêlo tornara-se realidade e a imensidão de kunais saltou contra mim. O meu arco já estava na minha mão, foi só pegar numa flecha e atira-la, desviei uma delas sem influência algumas. Comecei a sentir várias lâminas a rasgarem-me a pele com dor. Os cortes começavam a ser visiveis, e a dor insuportável, até que me coloquei na posição fetal e deitei-me de costas para me defender dos projecteis.
-- Já chega! - Rendi-me e ela parou exactamente no momento em que falei.
Voltei a colocar-me de pé, mas fiquei boqueaberto. A Arata tinha desaparecido, olhei para a esquerda e levei um murro em cheio. Antes de cair no chão ela puchou-me pela gola da t-shirt e colocou a minha cara a milimetros da sua. Adoro o cheiro dela, já o tenho na memória à algum tempo, e adoro senti-lo.
-- Fazes o que eu quiser, reparaste? - Disse-me ela ao ouvido.
Quando me ia beijar a testa, puf, uma nuvem branca. O meu clone tinha desaparecido e vi novamente a irritação nos seus olhos, do seu lado esquerdo. Concentrei o meu chakra por todo o corpo e com um movimento ágil movi-me para junto dela, usando o Shunshin no Jutsu. Com o meu punho direito dei-lhe um soco ligeiro, para não a magoar. Saltei para trás com um mortal e ainda no ar armei uma seta pronta a invadir-lhe o coração. Ela recuperou e desviou-o com uma adaga que trazia sempre no bolso.
-- Vá chega. - Pedi-lhe. - Quero preparar-me para amanhã, não para lutar contigo.
-- Ah, assim gosto mais de ti Karui. - Disse-me mais relaxada. - Toma esta mochila, concentra o chakra nos pés e sobe a árvore com ela. Vais precisar muito do Kinobiri amanhã.
Fiz exactamente o que ela disse. Peguei na mochila, com muita dificuldade, caramba aquilo devia pesar uns noventa quilos, sem exagero. Pu-la às costas e depois caminhei vagarosamente para uma árvore. Deixei fluir o chakra até aos pés e mantive-o lá, mesmo na planta. Comecei a trepar a árvore com facilidade aparente, até que caí no chão, pois ao ficar paralelo com o solo não aguentei o peso da mochila e acabei mesmo por me estatelar. Nem olhei para a Arata, voltei logo a trepar. Deixei os chakras concentrados ao máximo nos pés e abstive-me de tudo, nem sons ouvia. Subi a árvore, e fui subindo até chegar ao topo.
-- Não está mau, amanhã vais precisar bastante disto e depois vais perceber porquê.
-- Ok, ok. Chata. - Disse quase sussurando.
-- O quê?!