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Filler 1
Solidão
O Sol já ia alto quando Ken acordou. Olhou para o relógio e o seu coração deu um pulo. Dez e meia! O seu irmão ia matá-lo. Vestiu-se como que a correr e desceu para cozinha. Para seu alívio, Kiho não estava em casa. Ken suspirou. O sermão ficara adiado para mais logo. Serviu-se de uma fatia de pão, calçou-se e quando ia para sair de casa, esbarrou com o seu irmão.
-Tem cuidado! – Resmungou Kiho, impacientemente.
-E tu vê lá se tens calma – retorquiu Ken, com ferocidade – Não te matei, pois não? Já agora, onde foste?
-Fui ver se havia missões para mim… - respondeu ele, entrando em casa.
Ken resolveu segui-lo, porque já fazia muito tempo que estava para o tentar convencer a fazer uma coisa.
-Olha… - começou Ken, timidamente – Eu gostava de te pedir para me acompanhares e me treinares hoje.
-Desculpa? – Perguntou Kiho, surpreendido com aquela pergunta.
-Tu sabes… Ajudar-me e corrigir-me… - murmurou Ken, já um pouco embaraçado.
-Agora não tenho tempo. – retorquiu Kiho, bruscamente.
-Muito bem… Vou sair – disse Ken, em tom magoado.
Antes que Kiho pudesse dizer alguma coisa, Ken saiu de casa a correr. Continuou a correr durante uns metros, até parar e se sentar pesadamente contra uma árvore. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, começou a chorar compulsivamente. Fora sempre muito mimado, e desde a morte da sua avó, que ficara ainda mais sensível. Quando parou de chorar, pensou no seu irmão. Desde que fizera, com sucesso, aquela missão de Rank S, ficara ainda mais convencido e viciado em missões. Agora não parava em casa, e quando tinha um daqueles raros tempos livres, limitava-se a treinar sem parar, mal parando para comer decentemente. Ken sentia saudades de quando Kiho o acompanhava para detrás da maior clareira de Iwa, e lá o treinava durante horas, tecendo críticas e elogios. Agora nem isso fazia.
Ken levantou-se e seguiu para a tal clareira. Apetecia-lhe chorar mais, mas conteve-se. Apercebeu-se de uma coisa. Ele era como um renegado. Não tinha um único amigo, e só agora se apercebia. Ken sabia-o, porque quando se graduara Gennin, ninguém, incluindo o seu próprio irmão, lhe tinha dado os parabéns. E foi com pensamentos estranhos, que a tarde ia passando. A clareira estava silenciosa, à excepção de um ou outro ruído abafado, produzido talvez por animais. Apesar de ter dormido até tarde, Ken adormeceu, devido à excitação e tristeza daquela tarde. Foi acordado uns momentos depois por uns ruídos que pareciam vir do interior da terra. Ele sabia do que se tratava. Era aquele ninjutsu do elemento Doton, que Kiho lhe tinha falado. O Shinobi andava debaixo da terra. Levantou-se de um salto, mas já não foi a tempo. Mal se tinha levantado, ouviu uma voz cavernosa pronunciar:
- Katon – Kanhoudan!
Ken desviou-se a tempo de ver uma espécie de fumo a passar por ele. Mal o fumo tocou na árvore que se encontrava atrás de Ken, ela incendiou-se instantaneamente. Ken ficou deveras assustado, visto que aquele shinobi era certamente um chuunin ou talvez mesmo um Jounin. Mas, Ken não se achava cobarde. Mesmo que morre-se, ele ia dar luta. Levantou os punhos, pronto para se defender, mas o outro shinobi não queria lutar corpo-a-corpo. Queria apenas matá-lo.
-Tu aí – disse o estranho de repente, fazendo Ken dar um salto. – Entrega todo o dinheiro que tiveres contigo e eu talvez não te magoe… Muito – completou ele, com um sorriso grande, mostrando os dentes podres.
-Em vez de me ameaçares, porquê que não lavas os dentes? – Perguntou Ken, cerrando os olhos de concentração.
E antes que o seu oponente pudesse dizer o que quer que fosse, pronunciou:
- Fuuton: Toppa!
Ken reparou que tinha o factor surpresa do seu lado, porque via-se no olhar do seu oponente, que não tinha a noção que estava a lidar com um shinobi. Ficou tão surpreso com aquele jutsu vindo de um canalha, que por momentos ficou estático a olhar para Ken. Tanto tempo que levou com a pequena explosão de vento em cheio no peito. Era uma explosão tão pateticamente fraca, que ele nem chegou a cair ao chão. Depois de se recompor da surpresa, não pôde deixar de sorrir. Era certo que aquele rapazinho não passava de um Gennin fraco, talvez um estudante de academia. Bastava um pequeno jutsu de ataque, para mandar aquele rapaz para o Inferno. Aclarou a garganta, fez os selos necessários e aclamou:
-Katon – Goukakyuu no jutsu- incendiando propositadamente uma outra árvore, novamente atrás de Ken.
Este sorriu, porque não sabia que o oponente tinha acertado na árvore de propósito.
-Bravo. Tens uma pontaria patética! – exclamou, para arreliar o seu adversário
-Bem, – respondeu o adversário, muito calmamente – eu cá não acho!
E, dito isto, deu um grande salto e caiu mesmo à frente de Ken. Este ainda tentou dar-lhe um soco, mas o oponente agarrou-lhe o pulso, e torceu-o até o partir. Ken gritou de dor, enquanto o seu adversário gritava:
-Vemo-nos no Inferno, miúdo – atirou ele a Ken.
Mal acabou de dizer isto, acertou com um potente pontapé no nariz de Ken, atirando-o para a árvore em chamas. Ken não tinha forças, mas ao sentir o calor sufocante e as suas costas queimarem-se, rebolou para fora das chamas. Quase a desmaiar de dor, ouviu uma voz. Uma voz diferente de todas as outras que tinha ouvido durante esse dia. Uma voz que gritou:
-Fuuton – Shinkugyoku!
Depois de ouvir essa voz, ouviu gritos horripilantes, de alguém que sofre de grandes dores. Esses gritos vinham do seu oponente. Logo a seguir, ouviu passos e antes de desmaiar, viu uma silhueta a debruçar-se sobre ele.
Quando Ken acordou, doía-lhe o corpo todo. Sentou-se e viu que estava em segurança no seu quarto, em sua casa. Tentou levantar-se, mas ainda não tinha forças para isso. Optou por chamar pelo seu irmão. Pouco tempo depois, ouviu passos apressados a subir as escadas, e o seu irmão apareceu ofegante.
-Passa-se alguma coisa? – perguntou ele, com um tom de voz preocupado.
-Não, nada. Só gostava de saber o que se passou. Foste tu que me salvou? – perguntou Ken, esperançado.
-Claro. Gostas-te do jutsu que tenho andado a treinar? – perguntou ele, em tom convencido, enquanto se sentava na cama de Ken.
-Não reparei como ficou o gajo. Quem era? – quis saber Ken
-Boa pergunta. Mas era de certeza um chuunin. Se eu não tivesse aparecido, a esta altura estarias morto. – fez notar Kiho, de novo em tom convencido. – E prometo que quando recuperares, te levo a treinar esse Taijutsu que está uma vergonha.
E dito isto, saiu do quarto, deixando Ken a tentar levantar-se.